Dia: 3 de Abril, 2022
O Facto De Não Ser Apenas Por Cá…
… apenas serve para demonstrar que o modo de “governança” dos recursos humanos na Educação se globalizou e transversalizou, de acordo com a lógica da erosão do investimento nos serviços públicos. E que é comum a governos de Direita e de Esquerda, ou que ainda passa por isso. Por cá, a culpa não nasceu com a troika. embora queiram fazer acreditar isso a quem perdeu a memória ou não a chegou a ter.
Teachers all over the country describe problems that touch every aspect of our culture and society, from technology dependence to stats-obsessed bureaucracy to a post-COVID behavior crisis.
Apesar disso:
Why Most Teachers Who Say They Plan To Leave the Profession Probably Won’t Do So Anytime Soon
(…) Based on our research, we think it unlikely that most teachers who say they plan to leave teaching as soon as possible will actually leave this school year.
However, if even one-third of teachers who say they’re leaving the profession do so, that would be significantly more than the 8% of teachers who leave in an average year.
Teachers are clearly sounding the alarm about stress, burnout, dissatisfaction with school and district leadership, and other working conditions – even if they do stay in their jobs.
Domingo
Parece-me que há uma evidência que poucos querem admitir, porque não lhes dá jeito nenhum considerar o que haveria a fazer, acerca da agora tão falada “falta de professores”. Se não há gente formada em quantidade para suprir quem saiu, vai sair e não forma de sair,, mas vai fazê-lo logo que possa, então talvez a maneira mais rápida de resolver só uma parte do problema seria evitar a continuação da sangria, não andando a regatear horas e minutos aos mais “velhos”, infernizando-lhes desnecessariamente o quotidiano com irrelevâncias e redundâncias. Se é verdade que devemos atrair malta nova para as salas de professores e para as aulas, se essa é uma necessidade óbvia, não o é menos que num sistema minimamente razoável é necessário haver quem faça a “transmissão do testemunho”. Embora agora já existam por aí “mentores” a larga postas de pescada (no Observador, onde haveria de ser?) após seis meses de “prática” em apoiar meia dúzia de alunos, ninguém aparece numa escola já ensinado, mesmo que por lá tenha passado poucos anos antes como aluno. Dar aulas não é bem como andar de bicicleta, em que se aprende e pronto. Mas há por aí muita falta de humildade, outra qualidade que parece só ser bem aceite se for praticada em relação às hierarquias.
Por isso, contrariar aquele sentimento de desilusão, desânimo e descrença que leva a maioria de quem anda pelos 60 e poucos (ou menos) e só quer ver a hora de se ir embora, deveria ser uma das prioridades de qualquer gestão de recursos humanos decente, a nível central ou local. Entender que o artigo 79º não é um “privilégio”, que obrigar a preencher horas na escola a fazer o que só se pode considerar tretas, contadas ao minuto, é a forma errada e muito pouco inteligente de querer mostrar rigor. Um “rigor” que se está a ver ao que conduziu. Obrigar a encher chouriços, só porque se acha que os professores “trabalham pouco” e que quem trabalha a sério é quem anda(va) na estiva ou em empregos de baixas qualificações com horários desregulados, é apenas adoptar aquela velha miopia medíocre do “cala-te que há quem esteja pior do tu em Mariupol” ou a trabalhar nos armazéns do [nome de grupo empresarial ligado ao retalho, à escolha]
Se isso chegaria para muita gente não se ir embora à primeira oportunidade? Não sei, mas pelo menos poderia atenuar o ritmo da corrida para a saída.
Só que esta não é uma prioridade central ou local, porque há quem se queira ver livre dos “velhos” o mais depressa possível, seja a que custo for para os alunos (e que tanto amam os alunos, em tese, mas pouco ou nada fazem que o demonstre na prática), para poder melhor moldar os “novos” na lógica da subserviência, da obediência acrítica, do respeitinho pela hierarquia, pelo amochanço, pelo ou te deixas de conversas ou vais-te embora que não te reconduzo. A nível central, ainda falta ajustar contas pendentes com a geração que animou a fronda de 2008-09. Quebrar-lhe a espinha ou fazer essa gente nefanda sair pela porta fora. A nível local, porque já está bem instalada na maioria das “unidades orgânicas” a lógica do modelo de gestão escolar que inverte os princípios da colaboração, da participação e da autonomia profissional dos docentes. Basta ver como, instalados nos cadeirões, quase ninguém contesta o modelo unipessoal a partir do momento em que se sente no centro ou perto de lá chegar. Por isso, querem malta nova, sem memória do que já foi e do que poderia ser, em alternativa ao que é. Gente que se contente com pouco, com horizontes curtos, desde que se lhes assegure um lugar, mais ou menos precarizado e desqualificado. Porque é mais fácil domar quem não conheceu a liberdade, por mitigada que fosse.
Há falta de professores?
Mas, afinal, essa não terá sido uma parte do “plano”, para agora justificar medidas “excepcionais”, moldadas ao jeitinho de quem quer mandar sem oposição? Seja a partir de Lisboa, dos Paços do Concelho ou do gabinete da Direcção? Porque será que há tanta gente que, a nível local, se sente confortável em assumir “responsabilidades” no recrutamento de docentes quando, em tantos casos, a sua competência nessa matéria está por documentar. Quando, em tantos outros, aquilo em que mais se especializaram foi no esmifranço do crédito horário em favor próprio ou do séquito local de súbditos adequadamente colaborantes? Ou na análise detalhada e específica das nervuras da ponta da asa da mosca da fruta?
Estou só a pensar no “meu interesse”? Acredito que estou a penar no interesse de todos os que cheguem aos 35 anos disto e 57 de idade, já que eu não sei se tenho pachorra para chegar aos 40/62 e aguentar os que lá chegaram, aguentam