Uma Ideia Absolutamente Abstrusa!

E que tal tornarem a profissão docente mais atractiva para quem ainda está nas escolas e não é queridinh@ da direcção e vive sentado à conta do “crédito horário”?

Eu percebo que é um conceito absolutamente inovador, mas… tem o seu potencial para reduzir um pouco o êxodo antecipado. Eu sei que o que está na moda é “incentivos” para os mais novos e não estou contra eles. Mas estou farto de culparem os “velhos” de tudo, mas ser a eles que tudo pedem (salvo as tais excepções acima assinaladas).

Uma Ideia Do Camandro Ao Quadrado!

Perguntar – isto é só um suponhamos – àquel@s ex-governantes que tanto falaram em “recrutar os melhores” candidatos a professores (lembro-me, por exemplo, de David Justino, da shôra “reitora” e de Nuno Crato) e criaram, aplicaram ou apoiaram a PACC e outras medidas brilhantes de gestão dos recursos humanos, se acham que as suas políticas nada têm a ver com a actual situação e se estamos – finalmente! – perante um cenário ideal para esse tão desejado recrutamento de excelência.

E, já agora, se este modelo de add (que todos apoiaram, criaram ou remendaram) tem permitido manter nas escolas os melhores ou se, pelo contrário, os tem afastado.

Aquilo Que Me Deixa Mais Aterrado São Mesmo As “Linhas De Ação Estratégica”

Porque depois de terem proletarizado e precarizado a docência, aposto que a vão querer desqualificar em termos académicos de forma irremediável.

Alguns slides da apresentação da senhora SE Ramires ficam já a seguir:

As medidas do terceiro slide das “ações” fazem-me pensar que alguém anda mesmo a bater mal, porque por um lado se querem redimensionar os QZP, mas por outro se postula a entrada directa em QA/QE. O que pode ser contraditório. Quanto á alteração dos intervalos dos horários relativos às necessidades temporárias é uma “guerra” que tem tido o ME sempre do outro lado de quem pede que isso aconteça.

No caso da primeira linha de ação estratégica, não se percebe bem o que se pretende com aquilo. Será que é colocar alunos dos primeiros anos da licenciatura em ensino a dar logo aulas a sério? E que tal começarem como antigamente com o 12º ano? Sempre que leio “reconfigurar” fico com a sensação de que andarão por aí candidatos a doutor frankenstein.

Já quanto à segunda linha de ação , o “revisitar” das habilitações do ensino traz uma aroma muito desagradável a vale-tudo. E o “ensino supervisionado” em contexto escolar é aquilo a que antes se chamava simplesmente “estágio” ou é uma envernizadela mal dada para justificar a certificação profissional?

Adoro Embirrar Com Minudências

Em especial em casos que me tocam directamente.

O estudo de que tanto se fala está na site da DGEEC. Tem uma interessante revisão da literatura sobre o tema, parte da qual é bastante informativa, mas só parcialmente relevante para o nosso contexto.

Em termos metodológicos, baseia-se numa lógica de evolução “previsível” em que as variáveis evoluem de forma constante ou de acordo com os mesmos ritmos ao longo do tempo. Não vou andar a contestar certas opções, porque eu faria a coisa de modo muito menos “sofisticado”. Claro que preferiria complementar tudo isto com um inquérito alargado acerca de quem prevê sair antecipadamente da profissão, não apenas com base em médias de x anos, mas é óbvio que isso seria mais demorado.

Há outros detalhes que se nota resultarem de quem não está por dentro do assunto e o olha pela lupa externa da estatística, como é o caso da confusão na identificação dos grupos de recrutamento, algo que poderia ter sido solucionado com uma revisão científica do estudo. Por exemplo, o grupo 210 (2º CEB) corresponde ao de Português e Francês (quase inexistente) e não ao de “Português e Estudos Sociais/História” como aparece no estudo; mais adiante (pp. 55 e 65) já se faz uma descrição diferente desta realidade, o que transmite a sensação de algumas partes do texto terem autorias diferentes, que não cruzaram a informação usada. O grupo de Alemão aparece como 240 quando é o 340, assim como os grupos de Informática e Artes Visuais surgem trocados (páginas 44 e 45). Para além de que assumem a existência de uma disciplina (EVT) que há cerca de uma década está dividida em duas.

Claro que me vão dizer que são meros detalhes. Exacto. Só que se erram em coisas tão “menores” e de fácil verificação, quem me diz que acertaram nas mais complicadas que me escapam, pois não tenho acesso aos mesmos dados que eles tiveram?

Falta-me é tempo (paciência e financiamento) para ir já verificar outros valores inseridos no estudo e que podem também padecer de alguns “lapsos” menores.