O João Miguel Tavares tem razão, por muito que isso custe a muita gente que gosta de tudo a preto e branco: o “Acordo de Formação Profissional e Qualificação: Um Desígnio Estratégico para as Pessoas, para as Empresas e para o País” tem tudo para ser um daqueles buracos negros em que o dinheiro escorre para todos os lados menos para quem deles mais precisa, em troco de uma certificação de “qualificações e competências” que faz lembrar o que cá se passou ao longo das décadas nesta matéria, do Fundo Social Europeu às Novas Oportunidades. O bolo fica todo nas “estruturas”, em que dinamiza os “projectos”, nos “consultores” que apoiam a elaboração e aplicação dos “dossiês” e sobram umas migalhas para o resto. São 5 mil milhões que acabarão na sua larga maioria nos bolsos de quem já os tem bem aconchegados, alegando-se que se está a dar formação e a certificar as ditas qualificações. Depois, em parte quem esteve na preparação de tudo aparecerá a fazer uma auto-avaliação do sucesso das medidas e nem que seja como há uns anos, concluir-se-á que as pessoas ficaram com a auto-estima em cima em troca de um certificado, mesmo se continuaram desempregadas, precárias e/ou com baixíssimos salários.
Seria bom que assim não fosse, mas em Portugal os milagres costumam concentrar-se no desporto e raramente se conhecem ocorrências em matéria de distribuição de fundos europeus.
Sabes quem foram os grandes beneficiários (beneficiados) das Novas Oportunidades? Forças de segurança, sobretudo os da GNR. Conheço muitos que lá conseguiram o seu certificado do 12.º para poderem progredir na categoria de sargentos. Curiosamente, mesmo enquanto formandos, tinham um vencimento que, com os suplementos, era superior aos dos docentes contratados que os estavam a certificar à noite. Ainda hoje, entre eles, se faz a distinção entre os sargentos das Caldas e os sargentos das NO, que não valem “um” das Caldas.
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“Qualificar” no nosso país é um grande sucesso.
Os Cursos Profissionais outro sucesso.
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