Secção “As Perguntas D@ Shôtôr@” – 3

“Tu que tens a mania que sabes tudo e tal, o que me dizes sobre a forma como aparecem os parâmetros ou descritores pelos quais somos avaliados? Ou é a olhómetro?”

Ó meu amigo, isso depende muito das práticas da escola/agrupamento onde estás, porque há desde os que definem à décima o descritor acerca da cor das tuas peúgas aos que acham que é tudo mais ou menos holístico, assim a modos que conforme.

O que está lá no decreto até não é muito complicado. De acordo com o artigo 11º do DR 26/2012:

“Compete ao conselho pedagógico:

a) Eleger os quatro docentes que integram a secção de avaliação do desempenho docente;

b) Aprovar o documento de registo e avaliação do desenvolvimento das actividades realizadas pelos avaliados nas dimensões previstas no artigo 4.º;

c) Aprovar os parâmetros previstos na alínea b) do n.º 1 do artigo 6.º”

O problema é quando só se lembram da alínea a) e se esquecem de fazer o resto do trabalho, nomeadamente de produzir em devido tempo, a documentação de suporte aos procedimentos e aprovar os tais parâmetros, nomeadamente no que se refere ao que se considera serem os níveis de desempenho (um pouco como somos obrigados a fazer com os alunos) correspondentes a cada classificação. Porque nunca entendi bem como é possível chegar-se a certos valores sem isso. Sem exageros, mas com alguns pontos de referência, para que @s avaliad@s não ande completamente à nora, sem saber como vai ser realmente avaliado o seu relatório de autoavaliação.

Por exemplo, os parâmetros previstos no artigo 6º para a avaliação interna são:

a) Os objectivos e as metas fixadas no projecto educativo do agrupamento de escolas ou da escola não agrupada;

b) Os parâmetros estabelecidos para cada uma das dimensões aprovados pelo conselho pedagógico.

Agora imaginemos que, por hipótese claramente absurda 😉 num agrupamento se tenha estado durante anos sem PE e o CP não tenha definido parâmetros claros, em tempo útil e com divulgação pública, para as várias dimensões do desempenho (alínea b)). O que podem fazer @s avaliad@s? Adivinhação? E @s avaliador@s? Optam pelo “acho que”? Pelo tal “olhómetro”?

Sendo dos que acham perfeitamente ridículo que se andem a contar atividades e a convertê-las em décimas na avaliação, não deixo de pensar que é preciso ter-se algum tipo de balizas para que cada caso não seja avaliado de forma completamente diferente num mesmo universo de avaliad@s. E de acordo com a lei, parte-se do princípio que tudo isto deva ser conhecido desde o início do ciclo avaliativo e objecto de “Acompanhamento e feedback“, conforme recomendado pela DGAE.

Como é isso possível se não existirem os tais “elementos de referência da avaliação”? Aposta-se na boa vontade e na intimidação (mais ou menos descarada)? Ou naquela indiferença do “mas isso tem alguma importância, porque é que estás a criar problemas”?

10 opiniões sobre “Secção “As Perguntas D@ Shôtôr@” – 3

  1. É a primeira vez, e será a última, que intervenho nestes blogs, chats, ou lá como lhes chamam…
    Estarei a dormir, a sonhar, ou estarei desatento?
    Há anos que se passa o que venho lendo sobe a add. Será que só agora descobriram? Ou ainda não os afetava?

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  2. Está claramente desatento, porque já escrevo sobre isto há anos. E não apenas eu.
    Só que com os descongelamentos, reposicionamentos e outros incrementos os abusos passaram a ter uma perversidade maior.
    Mas eu sei que estes chats ou blogs, ou lá como lhes chamamos, costumam ser vistos com desconfiança por certas “elites” docentes, pelo que certamente não leu o que se escreve desde 2007-08 e, depois, desde 2012 com esta nova legislação.

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  3. Muito obrigado pela atenção e esclarecimentos, Paulo.
    Quanto ao meu nome, e inuendos à parte, devo-o aos meus pais. Como parresiasta que sempre fui, e numa postura de epoché fenomenológica, aqui continua o diálogo: 4′ 33″

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    1. Não tenho muito a acrescentar, visto que desde os tempos do meu anterior blogue que trato destes assuntos, alertando para o que se estava prestes a desenrolar. O congelamento das progressões parece ter “congelado” as mentes, que agora despertam.
      No meu caso pessoal, tracei umas linhas vermelhas e considero que em escolas onde se fizeram “acordos de cavalheiros2 isso só se deve manter se continuarem a existir cavalheiros. Ou cavalheiras. Caso contrário, termina qualquer contemplação com a incompetência ou má fé.

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