A Senhora Não Tem Cura

A “reitora” MLR decide botar faladura sobre a questão das ordens profissionais, defendendo “Ordem nas ordens” e escreve: “A criação de ordens profissionais e a consequente transferência de poderes do Estado para estas entidades, como o de definirem atos que apenas podem ser executadas por profissionais nelas inscritos, justifica-se apenas em casos excecionais.”

Que a senhora é um caso perdido em matéria de leis e de compreensão dos mecanismos de delegação de poderes entre a sociedade e o poder político é algo de que não tenho dúvidas há muito. Para ela, parece que existem “poderes do Estado” que surgem do nada, que lhe são intrínsecos e não uma emanação da sociedade civil, dos cidadãos. E esses poderes não devem ser transferidos, sem ser excepcionalmente.

No meu caso, considero que devem ser os profissionais de uma dada profissão a decidir se pretendem que esses “poderes” (leia-se, por exemplo, a regulação do exercício da dita profissão) devem ficar na órbita do Estado ou de outro tipo de organizações. O Estado não pré-existe a tudo o resto. E nem sequer estou a pensar no caso concreto desta ou aquela ordem, mas no plano abstracto da relação entre cidadãos e Estado e de quem parte a legitimação de qualquer tipo de poder público.

Realmente, nada como ex-anarquistas para endeusarem o Estado como fonte absoluta dos “poderes”. Só me interrogo o que a terá feito sair do seu casulo reitoral, onde bem pode manobrar investigações e inspirar delfins como aquele de quem já não se fala nada e que ficou com o cadeirão destes anos (comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, ainda se lembram?).

12 opiniões sobre “A Senhora Não Tem Cura

  1. Devemos-lhe muito. Nomeadamente a ideia de “escola a tempo inteiro”. Na altura, muitos professores pensaram que seria fonte de mais emprego e colaboraram na implementação deste conceito. A provar o seu sucesso temos ainda hoje, e todos os anos um pouco mais, decisões nas escolas que o aprofundam e enraízam. É mais do que certo que verão o resultado em devido tempo. Irreversível.

    E devemos-lhe também a construção de microclimas escolares cada vez menos diversificados. A concentração de grande número de indivíduos com as mesmas características levou a que a escola se afastasse cada vez mais da vida real preparando caminho para que a comunidade se restrinja àqueles que partilham o máximo de características comuns. Ou seja, a ideia de que o indivíduo só encontra lugar na sociedade se for adepto de um clube de futebol. O clubismo estendido a todo um sistema educativo é a base da ideologia educativa totalitária e não é por isso de estranhar certos acordos à mesa da negociação com os sindicatos.

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