Outra Vez Ou Mais Uma Vez?

E não me digam que é apenas por causa das baixas médicas e da pandemia, que eu lembro-me bem do que já se passava em 2018. Durante meses, turmas sem 3-4 professores. No fim do ano, disciplinas sem avaliação por falta de aulas dadas. Soluções da treta no caso do Secundário, para fingir que certas disciplinas funcionavam. Gente contratada ao fundo do tacho para leccionar disciplinas de exames nacionais – dos tais professores instantâneos, repescados de qualquer maneira – mas na altura era anátema dar horas extraordinárias a quem fosse do quadro. Agora já se pode fazer “escolhas” em nome da autonomia. E não digo isto apenas como docente que olha para o lado, mas também como encarregado de educação que não se lembra de ver aquele “representante parental” em busca de vereação a dizer alguma coisa de jeito sobre isto.

Mas, em suma, a culpa deve ser mesmo dos velhos, doentes e ignorantes professores que por aí andam, à espera de umas boas chicotadas no lombo, que é para irem dar aulas às criancinhas e não se andarem a queixar de gota, catarro, lumbago ou unhas encravadas. Não é por falta de candidatos a capataz da plantação que o devido castigo ficará por fazer.

Há outra vez mais professores em falta nas escolas. “Assim torna-se complicado”

É Esta A Opinião Que Tem o Director-Adjunto Da “Sábado” Sobre Nós

Já houve tempo em que ser “jornalista” não era apenas despejar preconceitos em letra impressa. Se há professores “ignorantes”? Este tipo de generalização mais do que abusiva equivaleria a dizer que há direcções de publicações que fomentam informação movida a fretes e encomendas. É verdade que este tipo de “conversa de café”, babosenta, é ajudada por quem, a partir e dentro, não consegue parar de disparar sobre quase tudo e todos os que lhe fazem sombra e frente, tratando-os como vis e desonestos. Mas pensava que existia limites para o que pode considerar “opinião”, em especial num caso de chefia que devia ter o pudor de não largar bojardas destas. O que poderia eu dizer (com excepções honrosas) de gente que ao longo dos anos me ligou lá do sítio a pedir informações e não só e depois se esquecia sempre da fonte?

Sábado, 10 de fevereiro de 2022, p. 37.

Sábado

A vaidade é isto… uma tentativa vaga de atentado que se transforma em grande notícia, quando em quase todos os manuais de boas práticas lá por fora se aconselha a que coisas como esta sejam deixadas no limbo, para evitar desnecessários efeitos colaterais. por, em boa verdade, nada aconteceu, para além de ficar provado que o FBI (e quantos outros) saberem quase tudo o que fazemos por estas bandas, com ou sem redes sociais. Claro que já havia gente “apavorada” e um movimento para adiar os exames, como se gente adulta reagisse com a petizada quando ve uma simples abelha entrar na sala de aula. Temos umas gerações muito vocais em defesa de direitos e contra máscaras e tal, mas que se parece borrar ao primeiro cheiro de qualquer coisinha assim mais agreste. E eu relembro aulas do meu 9º ano em que vos garanto (e há gente amiga que passa por aqui ou pelo fbook onde partilho os textos, que não me deixará mentir) que havia um arsenal nos bolsos (e mesmo fora deles) que faria este idiota corar de vergonha. É nestes casos em que confesso que quase cedo à tentação de dizer que um par de estalos talvez o fizesse reaparafusar algumas disfuncionalidades sociais.