As Inspecções Da “Inclusão” Já Andam Por Aí

Mas quer-me parecer que andam mais numa de ver as monitorizações em grelhas aprumadas. Embora ameacem que podem entrar pelas salas dentro, algo que sem a devida identificação, no momento oportuno, me parece uma prática algo irregular. Entretanto, já se ouve o esfregar de mãos dos “formadores inclusivos” da corte do agora ministro Costa. Há powerpoints que andam numa roda viva.

Público, 14 de Abril de 2022, artigo de Clara Viana

O curioso é que a equipa da OCDE diz que onde foi tudo é maravilhoso. No entanto, devem ter-lhes dito outras coisas e eles acreditaram. E ficamos sem perceber no que as recomendações agora publicitadas se baseiam. Na observação directa não foi, portanto… será na base do interesse do “encomendador” que se concluiu existir “segregação dos alunos imigrantes” para agora justificar medidas a preceito?

Lamento, mas conhecendo até de perto a realidade de um dos seis (6!) agrupamentos de escolas que foram visitados em 2021 e leccionando em um (a 5 minutos de carros) onde a proporção de alunos oriundos de fora de Portugal andará pelos mesmos valores, acho que estas conclusões não passam daquilo que já se sabe. Se o “cliente” pediu e pagou uma mesa com três pernas, quem são os carpinteiros para lhe dar uma com quatro?

9 opiniões sobre “As Inspecções Da “Inclusão” Já Andam Por Aí

  1. Há dois anos atrás, se não me engano, o agrupamento onde trabalho propôs um plano de inovação onde a situação dos alunos imigrantes, cá pela banda fortemente sentida, constituía o “hard core”. Propunham-se aí soluções que implicavam ir muito para além do que era “curricularmente” admissível, com um “banho” de língua portuguesa que ultrapassava os limites das disciplinas do currículo, “flexibilizando-os”. Foi liminarmente recusado. Espanto o nosso quando em fevereiro deste ano vimos ser publicado um despacho que introduzia alterações ao ensino do português a alunos estrangeiros e abria o caminho ao que tínhamos proposto dois anos antes. Se calhar este despacho pretende combater a segregação a alunos imigrantes.

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  2. Realmente é preciso ter lata! Os alunos imigrantes, venham de onde vierem são incluídos no ano letivo a que pertencem pela idade, não se recebendo por vezes sobretudo dos PALOP, qualquer registo dos anos escolares que já concluíram e muitos vêm infelizmente com grandes lacunas que acabam por enviá-los para o 54 em medidas seletivas ou adicionais. A maioria nunca teve Inglês por ex. e vem para turmas que já o têm há 2 ou 3 anos. O prof. de Inglês que se desenrasque. Claro que depois a ajuda que têm é o PLNM dado na aula de Português “normal” e o docente do ensino especial a dar uma mãozinha em algumas aulas (eles que não sabem tudo, nem podem ajudar em todas as disciplinas!) Os alunos brasileiros até têm vantagens pois vêm quando acabam o seu ano letivo lá em Dezembro e em Janeiro já estão no ano letivo seguinte, por vezes sem terem a idade para tal. Os alunos ucranianos? A primeira aluna ucraniana que tive foi em 2005. Só tinha o PLNM extra aula e tinha de assistir a todas as outras. Não percebia nada. Não havia horas para mais. Foi uma tristeza. Desde essa altura esta gente não poderia ter feito mais do que dec.-lei vagos que metem tudo no mesmo saco, mas que no fundo só preveem que seja o professor em sala de aula que salve a situação?

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    1. Há uns anos, tive um aluno ucraniano, chegado em Setembro, quando não havia turma de PLNM, nem crédito horário para ter um apoio específico. Ficou ali no meio de uma turma de 5º ano de 27 mais ele, sem saber uma palavra de Português.Comunicava com ele em inglês, que dominava de forma muito satisfatória.
      Conseguiu-se que uma hora de coadjuvação por semana, um colega meu o acompanhasse mais de perto.
      Foi um aluno exemplar a todos os níveis.
      No 6º ano, se bem me lembro, nem essa hora tinha. Era “imersão” 🙂 . Continuávamos a comunicar principalmente em Inglês, nas indicações sobre o que fazer, usar, estudar.
      Foi aluno de excelência no final do ciclo e durante os anos seguintes.
      A atitude dele foi o mais importante, contrastando com muitos dos nativos que, chegados ao 9º ano, provavelmente compreendiam um texto e escreviam pior do que ele.

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  3. Ouvi dizer de fonte segura que o ministro não homologou um relatório de meta análise sobre a inclusão nas nossas escolas, elaborado pela Inspeção-Geral da Educação, porque as conclusões não agradaram à tutela.

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