9 opiniões sobre “Acasos

  1. Quando disseram que as colocações sairiam no domingo à noite eu disse logo cá para mim que aquilo ia sair antes das eleições… por motivos óbvios. A vergonha foi completamente perdida!

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  2. Só pode ser uma coincidência!
    Continuamos com promessas políticas estilo anos 70/80, porque o povo é manso e não evolui.
    Será que foi culpa dos professores?…

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  3. Teleologia do sistema

    O dichote tinha sido pintado por algum anónimo apoiante. Tratando-se de um movimento político inorgânico, não existia planeamento centralizado das acções a desenvolver, nem tão pouco uma linha orientadora para os slogans da campanha. A tinta cinzenta, que aludia à cor do pêlo do candidato, escorrera durante a noite da parede branca da venda para o rodapé azul cobalto. A mensagem mantinha-se legível: “Quem se mete com o A.S.S. leva um burro nas vendas!”. O A.S.S., clarificava a assinatura, era o Asininos Sem Servilismo, movimento que só usava produtos orgânicos, como se atestava pelo montículo de matéria depositado sobre o degrau de acesso à porta.
    Tinha sido este o timbre de toda a campanha. Um candidato afixava na porta da venda cartaz gritando “Vacina gratuita” e o opositor acrescentava durante a noite um ângulo reto na letra C. Anunciara-se até a vinda do chefe da banda a Traseiras, para apoiar o seu candidato, mas, ao ver no palanque improvisado em cima da carrinha ferrugenta do Mija-na-Horta um figurão sem gravata, o povo tinha voltado aos afazeres sem sequer se despedir cortesmente, pois que, afinal, promessas proferidas por alguém que não é freguês e nem sequer usa gravata não são de fiar. Esse era, aliás, o principal motivo que a campanha da oposição apresentava para ter sucumbido ao imperativo patriótico de se apresentar ao eleitorado: a necessidade de revigorar a estética da gravata. Segundo os apoiantes de Rosmaninho da Rola, a gestão da coisa pública estaria ameaçada pela presença constante de citadinos que não sabiam o que fazer com este adereço. Ora apresentavam um nó frouxo, como se tivessem colocado à pressa, enfiada pela cabeça, a desconchavada gravata, ora se esqueciam de aferir a simetria do adereço em relação à aba do casaco. Uns ostentavam-na inclinada para a esquerda, outros para a direita, como que a simbolizar as suas inclinações políticas e obediências pessoais. Um professor de Direito e Economia apresentara-se mesmo com a gravata pendurada numa parte da sua anatomia que deixara já de ser a mais pujante na época em que os concorrentes do Big Brother só mantinham contacto com os humanos durante as temporadas previstas na legislação sobre os recursos cinegéticos. Era toda uma sociedade que se desagregava sempre que qualquer legítima esposa deixava de inspecionar o nó de uma gravata à saída de casa do marido para uma função pública. E a própria família cristã, unidade base desta vetusta sociedade, ameaçava ruir de uma forma que nem as amantes brasileiras tinham conseguido lograr no passado.
    Para atrair povo, mandara-se vir da cidade um organista que abrilhantava a eucaristia. Adivinhava-se campanha durante a homilia. Terminado o prelúdio com um gesto enfático, à laia de aviso de Deus não admitindo réplica aos ditames do seu representante em Traseiras de Judas, o pároco tinha sugerido em tom mavioso que aqueles que têm cuidado de acompanhar o rebanho paroquial sempre foram de bom conselho para os fregueses e que tal conselho traria melhores proventos, numa perspetiva de continuidade e acomodação. A resposta não se fez esperar. Nessa mesma noite alguém usou uma gazua para aceder à sacristia e levou as figuras do presépio para a porta da venda, onde afixou um cartaz com os seguintes dizeres: “Desde o início, e sempre que foi preciso, estava lá o burro que é o que tem mais siso!”

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  4. E, não só. É que a maralhada parece que entrou, em grande, grane percentagem, ma primeira escolha. Agora vao ser mais noites de bué de celebração em santos, bairro alto, cordoaria, a recepção ao caloiro, jantares por tudo e por nada. Fixe!

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