Dia: 2 de Março, 2022
Vem Aí A Segunda Vaga Contra A Avaliação Externa (E Não Só) Dos Alunos
Tal como o início do mandato de 2015, com o apoio da geringonça parlamentar, assistiu ao desmontar de parte importante da avaliação externa no Ensino Básico, adivinha-se que o mandato que esta por aí, com o peso absoluto da maioria, vai tratar do resto, deixando muito pouco que se veja. As teorias não são novas; aliás, começam a ser mais velhas do que outra coisa, mas são sempre servidas com aquele discurso das boas intenções, das falinhas mansas e da mal disfarçada convicção de que quem assim é tem uma certa superioridade moral sobre quem defende “exames” ou uma regulação externa das aprendizagens.
Como estou farto de picardias desnecessárias, nem vale muito a pena identificar onde li mais um par de pérolas maravilhosas desta tendência que acha que descobriu a avaliação formativa e todo o resto (alguém escrevia mesmo “a maioria”) não passa de um bando de selvagens que não leram o mesmo, não testaram o mesmo, não praticam, porventura melhor, a avaliação contínua. Só que sem estes tiques e maneirismos que irritam de tanta beatice metodológica. Perante uma alma que ousou questionar como se avalia de forma coerente um aluno de Faro e um outro Bragança, veio aquela peregrina tese de que não devem ser avaliados da mesma forma, pois o contexto é diferente, as ferramentas, os conteúdos devem ser adaptados á realidade local. Se não foi exactamente isto que ficou escrito, será parecido, porque desisti a meio da cassete. Eu sei que esta foi a malta que nos 90 foi progressivamente enterrando a nossa Educação naqueles rodriguinhos eduqueses que tanto nos faziam rir/chorar, pelo que não me espanta que continuem com a mesma conversa, a de que o exame nada avalia e que a “certificação” deve ser diferenciada. Não sei se continuarão com uma Benavente ou um Costa a dar-lhes respaldo, mesmo se em alguns casos o alinhamento original é de outra coloração.
O que ainda não me explicaram, depois de terem conseguido fragmentar o currículo de uma forma impensável para quem criticava essa mesma fragmentação, é como definem quem deve aprender o quê e como deve ser avaliado isso. Por exemplo, o teorema de Pitágoras ensina-se em que regiões? Até ao Tejo? E o Tratado de Tordesilhas? Só no litoral, dispensando-se os alunos do interior de tamanha chatice? E o que fazer com as línguas estrangeiras? Passada a moda do castelhano, vamos prescindir de línguas “globais” (imperialistas, colonialistas) e passamos a aprender apenas dialectos e falares regionais, quiçá mandarim, servo-croata, bosquímano ou inuite? O funcionamento do corpo humano faz sentido ensinar em todo o país? E os continentes, oceanos e as coordenadas geográficas? Entre o Douro e Minho e para cá do Guadiana?
Já estamos reduzidos às “aprendizagens essenciais” (parente algo distante, mas da linhagem dos common core que tão pouco resultado têm dado nos States), vamos ainda “localizar” as formas de avaliação das aprendizagens? E acham que isso é que é pensar bem a Educação do século XXI? Não percebem que congelaram o pensamento algures nas últimas décadas do século XX? Já viram o quanto são rígidos e inflexíveis nos vossos dogmas que, na prática, apenas pretendem que desapareçam todos os referenciais comuns para uma regulação externa das aprendizagens, só porque os rankings vos incomodam e usam a palavra “exames” de modo conscientemente errado para mistificar a opinião pública?
Recapitulando
E relembrando que o Zelensky é presidente apenas desde Maio de 2019 e o Biden desde 2021, porque há pessoal que gosta de misturar tudo.