O do ano passado já tinha sido bom.
Dia: 5 de Janeiro, 2022
Ok… Depois Não Se Queixem…
… se com o conhecimento de surtos, forem os pais a não querer a miudagem mais nova na escola. E é curiosa a pressa de mandar dizer isto ainda antes da reunião do Conselho de Ministros. Alguém tem muita pressa em qualquer coisa, sem que aparentemente se perceba que mandar de cada vez um ou dois para casa é bem pior do que mandar todos juntos e assegurar tarefas assíncronas à distância até voltarem. Todos. Ao mesmo tempo.
Por outro lado, significa que os professores serão todos considerados de baixo risco, até porque uma parte já terá levado o “reforço”.
Escolas reabrem sem confinamento de turmas
Só alunos com covid-19 e irmãos terão de confinar a partir de agora. Por agora, Governo não vai agravar medidas de prevenção de contágios de covid-19.
Conselho de Ministros vai assumir a reabertura das escolas na segunda-feira, dia 10, como estava previsto, e o Governo considera que há condições de o ensino ser menos afectado devido às novas regras aprovadas esta quarta-feira pela Direcção-Geral de Saúde (DGS) em relação aos confinamentos por causa dos contágios por covid-19.
Nomeadamente, porque a partir de agora só é considerado contacto de alto risco sujeito a confinamento quem coabita com o doente de covid-19 e não recebeu ainda a terceira dose da vacina, explicou ao PÚBLICO um membro do Governo, frisando que “acabou o confinamento de turmas”. O responsável governativo clarifica assim o impacto sobre as escolas das medidas aprovadas pela DGS.
Linhas Vermelhas?
Foram criadas novas e já nem o amarelo aparece. Mas como parece que só morre quem já ia morrer de qualquer modo, o Arco da Tranquilidade já vai do Lacerda Sales aos relativistas da “verdade”, passando pelo Filinto, pelo pai Ascenção e pelo SE Costa.
As coisas anedóticas valem o que valem, mas o tipo que me veio entregar hoje a encomenda de livros (já quase não há propriamente carteiros) disse-me que nas 30 entregas anteriores tinha encontrado 13 casas com pessoas em isolamento. Em cerca de 500 metros tinham sido 4. O que vale é que a pastelaria da esquina deve ser zona de contágio zero, a avaliar pela maneira como pessoal está despreocupado de bica em punho.
O “Contágio Zero” Nunca Existiu
Este texto foi originalmente enviado para o Público há mais de uma semana. Como a espera se ia alongando e a actualidade mudando, preferi que fosse cancelada a publicação em vez de estar em marinada até não fazer sentido (a sugestão de que não valia a pena ficar mais dias na fila foi minha, não se trata de nada como na SICN, na 2ª feira, em que percebi claramente que me cortaram o pio, a sangue frio). E deste modo posso colocar a versão relativamente mais longa, não editada para caber nas medidas do espaço em papel e com uma frase adicional em relação ao original. É mais um daqueles textos que não me vai trazer grandes amizades, pelo que assim até fica com circulação mais limitada.
Nesta espécie de desconversa de surdos entre os que encaram a pandemia como uma realidade que deve ser combatida com os meios ao nosso dispor, do simples bom senso aos últimos avanços científicos e aqueles que a consideram um mero acidente de percurso, sem especial gravidade, muito empolamento mediático e aproveitamento político e comercial, estou do lado dos primeiros, mesmo se tenho poucas certezas estabelecidas.
No que se pode chamar a “gestão política da pandemia” existiram vários erros óbvios, uns nascidos do desconhecimento e ignorância, outros de um voluntarismo excessivo e alguns de evidente oportunismo mistificador. Não sendo especialista em Saúde, deixo as questões mais técnicas desta área para quem a função (e dever) de informar do modo mais completo possível a opinião pública, sem ceder demasiado aos interesses particulares ou a crenças ideológicas mais arreigadas. Mesmo se isso nem sempre se tem revelado muito viável, com muita gente mais preocupada em defender uma posição individual ou de grupo definida a priori do que em entrar em qualquer debate a sério.
Prefiro centrar-me nas questões relativas à área da Educação que foi a que, depois da Saúde, maior polémica despertou, nem sempre pelos motivos mais razoáveis. Nesta área notaram-se ainda mais as clivagens ideológicas e a irredutibilidade de preconceitos sem qualquer margem para ouvir a argumentação das partes em confronto e mudar as posições assumidas como as únicas aceitáveis. O encerramento das escolas chegou a parecer a questão central de toda a pandemia, com a discussão a ganhar tons de algum delírio e muitas acusações descabidas à mistura.
Interessa-me aqui revisitar o que desde o início me pareceu ser o argumento mais falacioso dos que defenderam o funcionamento das escolas, não interessa como, de governantes a opinadores mediáticos. O que se apresentou como fundamento mais forte para não encerrar as escolas foi o do pseudo “contágio zero” que nelas se conseguiria manter. De acordo com esta tese, defendida pelo ministro que já foi cientista e muita gente que deve ter falhado as disciplinas de Ciências no Básico e Secundário, nas escolas as crianças não seriam afectadas pela propagação do vírus e, mesmo que fossem atingidas, os sintomas nas idades mais jovens são escassos e os riscos de letalidade muito residuais, pelo que não se justificava que as escolas fechassem.
Não sendo o fecho das escolas e o indesejado regresso ao ensino não-presencial o que em tudo isto mais me incomoda, já me perturba a falácia criada e mantida de um mítico “contágio zero” que qualquer lógica mínima teria dificuldade em defender. Porque nem alguma vez houve “contágio zero” – e quem tem estado nas escolas sabe isso mesmo – nem era essa a questão fundamental. Porque o objectivo era quebrar cadeias de transmissão que podiam vir do exterior da escola e nenhuma “bolha” garantia que as escolas fossem oásis em tempos de pandemia, por muito que se tenha feito nesse sentido.
Com a população adulta por vacinar era importante que as crianças e jovens, que pouco padeceriam com a covid, não funcionassem como agentes transmissores. O que foi intensamente negado, com recurso a estatísticas sobre a incidência da doença. Só que, com os adultos vacinados percebeu-se que, com um caminho dificultado, o vírus passou a atingir de modo mais intenso a população jovem não vacinada. E de novo se ouviram as teses de que a vacinação é desnecessária (e mesmo perigosa), não devendo os mais jovens ter de se sacrificar em defesa dos mais velhos, a quem já se percebeu que as vacinas apenas dão uma defesa parcial. Porque são raras as crianças que morrem e que os casos graves ocorrem apenas quando existem factores de risco acrescido. E regressamos a uma variante da tese do “contágio zero”, mesmo quando já se sabe que isso é falso, mesmo entre os que se dizem “pela verdade”. Reabrir as escolas em todos os níveis de ensino está longe de ser sensato, como já foi sublinhado por diversos especialistas de que podemos gostar mais ou menos.
Só que a “verdade” é outra e passa por um dos lados não querer que as escolas fechem por inconveniências particulares e inclinações ideológicas e do outro porque seria impopular em tempos pré-eleitorais e porque continua por preparar uma demagógica “transição digital” na Educação. Por isso, podemos esperar por tudo, menos por decisões baseadas numa análise vagamente objectiva dos dados disponíveis, sendo muito mais práticos e fáceis (populistas) os chavões como o do “contágio zero”.
Entretanto…
… alguém se pode considerar seguro com os dados pessoais e profissionais armazenados em plataformas que parecem trabalhos em progresso?
Ataque sem precedentes em Portugal apagou todos os dados e registos históricos digitais dos títulos do Grupo Impresa.
Para Os Liberais, Parece Que Sem Pandemia Estaria Tudo Bem Na Educação
O problema são os confinamentos e as férias. Note-se que nesta agremiação política não é raro haver queixas contra o excessivo tempo da petizada em aulas, mas parece que desde que fiquem na escola, com ou sem contágios, não interessa. neste caso, penso que em convergência com as prioridades do SE Costa.
“O problema da educação em Portugal está, por via de decisões política, relativas a confinamentos, horários e férias, a transformar-se numa autêntica tragédia, relativamente à qual, se não tivermos atenção, vamos demorar décadas a recuperar”, disse João Cotrim de Figueiredo, em Lisboa.
Pelo Aventar
Para Ouvir Com Atenção
E ele conclui muito bem que se as pessoas que tem informar se calarem, o espaço fica aberto para quem?
Covid. Um depoimento impressionante (na íntegra): as ameaças, incluindo de morte, a Filipe Froes
Se quem tem saber e informação fundamentada se silenciar, temos os “investigadores” que acham ligações às farmacêuticas de toda a gente, excepto dos que acham do seu “lado”. Ou então num dia acham ligações a determinada pessoa, mas dias depois esquecem isso, se essa pessoa mudar de opinião. Ou, como já vi, destratam alguém por ser pneumologista (ahhhh… X é que é virologista), mas depois endeusam uma anestesiologista de ar meio atarantado que propunha fraudes. Como esta:
Derrière la mort d’une «fausse vaccinée» de Garches, une filière de faux pass sanitaires qui mène à Nice
4ª Feira
Irrespirável. Tóxico. O ambiente resultante da mistura das intolerâncias em torno da pandemia com o tribalismo partidário em torno da campanha. Se já antes eu isolei um pouco este Quintal, aceitando colaborações externas meramente ocasionais e não entrando em diálogos frequentes com a vizinhança, e se nas redes sociais raramente entrava em discussão fora do meu mural, agora decidi que o melhor é pura e simplesmente eliminar qualquer tipo de interacção em que pretenda expor qualquer contraditório, porque as reacções são intensas e mesmo violentas. Ainda não se chegou a ameaças – como com comentadores televisivos que contrariem a tese de estarmos já em fase endémica – mas a forma agressiva e/ou condescendente de apreciar qualquer esperança de de diálogo tirou-me qualquer vontade de confrontar ideias com quem tem crenças inabaláveis. A irracionalidade estendeu-se para além das fronteiras anteriores e contaminou gente que até há bem pouco tempo parecia razoável. Quem por aqui passa e sabe que ando meio disortográfico, sabe que agradeço as mensagens a pedir que eu corrija os meus erros e não trato mal quem me aponta falhas, desde que o faça de modo natural (ou ande depois pelas costas a ofender-me, de forma hipócrita, pensando que não o sei), pelo que não preciso de ler mensagens privadas como algumas que li ontem, de quem acha que a sua intolerância dogmática não pode ter qualquer contestação. Não estou habituado a sentir-me um detestável e indesejado moderado. Estou mais habituado a que algumas pessoas nem comentem no blogue para não serem vistas por aqui e ainda terem dissabores. A saúde mental passa por não nos expormos de modo excessivo à toxicidade do que, ainda mais do que no passado, passou a ser uma arena de vida ou morte, mesmo que virtual. sinceramente, que se lixe, porque não acredito que isto já tenha conserto.
(inesperadamente, dei comigo a pensar que o camarada Jerónimo é que tem razão…)