Confesso que nem sei bem como ou por onde começar. Digamos que, para evitar desentendimentos, pedi a documentação disponível acerca desta situação para confirmar o que me foi d(escrito) por colega que lidou de perto com tudo isto. Irei transcrever o que me enviou e anexar uma imagem apenas para efeitos de demonstração da existência (e meu conhecimento) dos elementos de prova do que refere. Adicionalmente, confirmei os nomes entre a lista das progressões, a sinalização das classificações de “mérito” e os nomes que ocupam os referidos cargos de gestão. Como é óbvio, não divulgo nenhuns elementos nominais, para não dar azo a azares.
Tudo isto é triste, tudo isto é aviltante, mas, curiosamente, não é propriamente “ilegal”, no sentido mais restrito do termo e muito menos para os conceitos largos dos serviços centrais do ME que tutelam estas matérias. Se for feita qualquer denúncia ou é arquivada ou nem sequer é considerada digna de averiguações. É o resultado de um modelo de gestão com um pecado original que, quando cruzado com o de avaliação do desempenho, desagua nesta coisa pútrida.
Sobre o seu último post: no meu agrupamento foi pública a ADD, em documento afixado na sala dos professores a propósito das datas de progressão, e nenhum “zeco” teve direito a classificação de muito bom ou excelente (apesar de vários terem tido excelente na avaliação externa pois pediram aulas assistidas) acima de bom foi a Diretora, o marido desta e subdiretor, duas das adjuntas, a assessora jurídica e a coordenadora do 1 ciclo de uma escola (haverá ainda um outro muito bom que será de uma ex-coordenadora que mudou para outro QA). Em conversa com a amiga de outra escola, que é coordenadora e teve o seu muito bom, ela explicou que na escola dela também é assim, o Diretor até aconselha as adjuntas quando hão-de pedir a avaliação para que possam ter mais que bom e progredir mais depressa. Haverá forma de se saber se de facto é assim todas as escolas, e se os cargos de chefia e os membros da SADD escolhem estrategicamente ser avaliados pelo geral ou não e a sua avaliação é manipulada para lhes garantir que as magras quotas ficam para si.
Podem confirmar que existem apenas 6 vagas de “mérito” para os vários universos dos docentes de carreira, tendo eu confirmado que 4 foram para os membros da direcção que, para isso, terão passado para o “regime geral” (a directora entra em outro regime de avaliação), sacando a maioria das vagas do resto do pessoal. Resumindo… a maralha que fique pelos Bons que as lideranças é que são munta boas.
Isto é corrupção autorizada, ou promovida pelo Estado!
É urgente mudar o modelo de gestão!
Portugal não pode continuar a cair nos rankings europeus da democracia.
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Por esse motivo muitos colam-se às direções,,,lutam pelas migalhas. Vale de tudo…tráfico de influências, padrinhos…partiram-nos ao meio. Porca miséria!
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Até quem faça parte da elite do secretariado de exames, que em algumas escolas são eternos, são muito bons…numa tarefa tão básica.
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O pessoal do secretariado de exames deixa-os em paz.
A única recompensa que têm é mais trabalho.
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Estou a falar de uma caso conhecido aqui no norte…há 12 anos, quem faz horários, elabora as turmas, faz o secretariado de exames, quem é coordenador de departamento (há doze anos) são sempre os mesmos e repartem os “muito bons”
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Que dizer daquelas direções e respetivas comitivas que se perpetuam no poder por um quarto de século graças a fusões, reconduções e truques afins!
É salutar para a democracia?!
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Mas esse é um caso descaradamente óbvio, e no mínimo suspeito, passível de uma investigação séria, porque mesmo não sendo “ilegal”, é imoral!
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Cuidado com a «moral», os fanáticos acham-se cheios dela. Caramba, somos ou não somos um Estado de Direito?
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Não, não somos. Se fossemos, situações destas em vez de toleradas ou arquivadas, seriam investigadas e punidas.
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Pelo documento interno do Agrupamento que coloca ou por algumas das informações que dá, reconheço-me como diretora do Agrupamento em causa.
A notícia acenta em muitas falsidades e entristece-me o juízo de valor que faz a partir do termo vilania. Peço-lhe que me permita responder, agora sim com factos, a esse ataque infundado ao meu carácter e ao funcionamento do Agrupamento.
A título de exemplo, eu não tive muito bom, nem nenhum elemento da minha equipa da direção foi avaliado este ano, 5vbem como a minha assessora jurídica. Creio saber quem lhe enviou esta estória, um colega com 9,3 de classificação que não entrou nas quotas.
Agradeço que me informe onde deverei ativar o meu direito a resposta.
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“acenta”, Senhora Directora?
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Isso mesmo, foi um lapso, escrita em telemóvel: assenta. Agora já está correto.
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Correção: assenta e não acenta.
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Cara “Directora”, não identifiquei qualquer escola ou nomes.
Não fiz qualquer acusação individual.
Não faço a mínima ideia da classificação de quem me forneceu elementos que são públicos na escola em causa. Documentos que tive o cuidado de não divulgar.
Como “direito de resposta” as coisas ficam estranhas.
Claro que pode escrever aqui em comentário ou enviar-me para um mail que é por demais público há anos, desde os tempos do meu blogue anterior, onde estava em epígrafe, que acredito que desconheça.
Mas penso que não terá qualquer dificuldade em encontrar aquilo que qualquer colega consegue, quando me quer contactar.
Só lhe peço uma coisa… o “desmentido” não poderá ser como aqueles que o Umberto Eco descreve.
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Certo, mas deu demasiados indícios para salvaguardar as identidades pessoais, identificou bastante a roupa pretensamente suja que quis lavar.
Os documentos que consultou não são todos os documentos, são uma ínfima parte dos que existem relativos ao processo de avaliação do desempenho do pessoal docente. Sendo de história, deverá conhecer bem o princípio da contextualização documental.
Partir do princípio que desconheço o que quer que seja, nomeadamente o seu anterior umbigo, é um pouco pretensioso, não acha?
Creio (é mesmo assim) compreender que sinta uma certa animosidade relativamente aos órgãos de gestão das escolas, faz parte do estilo deste blog. Mas isso não lhe dá imediatamente o direito de lançar as mais pérfidas acusações contra os seus colegas diretores e diretoras, prolongando a velha polarização à volta dos puros e dos impuros.
Factos:
Fui presidente de CAP em 2017/2018 e sou diretora desde 2018/2019, terminarei o mandato este ano e, em março, avisei que não iria continuar. Veja, não me vou recandidatar, lá se vai o fantasma dos diretores quererem o poder pelo poder.
Passo então a mostrar o número de menções de mérito atribuídas durante o meu mandato e quantas foram para elementos da direção. O meu lema sempre foi o da transparência.
Em 2017/2018 – foram avaliados apenas 44 docentes do universo dos docentes contratados, dado que as e os docentes de carreira já tinham o seu processo de avaliação concluído em anos anteriores, aguardando apenas o descongelamento da carreira. Dos 44 docentes contratados, 11 tiveram Muito Bom.
Em 2018/2019 – foram avaliados 38 docentes do universo dos docentes contratados, 23 do universo dos docentes de carreira, 2 do universo dos coordenadores e 3 no universo dos avaliadores. Foram atribuídos, respetivamente, 9 muito bons, 1 excelente e 5 muito bons, 1 muito bom e 1 muito bom, num total de 17 menções de mérito. Para clarificar os pouco conhecedores, mas audazes a fazer juízos de valor, neste ano foram avaliados dois elementos da direção e apenas um teve menção de mérito (com avaliação externa).
Em 2019/2020 – foram avaliados 34 docentes do universo dos docentes contratados, 17 do universo dos docentes de carreira, 2 do universo dos coordenadores e 2 do universo dos avaliadores. Foram atribuídos, respetivamente, 9 muito bons, 1 excelente e 3 muito bons, 1 muito bom e 1 muito bom, num total de 15 menções de mérito. Mais uma vez, para clarificar as e os pouco conhecedores, mas audazes a fazer juízos de valor, neste ano foram avaliados quatro elementos da direção e apenas dois tiveram menção de mérito (com avaliação externa).
Em 2020/2021 – foram avaliados 37 docentes do universo dos docentes contratados, 14 do universo dos docentes de carreira, 3 do universo dos coordenadores e 3 do universo dos avaliadores. Foram atribuídos, respetivamente, 9 muito bons, 1 excelente e 3 muito bons, 1 muito bom e 1 muito bom, num total de 15 menções de mérito. Mais uma vez, para clarificar as e os pouco conhecedores, mas audazes a fazer juízos de valor, neste ano nenhum elemento da direção foi avaliado.
Resumindo, das 58 menções de mérito atribuídas nestes últimos quatro anos, 3 foram para elementos da direção.
Relativamente a mim, que também fui «acusada» de ter tido muito bom, uma heresia, como não podia deixar de ser (como é que uma diretora pode ter muito bom? como?), mais uma vez tudo é falso e calunioso.
Deixo aqui mais uma informação: a avaliação de uma ou um diretor assenta em três parâmetros: Compromissos – cumprimentos de cada conteúdo fixado na Carta de Missão da Diretora; Competências – liderança, visão estratégias, gestão e representação externa demonstradas e Formação contínua. Obtive uma classificação final quantitativa de 9,975. No entanto, como não existe uma carreira de diretores, pertencemos à carreira docente e, por isso, também estamos sujeitos aos tais percentis. Os nossos são calculados ordenando as classificações quantitativas de todos os diretores a nível nacional e, assim, a minha avaliação quantitativa de 9,975 foi convertida numa menção de bom.
Claro que o Paulo se guiou pelo documento que coloquei na sala de professores, e no agora publicado, e editado (sublinhado) por si, contendo apenas quatro ou cinco asteriscos de bonificação de 6 meses por menção de muito bom. Ora, esses asteriscos deixaram de ser atualizados há muito, por uma questão de proteção de dados, embora me tenha esquecido, lapso meu, de tirar aqueles que ainda lá estavam. O meu asterisco, por exemplo, diz respeito a uma avaliação que obtive quando ainda não era diretora. Seria interessante também perceber que as menções de mérito num determinado escalão, apenas produzem efeitos na progressão do escalão seguinte.
Como vê, a realidade não é tão unidimensional como pensa.
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Vergonha – parte II.
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estão a acordar tarde…
em janeiro de 2011, um diretor realista de uma escola pública, na reunião geral do inicio do ano letivo, comentou o seguinte sobre a ADD:”Colegas, da maneira como está feita a legislação, metam na cabeça que a maioria de vocês jamais chegará ao topo da carreira.”
O congelamento escondeu os efeitos que só se evidenciaram após o descongelamento…
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Ui, há aqui alguém com instinto de vingança (será que conhece a IGEC?). Paulo, sempre fiel aos factos, não é?
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Todos conhecemos a IGEC.
A fidelidade aos factos demonstra-se com documentos.
Os que recebi confirmam a descrição feita na mensagem que me enviaram.
Pessoalmente, não me quero vingar de ninguém, apenas demonstrar que esta ADD não serve.
Por outro lado, não gosto de sentir certas insinuações, até porque não sei ao que se refere.
Ahhh… e muito menos me agradam intimidações, como deverá saber. Ou não.
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E por “intimidações” nem me refiro especialmente a mim, mas a qualquer tipo de caça ás bruxas interna.
Certo?
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Todos os professores estão encerrados, como ratos, dentro de uma gaiola eletrificada. Tal como os ratos que se mordem uns aos outros em reação aos choques, nós professores temos o mesmo comportamento. É hora de rebentarmos com a gaiola, se ainda nos resta alguma dignidade.
A que ponto chegámos..
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Mas haverá algum dia a coragem política para acabar com esta ADD e este modelo de gestão das escolas? Ainda não ouvi nem li nenhum partido que manifestasse essa intenção ou sequer que revelasse alguma estratégia para o sistema educativo.
Infelizmente, esta alternância governativa PS/PSD só tem acentuado injustiças, promovido o clima de desunião entre pares e fomentado o desânimo pedagógico, nada propícios ao tão aclamado e necessário trabalho cooperativo nas escolas.
Pela denúncia e o repúdio dos efeitos destes sistemas, de avaliação e de gestão, agradeço ao Paulo Guinote, que, com as suas opiniões e contributos reflexivos, me mantém viva a esperança em algo melhor.
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Maria, o problema é mesmo esse. Nenhum partido se interessa pela Educação / Sistema Educativo porque não dá dividendos, protagonismo, nem poder político e económico. Infelizmente, o mal da Educação, e também da Cultura, em Portugal, reside no facto de ambas serem encaradas como coisas menos relevantes, só para entretenimento e para intelectuais, e que do ponto de vista económico não são aliciantes e lucrativas, não dão fortunas a ganhar para investir em offshores e sustentar a corrupção. Pelo contrário, o desinvestimento tem sido feito nessas áreas com o objetivo de desviar para as outras mais convenientes e “estratégicas”.
A estratégia é justamente não haver estratégia, um plano com linhas de ação concretas, claramente definidas e reduzidas ao essencial (não confundir com “mínimos”), sem rodeios, floreados e fantasias relativamente ao que a educação deve ter como principais objetivos: a formação de pessoas, cidadãos e profissionais bem formados, responsáveis, com sentido crítico, e comprometidos ativamente na construção de um país e de uma sociedade mais saudáveis e sustentáveis, para o bem estar comum e não apenas individual. Mas isso exige vontade e coragem, que tem faltado tanto à esquerda como à direita. Não existe uma verdadeira oposição política em Portugal da mesma forma que não existe uma alternativa para a educação dos políticos.
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Que palavras tão sabiamente lúcidas, Paula.
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