Reportagens?

Há quanto tempo a criatura não faz uma “reportagem” ou jornalismo de investigação (eu tenho muitas dezenas de Grandes Reportagens, desde a nº 1, ainda me lembro…)? Quanto às entrevistas televisivas, nos últimos anos tornaram-se uma caricatura e variaram entre a técnica do bulldozer destravado e desinformado e o lambismo mais descarado. O que ele poderia era também parar com os tijolos com factos alternativos no Expresso. Era um serviço que prestava à higiene mediática nacional. E até ajudaria a equilibrar as contas do Balsemão.

MIGUEL SOUSA TAVARES: “ACABARAM AS REPORTAGENS, AS ENTREVISTAS, ISSO TUDO. PONTO FINAL”

Deformação Contínua

Deveria existir uma espécie de plafond em certas intervenções de “formador@s” para o uso e abuso dos talking points da propaganda do ministério. Eu percebo que é preciso justificar a mobilidade, a requisição, o destacamento, mas deveria existir um máximo admissível para expressões como “autonomia”, “flexibilidade”, “avaliação formativa”, “estratégia inclusiva”, “perfil do aluno…”, “diferenciação pedagógica”, “transição digital” ou, por exemplo “zona de conforto”. Pessoalmente, parece-me que a zona de conforto é o objectivo maior de quem se pôs na alheta e agora vai às escolas só de visita e a salas de aula só para “observar” ou “investigar”. Por outro lado, parece que agora o orgulho de qualquer currículo é complemehtar um número vago de anos de “exercício docente” com a participação em “projectos europeus”.

Confesso, começo quase a desejar uma formação em atoalhados em geral numa perspectiva de glocalização (é assim mesmo) ou renda de bilros numa abordagem holística e contextual de inclusão social dos idosos ou jovens adultos à espera da primeira ocupação precária.

4ª Feira

Estou com um acesso de demagogia matinal, a propósito desta altura do ano em que há sempre quem destaque o tanto que as direcções necessitam preparar para o arranque do ano e como os “incentivos” são escassos para assegurar tais funções. Antes de mais, uma forte redução da componente lectiva para todo o ano (há quem fique com apenas uma ou duas turmas) e o tal suplemento remuneratório (que não me choca, desde que depois não se queixem do irs e tal), são umas pequenas ajudas para tamanhas responsabilidades. Em seguida, gostava mesmo de saber se há muitos agrupamentos ou escolas com tantos lugares directivos por ocupar (proporcionalmente, claro) quanto horários de professores com horários “normais” por preencher. Porque pelo que observo, há turmas sem professores em várias disciplinas o ano quase todo, mas não me consta que o mesmo se passe a nível da “gestão”.