E Vai Ser Uma Coisa Pândega De Ver!

Mas como nada disto é para levar muito a sério… nada como dizer que sim, senhor, vai ser mesmo assim e vai funcionar maravilhosamente. Com jeitinho, fazem tudo em tablets, enquanto andam de bicicleta nos ciclódromos escolares.

Calendário do IAVE prevê, em 2024, provas finais do Secundário feitas diariamente nos computadores para alguns estudantes. Desmaterialização será universal em 2025.

A Sério?

Nunca me tinha ocorrido. Nem aos serviços do ME que não permitem a abertura de novas turmas e mandam meter quem chega em turmas já apinhadas.

Já agora… nestas notícias, quando se fala em “escolas” é naquele sentido em que, em outras, se fala nos directores e nas lideranças ou é chuveirinho?

E mesmo para fechar… o que dizer de inspecções que parecem delegações do “maia” para obrigar as escolas a usar uma metodologia específica de trabalho? Será essa a sua função?

Inclusão destes alunos em turmas com mais de 20 estudantes “prejudica o direito a uma educação inclusiva”, alerta IGEC.

Sábado

A partir de final nos anos 90, mas em especial no início dos anos 2000, espalhou-se a narrativa de que o ME era dominado pelos sindicatos de professores e que era necessário libertá-lo dessa amarra e do receio que haveria das acções de “luta” principalmente da Fenprof. Era essencial combater os privilégios dos professores e colocar a Educação “ao serviço dos alunos” como se existisse uma oposição insanável entre os interesses dos professores, de um lado, e os dos alunos e encarregados de educação, do outro. Uma falácia, mas que teve sucesso, ampliação e uniu ministr@s de cor diferente numa acção continuada de erosão da condição docente. Em primeiro lugar, veio a estratégia de criar organismos, mais ou menos artificiais, de “representação” de outros “actores”. Nesse aspecto, a elevação da Confap a parceiro preferencial de algumas medidas dos sucessivos governos foi exemplar e o ex-ministro Marçal Grilo já explicou de forma cândida como isso aconteceu durante o seu mandato como ministro. As “famílias” surgiram como contraponto ao “corporativismo” dos sindicatos de professores, apresentado como egoísta e insensível.

Mais tarde, foi a vez de serem criados organismos para representação das “escolas”, desde o Conselho dependente do ME até às associações de directores e dirigentes escolares (ANDE, ANDAEP). O ME passava a ter “interlocutores” diversificados na discussão de matérias relativas à Educação, sendo os sindicatos apenas um deles e, em termos de grupos de interesses, até podia ser apresentados à opinião pública como minoritários perante os restantes. Tudo isto foi acompanhado por uma barreira comunicacional cerrada, apoiada em muita comunicação social, que uniu desde 2005 da maior parte do PS de Sócrates ao CDS, passando naturalmente pelo PSD e por aqueles nichos e tertúlias que desaguaram na actual Iniciativa Liberal.

Resumindo, os professores passaram a ser diabolizados e foi muito útil a corporização da “ameaça” em Mário Nogueira, felicíssimo com o destaque, pois nada tinha a perder com isso. O ME passou a legitimar grande parte das suas medidas com o argumento de estar ao serviço do “interesse dos alunos”, com o apoio das “famílias” (do imensamente virgulento pai Albino, sempre disponível a dar a mão e qualquer outro membro em troca da continuação do apoio à Confap – subsídios nascidos nos anos 90 que eram públicos, mas que agora deixaram de aparecer em DR – ao actual pai Ascenção, que ninguém já sabe se ainda tem algum dependente no sistema de ensino não superior) e a consulta “das escolas”, através do Conselho de Escolas e das associações micro-corporativas de directores. A redução do peso da “despesa” com os salários dos professores foi o norte, o sul, o este, oeste e todos os pontos colaterais imagináveis das políticas orçamentais na Educação desde David Justino até ao presente. Algumas medidas faziam sentido, mas quase todas se dirigiram para a proletarização material dos docentes e para a precarização dos seus vínculos laborais, desde o desaparecimento do vínculo específico dos professores do quadro a uma escola, passando a ser ao “agrupamento”, até à contabilização draconiana do tempo de serviço e da remuneração dos contratados, não esquecendo o redesenhar dos quadros de zona pedagógica de acordo com uma lógica de ampliação das áreas de colocação.

Encobrir que esta sucessão de medidas (a que se pode acrescentar a criação e implementação da pacc, a adulteração das regras para os horários a concurso) contribuiu muito para a escassez de pessoas interessadas em exercer a docência ou a candidatar-se a cursos de formação de professores. As pessoas anteriormente qualificadas para os concursos não desapareceram todas, apenas perderam o interesse nessa opção profissional. Agora, para remendar os sucessivos rasgões, ensaia-se um conjunto de medidas tardias e novamente num sentido de maior desregulação do sistema. As que são certas (transformar todos os horários a concurso em completos), vão implicar injustiças em relação às reservas de recrutamento anteriores, mas o problema é que há outras que estão erradas, pois irão aprofundar fenómenos de iniquidade, se for permitida a “flexibilização” de regras a nível local, dando mais poderes a quem já os tem em excesso (directores) ou nem os deveria ter em tal matéria (autarquias). Sim, vão dizer que não é bem assim, mas é fácil verem que sentido andam por aí aos empurrões.

Chegados aqui há poucas soluções com efeito rápido? Sim até pode ser verdade, mas isso não é justificação para continuarmos a aceitar sucessivas medidas de distorção de um sistema que nem sequer funcionava assim tão mal. Porque sempre que ouço os directores lamentarem-se por todos os anos receberem nas suas escolas professores desconhecidos, que não escolheram, lembro-me que eu também devo receber na minha sala a cada ciclo de dois anos (no caso do 2º, podendo ser de três ou quadro nos restantes), muitas dezenas de alunos (ou mesmo mais de uma centena) que desconheço por completo. Só que, enquanto eu como professor raso devo ter as competências necessárias para atender a todas estas individualidades e satisfazer as suas necessidades educativas, as “lideranças” parecem ser constituídas por gente inepta que não consegue mobilizar 20 ou 30 professores novos para as suas ideias e projectos. Não me venham com a treta da “proximidade”. Basta definirem do que precisam efectivamente e os serviços do ME não andarem a ratear as colocações. O resto é treta demagógica de quem apenas quer exercer maior poder e controlo sobre o corpo docente das escolas.

Agora Chamam-lhe “Supervisão Letiva”

Que se esclareça que não tem nada a ver com a add. É apenas um cp muito zeloso da cólidade do ensino. E parece que nem sequer é de agora, mas prática comum. Não sei como terá sido no período não-presencial, mas o que interessa isso agora? O que interessa é que a malta tem mais umas coisitas para fazer, não sabendo eu em que componente do horário entra e se depois o feedback é tipo “maia” ou se apenas é para para misturar e ficar tudo entre amigos. Ou não..

Date: terça, 26/04/2022 à(s) 21:55
Subject: Supervisão letiva em sala de aula – 3.º período
To: Professores <professores@***************>

Boa noite!

De acordo com o definido em reunião de Conselho Pedagógico, este ano letivo manter-se-á o modelo implementado nos anos letivos anteriores, mas, somente, no 3.º período. Assim, relembro que:

1. A supervisão pedagógica é efetuada pelos Coordenadores de Departamento.

2. Sem prejuízo do ponto anterior, o Coordenador de cada Departamento, pela especificidade da disciplina ou da didática, pode delegar competências nos Delegados de Disciplina e/ou Coordenadora de Estabelecimento.

3. O Coordenador de Departamento é supervisionado por um Delegado de Disciplina, à sua escolha, de entre os que constituem o seu Departamento, de acordo com a(s) disciplina(s) que leciona. No 1.º Ciclo, o Coordenador de Departamento é supervisionado pela Coordenadora de Estabelecimento.

4. A supervisão letiva em sala de aula ocorre, presencialmente, uma vez, neste período.

5. Os Coordenadores de Departamento deverão preencher, no mais curto espaço de tempo, a calendarização da supervisão (dia, mês, hora, docente), já partilhada na drive (documento em anexo).

6. Da Supervisão letiva em sala de aula será preenchido documento próprio, o qual será assinado pelos intervenientes no processo (documento em anexo).

7. No final do ano letivo, todos os “supervisores” se reunirão para analisar o processo de Supervisão, partilhar e refletir sobre a prática de cada um.

8. Sem prejuízo do estabelecido no ponto anterior, o Coordenador de Departamento deverá reunir com os seus Delegados uma vez por ano letivo, especificamente para analisar / refletir sobre o processo de Supervisão, sendo elaborado relatório com destaque para os pontos fracos e fortes evidenciados no processo.

Qualquer dúvida, disponham.

Continuação de boa semana

(como é óbvio, apaguei detalhes, mudei as propriedades e até o formato do ficheiro, originalmente em word)

O Milagre Dos Horários Aconteceu!

Eu sei que não devo relembrar quem andou meses a dizer que isto deveria ser assim desde o início do ano lectivo. Porque, como sabemos, quem agora faz isto, não tinha qualquer maneira de saber antes desta semana que parte da solução passava por aqui. Porque era uma coisa perfeitamente abstrusa, própria de idiotas.

E quem ficou para trás? Que se lixe? Não há um pingo de vergonha por nova vaga de ultrapassagens pela faixa de rodagem costista?

1.2. Os horários a concurso na Reserva de Recrutamento 32 correspondem aos horários
pedidos pelos Agrupamentos de Escolas e Escolas não Agrupadas, podendo os mesmos ter
sido convertidos em anuais e completos.
Sempre que tal se tenha verificado as horas
aditadas devem ser rentabilizadas em medidas de compensação para os alunos mais
afetados pela falta de professores, como o reforço de cargas horárias da disciplina,
atividades de recuperação de aprendizagens ou atividades de apoio a alunos de outras
turmas.

Resumindo, Concluindo E Baralhando

É noticiado que a Câmara de Setúbal tem no atendimento aos refugiados ucranianos um russo com ligações ao Kremlin. Pelos vistos, eram ele a mulher que tratavam das papeladas de quem chegava, fazendo cópias e inquirindo informações. A autarquia desmente qualquer tipo de aleivosia, mas afasta o funcionário. É só a mim que isto soa a uma variante de merdinice? Ou é tudo uma conspiração da Nato contra o PCP, como já pude ler nas belas “redes sociais”, a partir do teclado de pessoas que até há bem pouco em considerava relativamente sãs de espírito, divergências ideológicas à parte?

6ª Feira

Algumas das medidas que agora se apresentam para contrariar a escassez de professores parecem-me óbvias. Mas já pareciam óbvias antes, há um ano, dois anos ou mesmo mais. Chegam atrasadas e seria interessante saber porquê, pois não partilho da teoria do “não sei, nem quero saber”, muito habitual em que tem culpas bem visíveis no cartório. Andou-se a dizer que a falta era localizada em termos geográficas e circunscrita a alguns grupos disciplinares. mesmo que assim fosse, era algo grave. Mas nada se foi fazendo, antes pelo contrário, se pensarmos na acção de terraplanagem da secretária Leitão quando esteve na Educação. Foram delas medidas de “boa governança” na questão dos horários incompletos dos colegas contratados, seguindo uma lógica que em nada se distinguia do “mais com menos” dos tempos da troika. O que agora se propõe (completar horários de colocações tardias ou em substituição de horários com reduções) é a negação do que foi imposto em 2018, exactamente quando o problema se começou a agravar e não julgo estar errado se considerar que esse esforço de “racionalização” e “eficácia” ajudou muito à recusa de colocações de gente que ficou impedida de concorrer. E que agora já vai poder concorrer de novo. Mais uma vez, invertendo medidas de Alexandra Leitão que na altura receberam forte oposição de quem estava por dentro do problema. O que significa que ou o então secretário Costa anuía a tudo com a objecção de consciência que nega a outros, ou concordava com tudo e agora já discorda. Ainda bem que mudou de opinião, se assim é. Pena que continue tão casmurro em outras matérias. Como parece que veio para ficar, é bem possível que daqui a um par de anos se percebam outras asneiras. Mas aposto que a culpa vai ser toda atirada para a pandemia que, sendo ninguém, é fácil de responsabilizar por tudo.