Ia sendo um esquecimento imperdoável e só compreensível porque se entranhou tanto.
Dia: 2 de Outubro, 2021
Um Retrocesso De Mais De 30 Anos
Não foi no tenho da senhora da festa que legislaram algo que só se podia dar aulas com a profissionalização feita? E não me venham dizer que é de agora, porque mesmo antes da pandemia nos começaram a aparecer pessoas, certamente estimáveis, mas quem nem faziam ideia do que é um sumário digital ou que programa tem a disciplina a que concorreram para dar aulas.
Eu sou do tempo, como aluno, em que se começava a dar aulas com o Propedêutico, e como professor comecei quando ainda era finalista. Mas dizem que esses tempos eram de “expansão” do número de alunos e de “pressão” sobre a procura de professores.
Mas também sou do tempo em que disseram que havia professores a mais, porque os alunos minguaram, e até que existiria uma espécie de exército de reserva de dezenas de milhares de professores no desemprego. Fora outras patacoadas ditas por gente que até teve responsabilidades fortes nisto tudo; em alguns casos a perorarem diante de mim, enquanto eu tentava explicar que estavam enganados. Mas do outro lado havia uma “autoridade” nascida do exercício do poder e de um saber de carreira política feito. Ou de interesses que agora não interessa desenvolver.
Não me digam agora que alguém mentiu ou planeou mal as coisas. Ou… ainda melhor… que tudo isto é muito “complexo”.
Dos 3887 horários disponibilizados em oferta de escola, apenas 570 foram ocupados por professores presentes nas diferentes listas de ordenação, o que leva Arlindo Ferreira a concluir que 85% foram preenchidos por professores sem “habilitação” para o cargo. Mas há quem peça cautela com esta interpretação. Ainda assim, directores dizem temer recuo das escolas a práticas do século passado, por causa da escassez de professores.
Sábado
Correndo o risco de ficar quase monotemático, volto ao tema da hipocrisia dos que, na prática, dizem muito mal duma coisa, até ela lhes dar alguma forma de alimento, nem que seja simbólico. Um dos casos é o da gestão escolar… ai, ai, ai que é má, que não é assim, que devemos lutar contra ela, a menos que eu possa ir para director@ ou ser escolhido para sub, adjunto ou qualquer outro tipo de penduricalho do sistema. Justificação? A pessoa diz que com ela tudo vai ser mais justo e que agora é que não haverá discriminações e iniquidades. Pois, pois… é só chegar a vez de alguém que lhe caia do lado errado do goto. A cooptação é, em muitos casos, a estratégia mais eficaz de esterilização “química”.
O mesmo com a add, contra cujo modelo muita gente ainda se afirma contra (pois, porque uma parte já razoável, virou a casaca e adoptou o discurso do “mérito”… dos outros, que o próprio escasseia bastante), até ter a possibilidade de demonstrar que, podendo ajudar colegas a fugir ao garrote, hesita e começa a andar em círculos, alegando que não sei o quê, depois é “injusto” com os outros que não reclamaram ou recorreram. Tivessem reclamado ou recorrido. Não tivessem medo de ficar com as piores e/ou maiores turmas da escola, entrar para o ano às 8 e sair às 18 ou ter horários com 6 horas de buracos como já vi em alguns casos de quem não baixou a cabeça aos abusos. Sim, porque não há kapo mais eficaz do que aquele que diz que até é contra e que só com ele é que o gás cheira a rosas primaveris.
(e nem cheguei a falar daqueles professores autarcas, com ou sem pelouro, que se dizem contra a municipalização… até vermos o que efectivamente não fazem a esse respeito… ou daqueles partidos que em vez de fazerem propostas de lei, fazem inúteis propostas de resolução,,,)