O problema é que os que andam por aí com muitas teorizações já não passaram por isto e outros ainda não tinham lá chegado, pelo que a malta com certificado de stress pós-traumático é quem levou com isto ali mesmo no meio da testa em petiz.
Como andei utilmente a arrumar velha papelada no último dia útil da pausa, dei com os meus registos de avaliação do Preparatório e do Unificado e nem me lembrava de como a coisa tinha sido diversificada, em especial no 1º ano do então ainda Ensino Preparatório, ano lectivo de 1975/76 de bela memória.
Então é assim… se bem me lembro as hostilidades começaram em Outubro como era mais ou menos usual e as primeiras “notas” chegaram antes do Natal. Olhando para a ficha que me chegou a casa pelo correio (tenho ainda o envelope e tudo), a tese dominante seria a da avaliação meramente “qualitativa” e do mínimo esforço possível, por boa memória que eu ainda tenha de alguns dos meus professores destes tempos, mesmo do dt que era professor de Ciências e nos atirava com o que calhasse à cabeça se nos lembrássemos de dizer “derreter” em vez de fundir.
Eu “satisfazia” a tudo, menos a Música e Educação Física, porque não havia professores e terá sido provavelmente por essas alturas que comecei a “perder aprendizagens” nessas matérias. Se repararem bem, o dt assinava pelo “Presidente da Comissão de Gestão” que era como então se chamava a CAP.
Algo de que me tinha esquecido por completo é que tivemos notas no Carnaval e nesse caso com a boa e velha escala de 0 a 20. Ou isso ou já existiam semestrais. Como se pode constatar eu já satisfazia de forma muito diferente, com a professora de Trabalhos Manuais a dar-me 10 por caridade marxista, que eu bem me lembro que era do MRPP.
Já havia professor de Música, mas decidiu que ainda não tinha elementos para dar classificação quantitativa e deu-me “Bom” por manifesta desatenção, que eu não percebia nada dos batimentos das mínimas, semínimas, colcheias e semicolcheias. Mas tinha ar atento e compenetrado, que era da miopia.
Chegados à Páscoa, adivinhem lá? A escala de avaliação mudou outra vez… e com ela a folha de registo, que passou a ser em formato A4 e já trazia espaço para a “situação do aluno”, que era uma espécie de avó da “síntese descritiva”. Em coerência, o professor de Música absteve-se de dar nota ou já se tinha ido embora. O professor Gromicho de Matemática mal faltou e o professor Artur de Estudos Sociais também, podendo radicar aí o meu posterior sucesso em Matemática (até chegar o raio das funções no 9º ano) e o gosto pela História. Da professora de Português não me lembro o nome, infelizmente. Educação Física, só mesmo jogar à bola durante os “furos” da dita.


E eis que chegamos ao fim do ano lectivo e, por uma vez, repete-se a escala de avaliação, a dos níveis de 1 a 5, em que se confirma a minha falta de jeito para as manualidades. De Música e Educação Física, nicles e eu deveria processar o Estado por tudo o que mais tarde se passou, ou seja, uma enorme falta de jeito para bater um compasso ou saltar o raio do cavalo. E note-se que a 5 de Junho já estava a petizada de férias até Outubro, sem que isso causasse problemas de saúde mental.


Portanto, quem passou por isto aos 10-11 anos acaba bááácinado para quase tudo.
Uau….18 a Maremática!!!
GostarGostar
Matemática…quis dizer
GostarGostar
Por estranho que pareça sempre foi a minha classificação mais alta. Seguindo-se Inglês e, mais tarde, FQ. Nem no Secundário, História era a minha nota mais alta.
GostarLiked by 1 person
Gostei sobretudo do “A BEM DA REPÚBLICA” em vez do tradicional “A BEM DA NAÇÃO”.
GostarGostar
Sim. Também achei piada. Nessa altura, apesar dos tempos instáveis da revolução, ainda havia república. Agora? Só bananas mesmo.
GostarGostar
Satisfaz plenamente a Inglês e a gaja deu-te um 4?! Isso passou na verificação?
GostarGostar
Grande trauma….
GostarGostar
Qual verificação… na segunda metade de 80 o requinte da verificação era a posição e cor das faltas justificadas e injustificadas.
Entretanto, este post permitiu que no fbook, através da conta da sua cara-metade, o meu professor Artur se reconhecesse no retrato e me respondesse, o que foi das melhores coisas do ano, incluindo 2021.
GostarLiked by 2 people
Delicioso, Paulo! O mundo dá mesmo muitas voltas…. Que bonito. São estes reencontros que valem mesmo a pena e nos servem para relativizar esta bodega toda das escolas de hoje…
BOM ANO PROF. ARTUR!
BOM ANO PAULO!
GostarLiked by 1 person
Grandes verdades… Grande post…
Boa Guinote
GostarGostar