Não Sei Se Repararam, Mas…

  1. O mundo não acabou desde as 6 da tarde.
  2. Muitos dos grandes críticos da existência parlamentar do PCP, andam agora a lamentar que se esteja a “suicidar”.
  3. A malta das notícias da TVI24 veio quase toda da SICN e do Expresso (alguns ainda lá andam).

Não é que os factos estejam relacionados, mas há uns meses que ando a reparar em certas “reconfigurações” na chamada “arena mediático-informativa”. Por acaso até nem desgosto daquele trio que aparece pelo meio-fim de tarde na TVI24 (como que dizendo, this is the tuga cnn), mas houve por ali umas mexidas estranhas.

Da Lógica

Ana Catarina Mendes, no Parlamento, chama “conquistas sociais” a medidas que reduziram parcialmente medidas dos tempos da troika. Poderia falar em “reconquistas” e mesmo assim não seria rigorosa. Basta ver o que aconteceu ao tempo de serviço dos professores. E pelo meio ainda diz que acabaram com o congelamento nas carreiras da Função Pública criado pela direita, como se eu me esquecesse que a primeira idade do gelo começou logo em Agosto de 2005, com Sócrates no governo e que foi também o PS que reiniciou o congelamento em 2011. Independentemente das razões de uns e outros, das pós-verdades de outros e uns, há um mínimo de decência por parte de quem quer mostrar-se como o único saco de virtudes no mercado.

A parte mais demagógica é mesmo aquela de dizer que 500.000 crianças [sic] que estão fora da escola (ou algo equivalente) ficarão sem apoios.

A Informação-Prova “Geral”

Até tem enquadramento conceptual. No caso de História A, assinale-se a obliteração total de tudo anterior ao que se designa por “Dinamismo civilizacional da Europa Ocidental nos séculos XIII a XIV” o que até pode resultar das “aprendizagens essenciais”, mas não posso deixar de considerar um rematadíssimo disparate. Mas que não me admira em gente que tem da História uma visão muito limitada.

Não estou agora com muito tempo para dizer o quão idiota considero a “concepção” de que uma resposta extensa que apela ao relacionamento de diferentes informações, analisando e/ou sintetizando diversos fenómenos e processos só possa ter o dobro da cotação de uma questão de escolha múltipla, na qual se faz uma cruzinha. É uma abordagem à “classificação” ou “avaliação” que ouço há bastante tempo e da qual sempre discord(ar)ei porque a acho redutora do trabalho dos alunos e nem sequer compatível com a teorização feita mesmo dois parágrafos acima sobre a maior ou menor complexidade dos processos cognitivos.

Assim, nos diferentes itens de cada prova, a cotação mais elevada é sempre igual ou menor do que
o dobro da cotação mais baixa. Por exemplo, se ao item de menor cotação de uma prova forem
atribuídos 6 pontos, o item de maior cotação não pode ter uma cotação superior a 12 pontos. Deste
modo, as cotações de todos os itens da prova poderão situar-se no intervalo [6,12], podendo haver
casos em que a pontuação total da prova seja distribuída uniformemente por todos os itens
.

Podem ter muita formação ou certificação na matéria, mas este modo de homogeneizar tudo, de indiferenciar a metodologia classificativa sem atender às especificidades das várias disciplinas revela muito sobre a qualidade do pensamento que lhe está na origem.

Por mim, quase que mais valia classificarem as perguntas à sorte. Ou então reduzam tudo a cruzinhas num quizz.