6ª Feira

Parece que ninguém se interrogou ainda sobre o trajecto que levou a que um tipo de 60 anos fizesse uns vídeos próprios para um programa televisivo idiota daqueles que passam vídeos idiotas para todos (incluindo as “personalidades” escolhidas para os apresentar) se riem da idiotice. Que ele tenha chegado a uma escola como professor de Economia e Direito é algo cujas origens também não parece despertar curiosidade. Até agora, nunca teria feito o que fez, sugerir que seguissem o seu “canal”? Só destrambelhou agora? A questão do desequilíbrio da “saúde mental” só desperta emoções se for com uma jovem adulta hiper-medalhada? Neste caso, apenas sobra embaraço, vergonha e dedo apontado, por muito que o mereça? Este padrão de comportamento surgiu do nada?

Porque não me parece ser caso único (e nem vale muito falar de outro tipo de evidentes desvios comportamentais que – já posso escrever sobre isso? – aguentei recentemente como encarregado de educação), nem as estatísticas achariam normal que entre mais de 100.000 indivíduos, não existissem uns pontinhos percentuais de gente insana. Claro que há graus de insanidade e, conhecendo a minha (que nunca se traduziu em vídeos ou selfies no wc a fazer bico de pato com qualquer parte da minha anatomia), o importante é mantê-la longe dos outros até ao limite das nossas forças.

O que seria curioso, mas apenas porque sou um tipo mesmo chato, era ver como foi o desempenho desta pessoa em anos lectivos anteriores, se foram detectados alguns sinais de alarme ou se a indiferença venceu e tudo acabou com um “bom” ali bem espetado na ficha da add, bem igual ao de tanta outra gente que faz coisas excelentes, mas não cabe no buraco da agulha.