Dia: 15 de Novembro, 2021
É Triste
Quando uma professora, cujo recurso foi tratado de forma abusiva pelo seu agrupamento, ao pedir ajuda ao seu sindicato (não interessa qual) no sentido de a apoiar num procedimento judicial, espera semanas por uma resposta e essa vem enroupada numa sugestão de desistência, porque não vale a pena, isto é mesmo assim. O que se percebe, quando se assiste a tanto lutador dar a cara pelo modelo que, só agora, parecem criticar em dias bissextos. Não sendo advogado, nada posso fazer. Mas felicito-me por não contribuir para pagar avenças destas.
A Ler
Se a escola conseguir, neste ano letivo em curso, definir e concretizar – como aprendizagens essenciais – uma melhoria da boa educação e da gentileza dos alunos, terá alcançado a sua primeira missão no contexto da sociedade atual. Quando o professor se sente minúsculo perante o chorrilho de palavrões que ouve diariamente, isto é bullying. Quando o professor se sente humilhado, ofendido, vilipendiado no desempenho da sua profissão e nada se faz para o apoiar, isto é bullying. Quando os alunos se descalçam na aula, se sentam com as estendidas e pousadas nas cadeiras da frente, isto é bullying. Quando entram e se mantém propositadamente de capuz, isto é bullying. Quando os alunos emitem sons impróprios e recusam obedecer às ordens do professor para sair da sala, isto é bullying. Quando ofendem os funcionários, boicotam as aulas, humilham os professores de todas as formas possíveis, isto é bulllying. Quando o professor tem de dar a aula num clima de guerrilha quase permanente, obrigando-se a uma gestão minuciosa de todas as palavras ditas – por perigo de deturpação imediata das mesmas – isto é bullying. Quando o professor adoece por exaustão emocional, isto é bullying, Quando a sensação de impotência do professor aumenta na exata proporção da sensação de impunidade dos alunos, isto é bullying. Eis o estado a que chegámos em muitas das nossas escolas e contra o qual é urgente lutar.
“Ó Professor, Mas É Mau Se Nos Mandar Sair Da Sala?”
Para vocês, o mais certo é não ser nada, porque agora quem manda sair alunos por comportamento tudo por inadequado (falar sem parar, sobre qualquer assunto, fazer desenhos de tudo e nada em vez de tentar passar o sumário ou apontamentos, ofender ou dar palmadas violentas em colegas) é que está a falhar, porque “revela não saber controlar a turma/sala de aula” ou “estar emocionalmente instável” ou “não ter a devida formação para gerir conflitos”, etc, etc. Este tipo de observações são particularmente aberrantes quando partem de quem passa pouquíssimo ou nenhum em salas de aula, muito menos com audiências à cunha para o espaço. Nada como rabos sentados para saberem dar lições a quem faz o possível de que muita gente fugiu logo que foi possível e não voltou. Ou que tem muito “crédito” por conta. Isto sem falar naquelas pessoas que dão formações em vez de gozarem a merecida jubilação ou aposentação ou o raio que as carregue.
A talhe de foice afiada, ontem, no canal Q, revia uma entrevista ao Carlos Maria Trindade em que ele descrevia saudosas aulas de Português com o saudoso Vergílio Ferreira no Liceu Camões. Se fosse hoje, ainda acabava com um processo em cima e @s maiat@s tod@s em polvorosa porque chegava à aula e dizia… “Escada, façam uma composição sobre a escada”. E sentava-se.
Saudosismo de um passado arcaico e que não deve ser recuperado em tantos defeitos que tinha? Nem por isso, que eu nunca tive o Mário Dionísio a dar-me aulas de Francês (como o CMT). Aliás, na minha escola nem sequer me deixaram ter Francês.
O que sinto é algum desgosto pela erosão da figura do professor como alguém que é dotado de um saber específico e não como um mero monitor de atividades recreativas.
2ª Feira
A pandemia não se foi embora. Claro que a Alemanha, Áustria e Holanda não passam de países dominados por um despropositado alarmismo. Só que, graças a fortes correntes anti-vacinas, acabam por ter de novo elevadíssimos níveis de contágios. Mas podemos sempre dizer que é apenas mais uma fase na enorme conspiração securitária global.