Nunca fui sócio da Associação dos Professores de História, mesmo quando colaborei com textos para o seu site há uns bons anos. Não sei se de acordo com certas “lógicas” poderei criticar a enorme hipocrisia da actual direcção da APH em relação à “situação do ensino da História”. Mas é disso que se trata. Houve quem colaborasse de forma activa e empenhada, até subscrevendo abaixo-assinados próprios de vassalos, na altura em que acharam que a flexibilidade curricular estava em risco, com o estraçalhamento do ensino da História no Ensino Básico. Agora, dizem que desde 2018 que não sei o quê, não sei que mais. É tudo treta. Houve quem estivesse mais preocupado em arranjar contratos para fazer manuais, com o “crédito” de estar no inner circle das AE (que são uma aberração, desde o 7º ano, uma verdadeira destruição de qualquer possibilidade de compreensão histórica em diacronia ou sincronia). Desde 2017 (e antes) houve quem tivesse avisado para o que já se estava a passar. Mas nem se dignaram responder, mesmo quando pediam para divulgar as suas posições, ou deram respostas públicas de arrogância imensa.
O ensino da História no Ensino Básico está reduzido a fatias de 90 minutos semanais (ou 2×50) em grande número das escolas, para dar espaço à disciplina dilecta de um governante. Consta que o “pai” da disciplina prometeu coisas à APH e não cumpriu.
Em Julho de 2017, foi-me reencaminhado o seguinte mail:
Caros associados:
Em audiência concedida à APH e à APG no dia 17 de julho pelo Sr. Secretário de Estado, João Miguel Marques da Costa, foi-nos confirmado que o tempo máximo semanal estipulado para a lecionação da nova disciplina de Cidadania e Desenvolvimento é de vinte e cinco minutos. Ambas as associações solicitaram ao Sr. Secretário de Estado para que se proceda a uma retificação do despacho 5908/2017, colocando-se aí, de forma explícita, essa informação, de forma a não dar origem a interpretações menos corretas por parte das escolas, nomeadamente retirando tempos de lecionação à disciplina de HGP ou de História.
A direção da APH
A verdade é que depois do apoio acrítico a boa parte das políticas do SE Costa nos primeiros anos do mandato anterior, alguém na APH abriu os olhos. Abriu tarde. E não abriu mais cedo porque não quis. As razões porque não quis escapam-me e não quero entrar em grandes teorizações acerca disso. A ver vamos se percebem que a História está a ir pelo caminho da Filosofia, sendo ambas consideradas algo anacrónicas para os “modernizadores do currículo”. Se os representantes dos professores de algumas disciplinas, em especial na área das Humanidades, se preocupam mais com outras questões do que em defender o ensino dessas disciplinas e dos respectivos professores não venham depois carpir mágoas.
Há muita gente boa na APH e nos corpos sociais tenho várias pessoas amigas. Lamento.
👏👏👏👏👏
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Este esquema que está montado só se dá a isto: NEPOTISMO.
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Bravo!
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Respondi ao inquérito da APH embora também não seja sócia.
Nunca tivemos tanta carga letiva como agora. Com 30 anos de idade tive no máximo 6/7turmas , quando lecionava somente 3º ciclo+ DT+ delegada de grupo= 22 horas. E as turmas eram de 30 alunos.
Nos dias de hoje, no agrupamento, com os 50 minutos, ficaram 2 tempos para todo o 3º ciclo.
Resultado dos horários: com 59 anos tenho tido 9 turmas…. sim 2 tempos X 9 turmas = 18 horas=216 alunos e mais 4 t de apoios , tutorias na componente não letiva.
Nem direito a cidadania … que é dada, muitas vezes, a outros grupos disciplinares que nem sempre pertencem ao Departamento de Ciências Sociais e Humanas.
O resultado desta situação tem sido o fecho de horários em muitos agrupamentos e excesso de trabalho para quem está.
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Apagar a História! É disso que se trata.
Bela auto-estrada para novos Estalines e Mussolinis, sejam reais, com maior ou menor capacidade de enganar, quer sejam algoritmos de ação de fabrico artificial/virtual.
Entregar essa coisa que não é peixe nem carne e que dá pelo nome de Cidadania a grupos sem formação em História é distorcer perigosamente o acto de ser cidadão.
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