Nunca vez verdadeiramente parte das minhas preferências e só a via de forma muito ocasional (estava no início da idade adulta, a TV era menos prioritária do que outros apelos) e com alguma condescendência. Mas não posso negar que ficou no meu imaginário pelo modo como com dois fósforos e um rolo papel higiénico ou uma pastilha se conseguia quase tudo, de abrir um cofre a alterar o trajecto de um míssil. Vista mais tarde, com outro olhar, fica o aspecto paródico, mas com alguma nostalgia pela relativa ingenuidade dos enredos. E se formos comprar com aquela atroz versão mais recente quase que parece uma obra-prima.
Dia: 14 de Julho, 2021
Sou Tão Velho, Mas Tão Velho…
… que os secretários eram ajudantes de ministro e iam ao Parlamento explicar as políticas dos “superiores”. Ainda me lembro do Casanova, todo engasgado quando o Crato, em plena comissão parlamentar, lhe passava a palavra para detalhar qualquer coisa. Nos dias hiper-modernos que correm, o partido do Governo chama ao Parlamento o ministro para fazer a propaganda de políticas que são quase todas assinadas pelo secretário, em que foram delegados quase plenos poderes (menos os de “representação” em eventos desportivos).
Pode Ser Coincidência
Parecer Da SPM Sobre O Exame De Matemática A – 1.ª fase
4ª Feira
Há muitos anos que se ouvem críticas ao modelo de ingresso no Ensino Superior e ao peso dos exames no processo. E nada de relevante é feito para alterar essa situação. Pessoalmente, acho que o modelo não tem assim tantos defeitos, porque eu não sei bem como seria, por cá, um modelo de ingresso baseado em exames e entrevistas feitas pelas próprias instituições do Ensino Superior. Por maus que sejam, os exames são um facto de regulação externa aos compadrios.
O problema é que, em especial nos últimos anos do Santo Iavé Autónomo, se sucedem as falhas, imprecisões, erros, ziguezagues na concepção de vários exames. Que se diz estarem a cargo de “equipas de especialistas”. Não sei se é bem assim e só o poderia saber se as coisas fossem mais transparentes, desde logo através, no mínimo, do conhecimento público dos coordenadores das tais “equipas de especialistas”. Porque é demasiado mau ter um par de exames para fazer por ano e fazer asneira, maior ou menor, quase todos os anos.
Porque aquela parte da necessidade de privacidade dos tais “especialistas” só funciona em parte, pois nas respectivas escolas (e ao redor) há quem não se exima a dar a conhecer o seu “estatuto”. Há uma boa meia dúzia de anos tive um colega contratado que no anterior estivera numa daquelas escolas onde parecem concentrar-se vários desses “especialistas”. Os quais não faziam qualquer esforço para que não se soubesse que o eram e até gostavam de partilhar o seu saber com quem os rodeava.
Uma das suas teorias – bem notória na evolução dos critérios de classificação dos exames de História e não só – é que os “itens” devem ter valores muito aproximados ou mesmo iguais, independentemente da sua tipologia. O que significa que uma escolha múltipla vale pouco menos do que desenvolver um tema com recurso a documentos e relacionamento de tópicos de resposta. O que, por muito que digam que é uma tese desenvolvida a partir de “investigação, é idiota e não consigo expressar a minha ideia de forma mais “sensível”. O exame de História A deste ano é um bom exemplo deste tipo de “lógica” que eleva a mera operação de identificação de algo correcto à análise crítica de vários factores.
Pior mesmo, só aquele hábito de algumas equipas “inovarem” de um ano para o outro, como se andassem a brincar com alunos, professores e famílias. É o caso do exame de Matemática A deste ano, que também foi de pandemia. Se no ano passado se percebiam algumas alterações, este ano houve uma espécie de excesso de zelo. e eu gostava de saber quem toma estas decisões, porque a desresponsabilização é a regra nestes casos. Desvaloriza-se o erro, afirma-se que há “leituras” diferentes das questões, relativiza-se tudo, adaptam-se critérios às escondidas, os de cima dizem que não foram eles a fazer, os de baixo nem sabemos quem são. Ninguém, nunca, é publicamente reconhecido como culpado e acredito que todos se auto-avaliam como excelentes no seu desempenho.
Claro que há sempre espaço para teorias conspirativas como aquelas que levantam a suspeita destas “equipas” serem constituídas na base dos contactos amiguistas e da “especialização” raramente ser na área científica da disciplina, mas sim em “teorias da avaliação”. Pior pode ser mesmo a suspeita de que quem faz em privado alguns destes exames ser publicamente contra a sua existência.
Por isso, um mínimo de decência e ética exigiria que este fosse um processo transparente. Não é e ninguém com responsabilidades parece interessado em que o seja. Depois acontecem “anomalias”, como colocar como obrigatórias questões sobre autores de leccionação facultativa (exame de Português A)