Uma boa recomendação do “velho” H5N1.
Dia: 19 de Novembro, 2021
Para Uma Colecção De Cromos Iluminados
Julho de 2019:
“Temos professores a mais, infelizmente”. Rio defende o “redimensionar” da administração pública
Na mesma altura, Isabel Flores (especialista, claro, daquelas que tem feito muitos estudos, bem próxima de notáveis ex-governantes, com bastante mercado em fundações e posição destacada no ISCTE):
Plano de Emergência: no futuro não teremos professores. A sério?
Mentir com números é fácil, mas sem eles é muito mais fácil. Desmontemos então a ideia de urgência por falta de professores.
E para além de serem muitos, eram maus, escrevia o especialista instantâneo e alegado “investigador” Homem Cristo, que uns anos depois, de forma oportunista, afirmava ter sido incompreendido.
São muitos anos a aturar m@rd@s destas, pázinhos!
A Teoria Da Relatividade Factual
Setembro de 2012:
Crato diz que há professores a mais e que “redução é inevitável”
Novembro de 2021:
Falta de professores é um “drama anunciado há muito tempo”, diz Nuno Crato
Ó faxavor, pode definir o que entende por “muito tempo”?
E lembram-se de todos aqueles que repetiram o estribilho dos “professores a mais”? Por onde andam agora e a dizer o quê? Eu lembro-me bem das discussões que tive na altura. E com quem. Mas isso agora não interessa nada, certo? Com jeitinho, ainda se paga aos que criaram o problema para o estudarem e fazerem propostas de solução. Como aqueles que acham que sabem como seleccionar os “melhores” e evitar a entrada de uns 15% de maus. Estaremos agora em condições de fazer as escolhas mais adequadas? Ou damos carta branca às escolas para recrutar quem aparecer?
Faltam Professores?
Dezembro de 2011:
Passos Coelho sugere a emigração a professores desempregados
Junho de 2016:
António Costa sugere aos professores de Português sem colocação que emigrem
Formação Contínua (À Distância) Em Aprendizagens Essenciais, ANQEP Style
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOCENTE
O Programa de Desenvolvimento Profissional Docente visa promover nos docentes dos Cursos Profissionais e dos Cursos Artísticos Especializados o desenvolvimento de competências de intervenção curricular e pedagógica (planeamento, operacionalização e avaliação das Aprendizagens Essenciais das várias disciplinas), apoiado numa abordagem pedagógica baseada em projetos interdisciplinares que envolvam todas as componentes de formação destas ofertas educativas e formativas. Pretende-se contribuir para o desenvolvimento de competências de gestão curricular que sustentem práticas inovadoras em sala de aula e coloquem o aluno no centro da sua aprendizagem. O Programa, com a duração de 25 horas (5 horas em sessões síncronas e 20 horas em sessões assíncronas para trabalho autónomo dos participantes) encontra-se organizado em cinco módulos/sessões sequenciais cinco módulos/sessões sequenciais (0, 1, 2, 3 e 4) para apresentação, discussão das temáticas e respetivos fundamentos. Para cada módulo são definidas tarefas
a realizar pelos participantes, em modo síncrono e assíncrono.
Que pena… não há em História, para eu me poder formar em História para Totós! Em contrapartida, há professores/formadores que me divertem, nomeadamente os do Grupo 8.
Em Busca Do Sentido…
… deste pré-aviso de greve da Fenprof às “horas extraordinárias”.
A ver se nos entendemos… a imposição, com o ano a decorrer, de horas suplementares a quem tem horários completos pode ser recusada por “motivos atendíveis”, em casos de gravidez, de pessoas com filhos até aos 12 anos e trabalhadores com doenças crónicas.
Para além do que determina a legislação laboral, o que vem no artigo 83º do ECD é que:
1 — Considera‐se serviço docente extraordinário aquele que, por determinação do
órgão de administração e gestão do estabelecimento de educação ou de ensino, for
prestado além do número de horas das componentes lectiva e não lectiva registadas no
horário semanal de trabalho do docente.
(…)
3—O docente não pode recusar‐se ao cumprimento do serviço extraordinário que lhe
for distribuído resultante de situações ocorridas no decurso do ano lectivo, podendo no
entanto solicitar dispensa da respectiva prestação por motivos atendíveis.
Mas, mesmo que as ditas horas sejam impostas, a única “penalização” para quem não as cumprir é deixar de receber a remuneração em causa.
Uma coisa é a greve ao sobretrabalho, que incide sobre horas de trabalho prestado fora da mancha horária semanal e que, curiosamente, exige o seu pagamento como horas extraordinárias:
A greve convocada através deste aviso prévio incide sobre toda a atividade docente, letiva ou não letiva, que ultrapasse as respetivas componentes previstas no horário do docente e, portanto, as 35 horas semanais, as quais devem, por isso, ser consideradas como serviço extraordinário, nos termos do artigo 83.º, n.º 1, do ECD.
Ou seja, a alegada greve às horas extraordinárias (não confundir com “sobretrabalho”) é irrelevante para quem as não queira cumprir, por lhe terem sido impostas contra vontade. Nem sequer existe a necessidade de justificar a falta. Convocar uma greve às horas extraordinárias entra no domínio da irrelevância. É uma birra para efeitos mediáticos, com efeitos perversos e tão só isso.
Ontem, Pela RTP3
Oito minutos quase em loop em torno do “não se percebe porque isto já devia estar há muito previsto e planeado”. Só não falei na tal “força da tasca” que se diz ir tratar do problema porque poderia parecer mal aos abstémios.
E não corrigi a referência ao Umbigo porque, sinceramente… até acho divertido.
(um agradecimento muito especial ao Maurício Brito pelo envio do vídeo)
Estereótipos De Género
A economista Peralta é uma personagem recente, mas intensa, no panorama mediático-opinativo em matérias como a Educação e as desigualdades em geral. Quase escrevia que uma Raquel Varela com menos decibéis e eyeliner, mas temi ser mal entendido e eventualmente acabar por ser acusado de ter um discurso menos inclusivo. Mas depois atentei no título do seu último artigo para o Público e fiquei mais relaxado.
Sem conseguirmos contratar médicos e professoras, não há PRR que nos safe
Já deram pela coisa?
Ainda não?
Já repararam que se formam “médicOs” e “professorAs”?
Nos meus tempos de leituras para efeitos académicos, dei com abundante literatura sobre este tipo de pensamento enviesado, quase inconsciente, em que se perpetuam esquemas mentais com base em estereótipos de género. Neste caso, a Medicina (nobre e distinta) é para os homens e a docência (uma quase semi-profissão para algumas teses sociológicas) para as mulheres. Mesmo se as mulheres são maioritárias na Medicina há cerca de uma década (e a tendência é para aumentarem atendendo às matrículas nos cursos de Medicina).
Curiosamente, no Ensino Superior, os homens continuam a ser a maioria entre os docentes. Mas claro que a economista Peralta estava a pensar nos níveis inferiores, aqueles sobre os quais os preconceitos se derramam de forma mais natural.
6ª Feira
Como não tenho tempo para ler as várias versões da Acção Socialista (para a Educação) só ontem tive conhecimento deste artigo que o SE Costa assina em co-autoria com Rui Marques em defesa da relevância da “filosofia Ubuntu” para a “recuperação das aprendizagens. Confesso que ainda me consigo espantar com o despautério (gosto da palavra) de algumas pessoas ou então com o modo acelerado como perdem o sentido das coisas, porque o de Estado tenho as minhas dúvidas que alguma vez tenha sido em quantidade assinalável. Ter um governante em exercício, mesmo que em finados de mandato, a validar com a sua assinatura o que não passa de um projecto de um nicho ou clique a que nem se deverá chamar académica e muito menos “científica”, quando nunca vez algo semelhante em relação a qualquer iniciativa na área da (velha e clássica) Filosofia ou de outras áreas do Conhecimento não é apenas ridículo. é algo mais. É grave porque, por muitas que sejam as suas crenças pessoais, um governante na área da Educação deveria coibir-se de promover de modo activo o que não passa de uma para-ciência, para não chegar à expressão pseudo-ciência. Chega a ser ofensivo do ponto de vista intelectual a tentativa de ancoragem na figura de Nelson Mandela para legitimar a iniciativa ou ler expressões como “liderança servidora”, quando este mais um exemplo de uma liderança que condiciona de forma clara a acção das escolas. “Se o senhor SE diz que é bom, é melhor aplicarmos” é o raciocínio de muitas lideranças centralizadoras locais em busca de uma classificação de excelência.
Nada me move contra qualquer crença, com origem seja onde for, acerca da natureza e configuração das relações humanas ou da melhor forma de desenvolver o “Eu e os Outros”, assim como nada tenho contra alguém que promova as “filosofias” que @ ajudam a levar em diante melhor os seus dias. Mas a nível pessoal, nunca a nível institucional e assinando a prosa com o título de governante, ao lado do empreendedor presidente de um instituto particular que tem toda a legitimidade para explorar o seu negócio na área da Educação. Não me interessa se andaram juntos de calções, se são ou não amigos de longa data, se partilham ou não daquela simbiose curiosa do socialismo beato de que António Guterres é um notável vulto. O que sei é que este tipo de “promoção” me levanta as mais sérias dúvidas em termos de ética política, quando se trata de alguém com poder executivo de decisão. Se há quem não se incomode já com estas questões, ok, pronto, deve ser porque tem menos teias de aranha na cabeça do que eu e já se desempoeirou de preocupações arcaicas.