A bondade da “estabilidade” das maiorias absolutas está longe de demonstração empírica. Tivemos até agora quatro, se bem me lembro, que cumprissem o mandato até ao fim (1): duas do PSD (Cavaco), uma do PS (Sócrates) e outra da AD (Passos/Portas). Se formos ver bem as coisas, três delas (só estou a excluir a primeira do Cavaco, porque foi a da entrada na CEE e da chuva de dinheiro) correspondem a alguns dos mais danosos e lamentáveis governos que tivemos, encerrados na sua autoritária legitimação maioritária. Por isso, independentemente das cores, sou absolutamente contra maiorias absolutas, em especial as monocromáticas. Quando ouço alguém pedir isso ou o equivalente, já sei por onde não é o caminho. Se quiserem uma a atirar para a demagogia com fundamento histórico… terá havido governos mais “estáveis” e “maioritários” do que os do Estado Novo? Ou seja, a “estabilidade” em si mesma não significa uma boa governação ou, sequer, um valor que possa ser considerado democrático.
(1) – Na sequência de um comentário ao post, cumpre clarificar que a AD teve maiorias absolutas em 1979 e 1980, mas em qualquer das situações os governos que delas saíram não cumpriram mandatos de 4 anos. No primeiro caso, por serem eleições “intercalares”, no segundo, devido à morte de Sá Carneiro (VI Governo) e depois devido à demissão de Pinto Balsemão (VII Governo) em 1983. O governo do chamado “Bloco Central” também foi de maioria absoluta no Parlamento, mas não resultou de eleições em que os partidos tivessem concorrido em conjunto. Não era para fazer esta digressão histórica, mas acabou por ser necessária, a bem das almas que podem não ter percebido o que eu queria dizer originalmente (se há governos “instáveis”, os de Balsemão são um bom exemplo, apesar da maioria parlamentar).
José Eduardo dos Santos governou Angola durante 35 anos. Mais estabilidade que isto não estou a ver
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Os politicos da nossa praça que se habituem a governar em democracia. Negociar não faz parte do adn dos políticos portugueses…tvz sejam resquícios salazarentos. 50 anos de democracia equivale a duas gerações. Pelos vistos são necessarios mais 50. Com o problema demográfico deste país a maioria dos que cá andam não vão ter o prazer de ver a mudança.
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Prof. Guinote, as eleições de 1979 não existiram? Sá Carneiro ainda causa urticária em muita gente…
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Tem toda a razão, mas o governo que saiu dessas eleições não cumpriu um mandato de 4 anos, como se lembrará, por serem eleições “intercalares”. Assim como no caso do governo saído das eleições de 1980.
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Mas farei a devida adenda no post.
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As maiorias têm sido de empobrecimento financeiro e democrático!
Os portugueses foram muito colaborantes ao colocar a cruzinha no vigarista Pinto de Sousa! Isto diz muito sobre os votantes.
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tem havido estabilidade nos últimos 40 anos: só governa PS ou PSD. Aliás, nem sei para que se vai gastar mais uns milhões num ato eleitoral quando se sabe antecipadamente o vencedor: PS ou PSD. Um sorteio entre os 2 era mais barato e respeitava o expectável…
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É o bipartidarismo reinante com as comitivas de comensais que se estendem até ao fundo da pirâmide e lambem as migalhas arrotando de satisfação.
O resto é paisagem que quer a todo o custo encostar-se também, mesmo quando nem estrutura têm para andar nos meandros do poder como essas coisas velhas a parecer novas que surgiram há pouco!
Em todos se pode procurar com uma lupa um honesto pensador e um impermeável fazedor. Não há! Espelho dos portugueses? Pouco estudo, pouca cultura democrática, pouco respeito pela causa pública, muito self superficial vaidoso e espertinho!
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Maiorias estáveis, “jamais”. Já chega ter que levar sempre com os mesmos e, se for, com plenos poderes, pior um pouco!
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