Muito, Muito Bom

Não apenas em termos de qualidade absoluta, mas como bálsamo para a cabritice retórica de um ser que se elogia como o ministro que ocupou a sua pasta mais tempo desde o 25 de Abril.

Quando a generalidade das soluções de continuação de séries dos “bons velhos tempos” da bd franco-belga tem optado pelo respeito mais (sendo os casos mais notáveis os de Blake e Mortimer e Astérix, Mas também de Bruno Brazil, Bob Morane, Michel Vaillant, Corto Maltese até agora) ou um pouco menos (Ric Hochet) evidente pelo original, até agora só com o Lucky Luke e com o Spirou se tinham aventurado soluções um pouco diversas, nos álbuns mais recentes.

Neste caso, é uma experiência completamente nova em termos gráficos e cronológicos (a história passa-se em 2001), mas ao mesmo tempo o mais reconfortante encontro com o “velho” Corto. Até agora, olhava-se, reconhecia-se, mas não se entranhava.

Este é, de longe, o melhor álbum de bd que li este ano, sendo que a “colheita” de 2021 tem sido de “grande reserva”.

6ª Feira

Façamos uma nova viagem pelo mundo fantasioso e fantástico da Educação em Portugal. Imaginemos, por exemplo, que vários árbitros de recorrentes em processos de recurso quanto à avaliação do desempenho docente, numa mesma escola, fazem denúncias detalhadas à IGE, nomeadamente quanto à incompetência atroz da PCG e ao modo abusivo e displicente como a SADD conduz a sua parte dos procedimentos, sem respeito por prazos, incompatibilidades, etc. A IGE percebe (hélas!) que é a mesma escola e agrega tudo nas suas averiguações que, por acaso, nem são muito demoradas. e começa a dar despachos. Há dois casos a quem as respostas seguem num mesmo ofício, só que ocultando a parte relativa ao outro. Mas é possível “juntá-los” e perceber que, num caso, fica tudo arquivado porque, afinal, @ recorrente conseguiu ter provimento, pelo que não há nada a fazer, enquanto no outro, em que os procedimentos ainda se arrastam por novembro dentro, fica arquivado, porque não há nada a fazer nesta fase. Esta fantasia até pode ter fundamento jurídico mas, convenhamos, há por aqui uma atitude que roça a incúria e o abandono da função fiscalizadora de inspecções que, em outras matérias, vão até à análise das vírgulas. Ou seja, desde que chegue ao fim, está tudo bem. Se ainda não chegou ao fim, pode chegar e então tudo bem.

Se a confiança de uma criatura que viva neste mundo de fantasia já era pouca em instâncias centrais que dependem de forma submissa da hierarquia político-administrativa, agora foi-se a única esperança que exista alguma mecanismo interno relativo a desmandos e abusos e poder, a menos que sejam à vista de toda a gente num canal de televisão. Mesmo a criatura deste mundo de fantasia que conseguiu, após muita “resiliência” e alguma agressividade formal, o tal provimento, fica a pensar que a máquina está montada para intimidar, desmotivar ou demonstrar a inconsequência de qualquer acto de resistência ao modelo. Ou seja, essa resistência precisa estruturar-se “dentro” para conseguir alguma coisa. O problema, claro, é que cada vez mais pessoas, com algum histórico ou capacidade de choque, se passou a encolher e a adoptar o live and let die, mesmo que o vizinho do lado esteja a ser esmagado.

(como devem calcular, a criatura deste mundo de fantasia, assim como tudo o relatado é pura ficção, nem poderia ser de outro modo numa Escola do Século XXI tão inclusiva como a do professor Rodrigues e tão democrática no feedback informativo como a do doutor Fernandes, que o secretário Costa parece já ter desligado o interruptor e ter-se retirado para uma qualquer sofisticada comunidade promotora do bem-estar mental e da positividade)