… andar a analisar com grande detalhe o que os programas partidários defendem em matéria de Educação? No essencial, fazem proclamações vagas, não explicando como as pretendem implementar na prática. Quando apresentam algo mais concreto, uma pessoa espanta-se com as ideias subjacentes (como aquela de fazer uma espécie de dupla certificação profissional dos futuros docentes). Quase tudo é ditado pelo imediatismo e a “falta de professores” que ninguém pareceu ver a vários anos de distância, como se o envelhecimento fosse algo recente. Em matéria de gestão escolar, umas pinceladas escassas de quem já teve oportunidade de fazer alguma coisa e se ficou por resoluções. Quanto à carreira dos “envelhecidos” e à vergonhosa add, zero em coragem de dizer seja o que for; estive, por exemplo, a ler o programa do Bloco (não chega reclamar pelo fim das quotas, mesmo se isso é importante) e o “Compromisso” do PCP e a ausência de qualquer referência ao tema é uma lástima completa em forças políticas que se pretendem ter alguma representatividade no sindicalismo docente (o mesmo para a questão do tempo de serviço congelado e que todos parecem considerar tema fechado, apesar das tais “resoluções). Fico mesmo pasmo com certas preocupações
A Educação deixou de ser uma prioridade em temos de pandemia, mesmo se as escolas a funcionar são essenciais em tempos de pandemia. À Direita leio coisas que nem me apetece comentar, de tão demagógicas que são, ou seja, como se pode defender uma Escola Pública forte e de qualidade se estamos continuamente a duvidar da qualidade dos professores (PSD) ou a clamar pelo cheque-ensino para levar alunos para um privado de 2ª ou 3ª linha (CDS e Iniciativa Liberal, mesmo se estes nem sequer fingem interessar-se muito pelo funcionamento da rede pública). O Chega diz umas coisas que parecem soar bem, se esquecermos que tudo é “contra os socialismos”, a “esquerda e a extrema-esquerda” e poucas coisas são mais (teoricamente) típicas de uma governação de “esquerda” do que uma Escola Pública para todos. Mesmo se o PS (incluindo o da geringonça) optou transformá-la numa espécie de coutada para as suas clientelas e uma via para canalizar meios financeiros para organismos e estruturas que lhe são externas.
Portanto, não é pela análise das propostas para a Educação que me conseguem convencer que, chegando ao poder uma geringonça de esquerda ou direita (e muito menos uma maioria absoluta do PS), alguma coisa mudará de relevante, excepto a imposição de mais uns remendos no currículo e umas medidas ad hoc para colmatar a falta de professores, considerando que tornar a profissão “mais atractiva” se limita a mais um lote de vinculações “extraordinárias” ou a pagar mais nos primeiros escalões, enquanto se encolhe o horizonte de progressão a partir do primeiro terço da carreira, mesmo que se mantenham formalmente escalões com remunerações nominais comparativamente elevadas nos estudos da OCDE, mas de que 40% ficam na posse do Estado, logo à cabeça.
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Quais programas? Aquelas coisas feitas à pressa que, na maioria dos casos, foram apresentadas uma semana depois de estarem em torneios e liças a ocupar o tempo que as TVs tinham reservado para debates sobre futebol?
Os textos terão sido encomendados a um miúdo que estuda Ciências Políticas em Harvard e vende aquelas coisas na Internet? Parece que os fazem para todos os gostos, bastando indicar 3 ou 4 palavras-chave. O número de páginas depende da disponibilidade financeira.
O miúdo está habituado a lidar com países do terceiro mundo e por isso criou uma série de metáforas destinadas a simplificar a tarefa de situar no espectro político as preferências do cliente.
Para obter um programa como o do PS, teríamos de seleccionar as seguintes opções na lista que o jovem havardiano apresenta:
1. Estado civil
a) Marido enganado que recentemente descobriu que a mulher fugiu com um homem mais velho;
2. Grau de disponibilidade para um novo relacionamento
d) Muito magoado, prefere ficar sozinho.
3. Temas a abordar durante um jantar romântico
a) O mundo pode ser cor-de-rosa se essa for a cor das lentes de contacto.
4. Num terceiro encontro, até onde está disposto ir?
c) Prometo uma lua-de-mel nas Caraíbas caso aceite casar comigo, mas aceito uma semana nas Seychelles para não casar.
A proposta do PSD resultaria da seguinte selecção:
1. Habilitações literárias
a) Literárias? Acho que não tive essa disciplina na escola. O meu negócio é números.
2. Se o seu amigo lhe contar que está a pensar divorciar-se, qual o conselho que lhe daria?
d) Nunca gostei dela. Sempre pensei que tínhamos sido feitos um para o outro.
3. Se a sua empregada doméstica lhe pedir um aumento, o que lhe responde?
b) Quando a situação o permitir, uma das minhas prioridades será melhorar as tuas condições salariais; deixarás de pagar a tua farda e serás até dispensada de a usar.
4. Se fosse o capitão de um navio de cruzeiro que estivesse a afundar-se no alto mar, qual seria a sua maior preocupação: salvar as crianças, os passageiros adultos ou a tripulação?
c) A empresa proprietária do navio.
Outros partidos não obtiveram satisfação por parte do jovem americano. Eis algumas das respostas que receberam na volta do correio.
“Sorry, mas o que parece pretender é um testamento e não um programa político. Caso esteja interessado posso indicar-lhe o nome de um colega especialista em obituários.”
“You asshole son of a b… ., nem que me pagasses 1 milhão aceitaria escrever esse programa. Fica sabendo que tenho muito orgulho na ascendência porto-riquenha da minha mãozinha.”
“Lamentalvemente não sei como expressar essas ideias de modo a serem entendidas pelos animais de companhia.”
“Não percebi o que pretende que eu escreva. Afinal, a ideia não é dar a cada um a possibilidade de fazer as suas próprias escolhas? Para que precisa de um programa?”
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Mas a queda da ideia (pífia) do cheque ensino, no programa do PSD, merece registo. (Não sou eleitor deles)
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Caro Paulo,
Continuo a passar por aqui.
O programa integral do Chega é este:
https://partidochega.pt/reforma-do-ensino-basico-e-secundario-seis-principios-fundamentais/
Abraço
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Eu acredito em Deus e em milagres. Mas o milagre de Deus acontecerá quando a política e os políticos não se configurarem com este modelo de “Democracia”. Isso ainda espero. Será um verdadeiro MILAGRE.
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