Há as que funcionam num registo diferente, não deitando fora os princípios éticos na profissão, mas há outras em que a Medicina perdeu a alma, transformada em Burocracia enfadada com aquela gente que lhes aparece à frente.
A descrição que se segue, chegou-me há uns tempos, com pedido para divulgação em diferido, de novo por causa do receio de reconhecimentos. Os tempos andam complicados, mesmo se quase todos enchem muito a boca com “liberdade”. Este mundo está bom para hipócritas, cínicos e quejandos.
Saí agora de uma junta médica da ADSE. Mais uma. Não demorou 2 minutos. Nem os relatórios leram direito. É um local excelente para te sentires um farrapo, uma merda, um nada no poder de um carimbo. Dos senhores e senhoras que aceitam ter o papel de médicos nesta cena só posso dizer que, se algum dia fizeram o Julgamento de Hipócrates, esqueceram-se do facto e não o respeitam. Desculpa o desabafo…. Será o meu último processo em CGA porque me falta cerca de um ano e meio para atingir a idade de aposentação, que será aos 45 anos de serviço. E agora só quero isso: aposentar-me, esquecer as juntas médicas e a escola. Mas não esquecer os alunos.
(…)
Desta junta fazia parte um médico meu conhecido. Fez de conta que não me reconheceu. Cumprimentei-o. Olhei-o nos olhos directo. Coseu-se com as paredes quando o meu olhar lhe chamou indigno.
A minha mulher foi recentemente a uma junta médica, para renovar o atestado de incapacidade multiusos. Olharam para os papéis, puxaram da calculadora e deu 57% de incapacidade. Faltavam 3% para ter os benefícios, que só se obtêm quando se atinge os 60%. Portanto perderia o direito aos benefícios que tem tido desde que foi considerada doente oncológica. Sem qualquer observação, apalpação, ou sequer questionamento médico-paciente, resolveram, de forma condescendente(?), digo eu, não registar a consulta, porque assim poderia continuar a usufruir dos benefícios até ao fim do ano. Isto porque existe um terrível atraso nas convocatórias para as juntas médicas. Assim vai este país…
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O 8 e o 80
Há casos em que é negada a renovação da baixa médica a pacientes manifestamente debilitados; há outros que se perpetuam afastados do serviço mesmo alardeando saúde .É vê-los por aí. Como assim? Fácil : a conjugação de um psiquiatra muito flexível com um paciente com algum jeito para o teatro … Como complemento da “estratégia”, nas férias “grandes”, do Natal e da Páscoa uma milagrosa recuperação ; mal recomeçam as aulas…uma súbita e inesperada recaída.
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Desde que um elemento de uma junta médica, aqui há uns 23 anos, me perguntou com toda a seriedade se a trissomia 21 da minha filha era de nascença fiquei esclarecida sobre juntas médicas.
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E as Juntas Médicas da Segurança Social?
Um terror…
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“teatro?!!!”, “psiquiatra muito flexível?!!!”. Só pensa e blasfema assim quem foi sempre abençoado e bafejado pela proteção “divina”, dos amigos das Direções e afins. Só regurgita ideias fascistas já tão recalcadas quem nunca teve de lutar na vida para conseguir o sustento pelos seus próprios meios. Terá nascido num berço d’oiro, com o traseiro virado para a lua e rodeado(a) de mordomias? Será que mete a cabeça na areia como a avestruz quando ouve falar (provavelmente nunca leu nada sério e a sério!) de doenças como as depressões e transtornos, cujos sintomas associados perduram num tempo que parece infinito, persistentemente, sem que a vítima muitas vezes saiba sequer que está a ser atacada, ou se sabe, não compreende e não tem como sair do abismo porque a solução não está ao seu alcance, a maior parte das vezes consequência de estados de burnout, de extrema ansiedade, decorrentes das stressantes condições de trabalho, como a escola atual em que muitos de nós trabalham, de coisas e pessoas tóxicas, da vida dura e conturbada ao longo de anos, até mesmo desde a infância, de um acumular de problemas que não tiveram tempo de ser resolvidos ou da falta de condições para nunca terem acontecido? Será que usa umas palas como os burros e nunca olhou á sua volta, para o lado, para o seu semelhante (incluindo a sua família) e não percebeu a mesma condição nesses seres humanos? Será assim tão destituído(a) de sensibilidade e inteligência que só percebe sobre as coisas do seu “umbigo”? Será que nunca passou nem um bocadinho pelo mesmo, ou pelo menos passou tangencialmente ao lado, embora tivesse fingido que não e mostrado ser forte para os outros? Será que nunca percebeu que, em tais condições psicológicas, arrastadas para sucessivos tratamentos psiquiátricos, alguns experimentais porque outros não resultaram, não há condições para muitos seres humanos trabalharem, realizarem muitas das atividades diárias, se relacionarem com os outros sem sofrerem, e viverem com a serenidade e a dignidade que merecem? Será que acha que isso nunca vai acontecer consigo ou com outros que ama?
O que acha que é um psiquiatra e um psicólogo? O que acha que é um doente psiquiátrico (olhe que não é um maluco ou um caprichoso!)? O que pensa sobre o teatro? O que pensa sobre este imenso palco em que todos vivemos? O que sente sobre os atores e atrizes que trabalham sobre esse palco, incluindo você mesmo? Acha que uma pessoa que, finalmente, consegue ter a lucidez e a coragem que precisa para pedir ajuda e se encharcar em medicamentos o faz porque acordou um belo dia e lhe apeteceu ter uma doença? E se essa pessoa descobre essa lucidez e assume essa coragem justamente quando o corpo e a mente lhe estão a dar fortes sinais de que já não pode adiar mais sob pena de ser o seu fim, e descobre que “arranjou” um cancro, e depois outro, com tudo o que isso traz acoplado durante anos, e quem sabe, para o resto da sua vida? Sim, “arranjou” foi o termo que uma colega da escola usou para me perguntar onde é que eu tinha ido “arranjar” essa doença! A resposta pareceu-me clara: fui a um catálogo de doenças e escolhi uma que me daria imensos benefícios, entre eles a felicidade de perder algum peso, sem ter de passar fome ou ir para o ginásio, por me terem eliminado partes interessantes e importantes do meu corpo!
Finalmente, de que tipo de “teatro” e de “flexibilidade” acha que se trata quando vemos outros colegas gozarem, anos a fio, de dias livres, dias livres à segunda e sexta-feira, de não serem nomeados para cargos de diretores de turma e outros, de terem os horários arrumadinhos de manhã ou de tarde, consoante o pedido do freguês, de serem avaliados por cima porque se gabam de tudo e mais um par de botas, mesmo que também seja igual ao que outros fazem mas que não chamam as luzes da ribalta sobre si, de até darem nas vistas e de usarem um patuá fluente e inebriante que agrada muito às chefias, entre outros privilégios e benefícios que já todos conhecemos? Que tipo de “psiquiatra” é que esses colegas arranjaram? Não será também por isto, conjugado com outros fatores que já referi, e por pessoas como você, que há pessoas-colegas que acabam na psiquiatria, a precisarem de descomprimir, “alardeando saúde” que durante anos não tiveram, mas que julgavam ter? Sabia que, também em psiquiatria, uma das terapias para desintoxicar a mente e o corpo passa por ligar o botão STOP? Fica aqui o meu conselho, com conhecimento de causa e efeito, para quem quiser compreender: a vida não é uma linha contínua, sem altos e baixos. Isso só acontece quando morremos e o monitor de sinais desenha uma linha contínua, fazendo tiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, mostrando aos que continuam que também para eles vai haver o fim da linha. Por isso, eu até tive sorte e a oportunidade de aprender uma preciosa lição de “teatro”: na vida, para que ela possa continuar, muitas vezes ainda há esperança e o melhor a fazer é parar, na altura certa, pelas razões certas e com as pessoas certas.
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Há quem não saiba o que é sentir bater no fundo, fisica e psicologicamente e ter que ir para a escola, sabendo que esta é a fulcro do problema!!
Opinadores e julgadores há, na escola, aos pontapés, mas talvez estes, um dia,
venham a passar pelos mesmo. Normalmente os opinadores e julgadores são, como disse a colega Maria, os que têm sempre os bons horarios e são muito queridos pelas direções.
Quanto às juntas médicas, têm carniceiros e não médicos!
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Ana margarida, quem disse isso não foi a Maria. Fui eu, a Paula.
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