Na onda dos desagravos publicados acerca dos resultados obtidos pelas escolas TEIP, surgiu ontem prosa de duas “consultoras com uma larga experiência de trabalho com estas e outras escolas, noutros programas e noutros projetos”, de seu nome Ariana Cosme e recusamos qualquer abordagem linear e algoritmizada do trabalho que se realiza em tais contextos escolaresDaniela Ferreira. Por uma questão de rigor é bom que se refira que a primeira é efectivamente uma das cortesãs habituais dos costismo educacional, mas a segunda é ainda uma jovem com largo caminho a decorrer, mesmo se promissor pelo currículo “a decorrer”.
Quanto à substância, nada contra as escolas TEIP e quem lá trabalha, apenas algumas reservas quanto a quem vive à conta delas em regime de consultoria alongada. Porque o que a doutora Ariana Cosme parece não perceber é que as últimas pessoas confiáveis em relação à avaliação de um projecto são aquelas que deles dependem como “consultoras”. Vamos esperar que quem está na origem de certos “projectos” e se alimenta deles em regime de consultoria venha dizer que não estão a correr bem? Para isso era previso uma enorme coerência intelectual que não é traço comum ao costismo educacional. Porque é curioso que se recuse “qualquer abordagem linear e algoritmizada do trabalho que se realiza em tais contextos escolares” a quem está bem com isso se a coisa se aplicar aos professores e a outras métricas de eficácia ou sucesso.
Eu sei que a corrente a que as consultoras pertencem é a das “visões holísticas” (basta ler este “manual”, que reúne grande parte do pessoal do costume, para ver quantas vezes a expressão surge), mas também é da obsessão com a “monitorização” (no mesmo “manual” é ver o número de menções) em grelhas, grelhinhas e mais coisas daninhas que pouco diferem, na lógica, da “algoritmização” da Educação. O problema é que estas doutoras consultoras são contra abordagens lineares e algoritmizadas quando se trata de resultados, mas não o são em matérias de controle do trabalho dos docentes e do registo dos “progressos” (reias ou fictícios) na implementação dos tais projectos a que dão consultoria.
Eu compreendo que se defenda o que nos pagar a “vidinha” com as unhas e os dentes que seguram o pão para a boca (ui… que eu dou meças em matéria de conversa da treta e lugares comuns a qualquer uma). Até quase compreendo que se esteja na origem de projectos em equipas de apoio ao ME e depois se façam livros (comerciais) acerca desses temas quase em tempo real da publicação das leis e ainda se facturem consultorias. Como disse, trata-se de ganhar a “vidinha”. O que tenho dificuldade em compreender é que esperem que as levemos a sério quando se armam em analistas ou observadoras “independentes”.
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