Vivem-se realmente dias de maravilhas sem fim. Ontem, o ministro Cabrita queixava-se do Sporting não ter colaborado, ao não fornecer os elementos alegadamente solicitados, numa investigação. E conseguiu falar com ar sério, aborrecido, como num bom número de stand up. Claro que já foi desmentido, mas ele é o mai’lindo do primeiro Costa, portanto, fazia parte do acto.
Entretanto, algumas almas voltam a agitar-se com a crise humanitária da ditadura cubana, sem que digam grande coisa acerca do caos democrático na África do Sul. De novo, tais almas falam com a indignação própria dos bons comediantes. Então sobre a Guiné, nem uma palavra. Se colocarem no Google “Guiné, protestos”, os primeiros links são quase todos da Deutsche Welle.
Chegou (alguma vez terá terminado?) a silly season.
Guiné e África do Sul configuram problemáticas sem comparação possível com a situação de Cuba.
A libertação do povo cubano urge e pode acontecer já.
Não chegam mais de sessenta anos de repressão socialista?
“Regressando a Cuba, salvo seja, a brutal hipocrisia da esquerda não sobrevive ao Teste da Jangada. Não é um teste complicado. De um lado, temos um país de onde as pessoas fogem em condições pavorosas da prisão provável e da indigência garantida. Do outro, temos um país que os recebe e lhes permite prosperar de acordo com o seu empenho, a sua habilidade ou a sua sorte. Adivinhem qual o país que a esquerda adora e qual o que a esquerda abomina (para os idiotas terminais, esclareço que o ponto de origem é Havana é o ponto de chegada é Miami – apesar das bazófias, nem idiotas terminais fariam o percurso inverso). O teste não termina aqui. Visto que falamos de refugiados, infelizes ao Deus dará que no “contexto” correcto encheriam as manchetes com sentimentalismo, é de presumir que a esquerda demonstre ao menos um vestígio de apreço pela sociedade que os acolhe e, por coerência, condene a sociedade que os afugentou. Nada disso. A esquerda detesta com indisfarçado vigor os cubanos da Flórida, na medida em que a liberdade de que beneficiam na América torna mais evidente a falta de liberdade em Cuba. Nas Caraíbas e em toda a parte, o pobre deixa de ser útil para a esquerda quando deixa de ser pobre. O Teste da Jangada não se limita a revelar hipocrisia: revela os abismos de selvajaria a que a humanidade pode descer”.
https://observador.pt/opiniao/o-esquerdismo-e-um-crime-de-odio/
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Não chega de tentativas de golpes financiados pela CIA e de um embargo económico criminoso promovido pelo imperialismo dos EUA, apenas suportado por aquele Estado campeão dos Direitos Humanos, que é Israel?
Não, Alecrom, não tenho a sua visão a preto e branco, mas invertida. Saudaria uma democratização de Cuba (o que não é, de modo nenhum, equivalente à entrada do capitalismo desenfreado no país), mas não me parece que será com qualquer fantoche americano, ao jeito de Guaidó, que a coisa melhorará para o povo cubano.
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Agradeço a resposta.
O contraste das nossas perspectivas certamente ajudará os indecisos ou os desinteressados a pensarem no assunto
Prisioneiros políticos?
Partido único?
Censura?
Liberdade de associação?
Liberdade de deslocação?
Propriedade privada?
Liberdade de manifestação?
Liberdade de expressão?
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Falar com ar sério …
Preferível escutar com ar de gozo.
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