Dia: 14 de Janeiro, 2022
Tope Dos Popes
Após um número indeterminado de debates que vi entre o confrangido e o adormecido, não esquecendo aqueles em que fui reforçar a bebida que estava a tomar para aguentar melhor a chinfrineira, cheguei a surpreendentes conclusões sobre os debatentes que mais apreciei e que nunca cativaram ou cativarão o voto, por razões que se perceberão. Passo, pois, ao meu top 3 pessoal aberto a ser sacrificado em auto-de-fé pelas mais aguerridas tribos instaladas.
- Francisco Rodrigues dos Santos (CDS) – sim, confesso o meu espanto por achar que foi aquele que melhor se adaptou aos diferentes registos dos debates, da berraria com o 4º pastorinho de Fátima ao derriço total com Rui Rio. E ficou a perceber-se que o CDS tem uma identidade distinta da Iniciativa Liberal e do Chega. Com Nuno Melo, o CDS seria uma espécie de Chega Liberal ou de Iniciativa do Chega. Sim apedrejem-me, mas o homem sureendeu-me pela positiva, o que é raríssimo.
- Rui Tavares (Livre) – outra surpresa, mesmo se RT como bom historiador tem obrigação de ser paciente com tudo e mais alguma coisa, de pitecantropos que comunicam apenas na base do grito a todo o tipo de modas passageiras. E o desempenho foi tanto mais inesperado quanto o único verdadeiro programa do Livre é fazer um qualquer acordo com o PS. Porque em termos políticos e ideológicos o Livre é uma espécie de coisinha entre outras, hesitando em compará-lo ao Luxemburgo ou ao Liechtenstein, entalado em os irmãos mais crescidos e reguilas (PCP, Bloco), ali a olhar se a Alemanha lhe dá a mão e casa com a linda carochinha. Mas esteve bem nesse papel ingrato.
- João Cotrim de Figueiredo (Iniciativa Liberal) – coloquei-o aqui por razões com pouco de político. Porque (com Tavares) foi o mais educado e é, claramente, o que tem um melhor alfaiate e acredito que aquelas camisas têm todas monograma e as iniciais do dono. Fica bem. Quanto ao mais, poderia ser um professor de História ou Direito do Secundário pela forma didática como nos tenta explicar o que é o “liberalismo” na sua versão do século XXI. Perante outros, em especial o seu antecessor na liderança da IL, parece um “sínhôre“.
Menção honrosa: João Oliveira (PCP): com a missão delicada de substituir um Jerónimo de Sousa debilitado e muito lento a reagir (o debate com António Costa foi penoso e, por isso mesmo, nos revelou que AC é um bully sempre que pode), esteve bem contra Rio, naquela estratégia do “quadrado”, do género “estou aqui, daqui não saio, mas ainda apanho uns deslizes ao adversário” (quando Rio disse que faria o mesmo que Costa em relação aos pedidos do PCP). A acompanhar como evolui (ou não).
Eles, Ontem, Não Falaram De Educação…
… por que no essencial estão de acordo, em tempos de pandemia ou não pandemia. Aquilo da cidadania é mais uma disputa entre a aliança beato-inclusiva de um sector do PS e do Bloco e os mais matarruanos do CDS e Chega. Na semana de regresso às aulas, ambos (mais os “moderadores”) acharam que era um não-assunto. Se em 75 minutos não deu, em 25 muito menos dará.
Mas… quem estivesse a escabecear e sem vontade ver a cara dos dupondt, acabava por se concentrar em detalhes como os oráculos dos canais noticiosos. e num deles (cnn portugal?) passava insistentemente o alerta de que em Fevereiro se vão aposentar 200 professores e os seus alunos vão ficar sem aulas! Alarme!! Todos aos seus abrigos!!! Há 200 professores (menos de 1 por cada 4 agrupamentos) que se vão reformar e a petizada vai ficar sem aulas! Estranhamente, não se preocuparam em saber quantos alunos estão sem aulas porque os professores estão em isolamento ou eles próprios estão em casa, por estarem “positivos” ou coabitarem com alguém que está. E até erraram as contas, porque os números que o Arlindo passou à Lusa são um pouco diferentes.
Mas houve mais notícias alarmantes sobre a velhice dos professores que se acreditava serem eternos: por causa da mortalidade da pandemia (que só existe na televisão, note-se!) a esperança de vida população diminuiu e isso reflecte-se na idade da reforma dos professores, podendo levar a um adicional de mais de 800 aposentações por limite de idade! Nem o maravilhoso estudo que o ME encomendou à Nova Bizness Scule previu tamanho descalabro. Há uma pandemia, as pessoas morrem, a esperança de vida baixa, a idade de reforma reduz-se (três meses) para toda a gente e a aposentação dos professores é que preocupa a comunicação social ou quem atira com estas coisas cá para fora?
Agora, imaginem que a Educação era um assunto importante. Ou será que agora apenas a falta de professores os preocupa? Não fizeram, nestes últimos 20 anos, porcaria suficiente que ajude a explicar que pouca malta nova queira ingressar na carreira com um alvo nas costas?
6ª Feira
Parece que ainda não perceberam lá pela DGS e governo que a maior insegurança resulta da permanente alteração de normas, regras e regulamentos, para não falar da pura idiotice. Um exemplo: um grupo de pessoas esteve em contacto no dia X com alguém positivo. Qualquer bom senso aconselharia que as regras a aplicar fossem as mesmas, mas não. depende da hora ou dia do telefonema. Se foi na tarde do dia X+1 aplicam-se umas, se foi na manhã do dia X+2, aplicam-se outras, embora isso possa ter resultado de não ter sido possível ligação para a linha do SNS. Todas as pessoas passaram pela mesma situação, na mesma altura. Os telefonemas é que foram feitos com algumas horas de diferença. Podem dizer-me que isto está certo e correcto formalmente, porque a “norma” mudou à meia-noite, mas eu apenas acho idiota e um belo contributo para a confusão.