O caso do E360 é apenas mais um exemplo de que a conversa da “autonomia das escolas” não passa de uma falácia, assim como o discurso contra a “centralização” excessiva dos procedimentos relacionados com os concursos de professores não passa de uma hipocrisia. Portanto… fazer um concurso único para umas dezenas de milhar de professores é algo “centralista”, quiçá “estalinista” e atentatório da “autonomia” e “liberdade” das escolas, mas obrigar todas as escolas a usarem a mesma plataforma informática para registar todas as informações sobre todos os professores, funcionários não docentes e todos os alunos do sistema público de ensino já será algo “descentralizador” e um elemento de “autonomia” e “liberdade” das decisões a nível local?
A obrigação de todos os agrupamento e escolas públicas usarem um programa único tem uma lógica obviamente centralista, seguindo o que já tem sido tradição no passado com o controle extremo de toda a informação disponível nas escolas públicas. As escolas que usam plataformas como a INOVAR ou o GIAE, por críticas que mereçam, estavam a começar a estar ambientadas e a funcionar em velocidade de cruzeiro ao fim de alguns anos, quando surge esta imposição para passar tudo para uma plataforma que desde 2017 terá custado, pelas minhas contas, cerca de um 3 milhões de euros para funcionar mal quando se chega ao final dos períodos, desaparecendo opções de acesso e tratamento da informação devido a “sobrecarga” de acessos, o que é ridículo. Sim, as escolas pagam a utilização daquelas plataformas, mas o E360 só é “gratuito” no sentido em que o pagamento (avultado) é feito a partir do poder central. Desde 2017 que está em implementação gradual e ainda tem “bichos” por tudo o que é sítio e uma lógica de funcionamento à informático puro que desconhece a melhor forma de organizar a informação de uma escola e de com ela trabalhar. Tarefas que deveriam conseguir fazer-se com um par de cliques, no E360 precisam de 4 ou 5 passos para se completar, quando aquilo não fica ali a “pastar”. em blocos de 90 minutos, os sumários têm de ser feitos à unidade. O sistema de registo e organização das faltas é, no mínimo, peculiar. O ano passado, a opção para justificar várias faltas ao mesmo aluno (ou a vários pelo mesmo motivo), a certa altura também desapareceu e só quem passou por ter de justificar faltas causadas pelo isolamento profilático de vários alunos pode avaliar a estupidez de se ver obrigado a fazê-lo aula a aula (10 dias de faltas a 5-8 tempos diários dá para ter uma escassa ideia da parvoíce de o fazer e a cada justificação o sistema voltar sempre à primeira página das faltas).
O dinheiro enterrado e o tempo que já passou deveriam ter sido suficientes para aquilo ser algo que facilitasse o trabalho, não que o tornasse pior do que nos tempos de fazer cruzinhas manualmente em tabelas de faltas e depois ir lá fazer círculos nas justificadas, antes de somar tudo e fazer os cálculos. A “transição digital” nas escolas é esta vil e apagada tristeza e há uns dias atrás o Arlindo divulgava a resposta dos serviços do ME que o impedem de fazer um contrato que melhore as condições de acesso à net no seu agrupamento, pois “As velocidades de download/upload não podem ultrapassar o mínimo necessário, ou seja 100/20.”
Simplex? Modernização tecnológica? Autonomia?
A sério?
Autonomia das escolas e concursos locais? Sou contra! Se já estamos com cada escola a fazer o que quer em função das lentes de cada Kapo, já chega! É mau demais.
O país é pequeno, sem problemas de identidade. A democraticidade tem de ser igual para todos.
Quanto aos programas informáticos de xita, que os façam como deve ser!
Que invistam no futuro, a escola, e que deixem de defraudar o país!
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A conversa do “vai ser obrigatório” já se ouve faz um tempo. Ouvia-se, por exemplo, quando o agrupamento em que trabalho decidiu mandar o E360 às urtigas e retomar o uso da plataforma que era utilizada antes. Não foi fácil, já tive oportunidade de o dizer aqui, até porque o acesso às bases de dados não foi disponibilizado, mas compensou largamente. Para além disso mostra que é possível.
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Possível? Claro que é. Mas depende da força e interesses das lideranças locais. E de alguns grupos de pressão internos, claro.
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na minha escola é GIAE e nao mudam
depende das Direções e de quanto sao ou não influenciáveis
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Direções não influenciáveis!!!! Ah!ah!ah!
Basta o SE costa mandar ladrar…, começam logo a morder!
Assim têm, estes pequenos déspotas, garantida a manutenção de um poder distópico e sem sem submeterem a sufrágio democrático.
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Depende basicamente de se entender que a autonomia não é dada, seja acompanhada de conversa ou não. Aceitar isso seria negar o próprio sentido da palavra.
O resto, apesar de importante, é conjuntural.
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Mas há pessoas de entendimento curto.
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Não me choca que o ME disponibilize uma plataforma às escolas. Até acho que é uma obrigação sua.
O que irrita é a falta de qualidade aliada ao desejo de querer que todos usem aquilo.
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A Câmara de Coimbra adquiriu o Inovar para todos os agrupamentos. 600 mil euros.
A descentralização é tão linda…
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Mas isso é muito dinheiro para um só concelho.
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Obrigatório? Vai lá a polícia de choque se não a adotarem? Os sistema são incompatíveis e o ME quer os dados nos seus sistemas? Que vá às escolas buscá-los!
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Até parece que o 360 é o problema das escolas!!!!!
Preocupem-se com os verdadeiros cancros das escolas… SE costa, diretores-kapos, ADD, falta de democracia, perseguições e ameaças…
Enquanto gastarmos energias com minudências…
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Os programas aqui apresentados como alternativa, podem estar menos mal feitos mas não foram sujeitos a uma auditoria independente de segurança e privacidade. Só como exemplo, o Inovar há poucos anos permitia que um administrador visse as senhas de qualquer utilizador (nem quero imaginar as falhas de segurança que terá agora); e o GIAE Online nem sequer é uma aplicação web feita de raíz: não passa do mesmo programa que já existia, que foi agora colocado no servidor e com o qual comunicam através de código javascript escrito com bibliotecas algumas já muito desatualizadas (portanto sujeitas a falhas de segurança).
À luz do RGPD, todas as escolas são obrigadas a aplicar medidas técnicas de proteção de dados pessoais, coisa que nenhuma faz (embora o escrevam naqueles documentos oficiais de “política de tratamento de dados” que se encontram nos websites, enquanto usam o software da Google e MS para enviar – de modo não cifrado – dados sensíveis de menores de 13 anos e outros). Deve ser o ME a assumir essa responsabilidade, usando uma aplicação centralizada e também uma plataforma própria segura de email e de colaboração (incluindo por videoconferência). Agora, é óbvio que isso deve ser feito por empresas de “1.ª divisão” e com obrigação de auditorias frequentes.
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O E360 também tem vulnerabilidades evidentes ao nível da segurança. Quanto á privacidade dos dados, continua a existir quem possa aceder a tudo, enquanto há quem precise e não consiga. Depende de algumas especificações que podem ser alteradas a pedido das escolas.
Não conheço o Inovar e queixei-me várias vezes do GIAE, mas o E360 é uma plataforma pouco eficaz, embora esteja em implementação desde 2017.
A Novabase não é propriamente dos “distritais” e tem uma longa relação com o Estado. O que me parece é que á equipa que está a desenvolver o E360 faltam pessoas com conhecimento dos “fluxos” de informação que funcionam nas escolas.
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