A Sério?

Pensava que já não se andava com este tipo de coisas. Alguém tentou, pelas 12.32, redefinir a palavra-passe de acesso a este quintal. E outra vez por volta das 18.15?

What’s the point? Não chegou o blog do Arlindo ter andado em baixo uns tempos? Se é por causa de algum “resgate” é melhor pensarem noutra coisa, que aqui não se guarda nada secreto. Se são parvoíces à moda antiga, como nos tempos do Umbigo, parece-me demasiado tosco.

Foi Assim Há Tanto Tempo?

Em Abril de 2015, o Conselho Nacional de Educação realizou um seminário sobre a Formação Inicial de Professores na Universidade do Algarve, cujas intervenções tiveram publicação em Novembro desse ano. Recomendo a leitura, tanto sobre o que lá está, como sobre o que lá não está. E o que não está? Qualquer antevisão de falta de professores. Pesquisem no documento e o que lá mais encontram é “falta de articulação”. O resto é um debate “interno”, pouco aberto à realidade das escolas e das suas necessidades. Está ausente qualquer prospectiva sistemática das necessidades futuras de professores. Pelo contrário, em algumas intervenções refere-se a legislação vigente desde os anos 80 como sendo marcada por uma falta de professores qualificados que se considera já não existir. Sobram reflexões sobre a necessidade de debater a formação inicial de professores, mas em termos de “modelo”. Nenhuma urgência se sente em formar mais professores. Eram os tempos que antecediam a aplicação pelo ministro Crato da PACC legislada por Maria de Lurdes Rodrigues.

Na sua maior parte, são estas pessoas que agora querem resolver um problema ao qual estavam cegos ou para o qual não tiveram qualquer sensibilidade até que ele se tornou incontornável. E acreditem que em 2018, apenas 3 anos depois deste seminário, já havia turmas a ficar sem professores meses a fio.

2ª Feira

Augusto Santos Silva foi muito aplaudido porque censurou no Parlamento uma intervenção de Alexandre Ventura sobre a comunidade cigana, alegando que em Portugal não existem “atribuições colectivas de culpa”. Estou de acordo, claro, até porque a intervenção . As generalizações abusivas são um mal no discurso público e pior no político, que deve ser mais informado e exemplar do que as conversas de café. O problema, também me parece claro, é que se não existem atribuições colectivas de culpa é porque existirá a possibilidade de atribuir culpas individuais, certo? Só que se o fizermos um outro qualquer santossilva dirá que estamos a fazer ataques ad hominem (a expressão é assim não me acusem já de machismo e misoginia) e que não adianta andarmos à procura de “culpados”, que isso é “muito português. E ficamos naquela terra de ninguém da desresponsabilização colectiva e individual em que, no essencial, o que interessa é nunca apontar os culpados pelos erros.

Por exemplo, em 2008 houve um político que acusou os “professores de atitude antidemocrática”, porque se estavam a manifestar contra as políticas do governo do “engenheiro”, de que fazia parte. Ainda há pouco tempo, esse mesmo político, acusava “fortemente os partidos que na quinta-feira aprovaram a contabilização total do tempo de serviço congelado aos professores”, no que me parece ser uma atribuição colectiva de culpa, já que quem votou no Parlamento foram os deputados e não “os partidos”. Pena que Augusto Santos Silva, o actual ético presidente da Assembleia da República não pudesse ter trocado umas ideias com esse político. Porque um problema “muito português” é o da oportuna falta de memória. E outro é o de uma certa falta de vergonha na cara, sob a justificação de que o “contexto” era diferente.

(este é outro que, como o Super-M, diz sempre que quer voltar a dar aulas, mas – raios! – nunca o deixam…)