Ia Escrever Um Post Sobre “Unidade”…

depois de ler o António Duarte, no final do seu texto, a apresentá-la (mais a “luta”) como a solução milagrosa para a solução dos problemas dos docentes, mas depois decidi que ainda acabaria por aborrecê-lo, quando não é isso que pretendo. Afinal, ele não tem culpa de ser mais idealista do que eu. Ou de ter um modelo diferente do meu de detector de oportunismos. Se há algo que umas décadas disto nos ensinaram, foi a distinguir as diversas estirpes de “populismo”.

Tema-tabu, António, é quando nos dizem que não podemos discutir o que fazem os “senhores da luta” se não pagarmos para a agremiação. Ora… eu nunca paguei sequer quotas ao Sporting.

(pior mesmo, é apontar o dedo de forma clara à contradição entre o palreio público de uns e a sua prática nos corredores ou quando apanham um cadeirão à mão).

23 opiniões sobre “Ia Escrever Um Post Sobre “Unidade”…

  1. Caro Paulo, onde vês esse apelo à “unidade sindical” que não escrevi?

    Nem sequer me referi a sindicatos, a não ser no final, na constatação óbvia de que se tornaram bombos da festa do descontentamento docente.

    Eu percebo que uma grande parte, quiçá a maioria dos professores, não se reveja nos sindicatos que temos. Consigo entender as razões, o que já me transcende é achar-se que de muito “malhar” nos sindicatos eles se endireitam. Não é assim que funciona, e se as pessoas querem sindicatos diferentes é preciso que pessoas diferentes e com outros propósitos se cheguem à frente. Não tens de ser tu ou eu, mas a verdade é que se todos ficam na posição cómoda de criticar o que temos, achando que uma direcção sindical é uma coisa tão estranha e alheia aos professores que representa como um gabinete ministerial. então o que teremos é um permanente bloqueio ao sindicalismo docente.

    Para além disto, há o facto de existirem umas duas dezenas de sindicatos docentes, e de o protagonismo de um líder sindical não impedir os outros de se afirmarem também. Sendo sócio do sindicato do MN, já divulguei dezenas de iniciativas e posições do STOP e de outros sindicatos no meu blogue. E tem sido sempre essa a minha postura, como sindicalizado, como professor e como blogger: apoio todas as iniciativas que acrescentem algo à luta (sem aspas) dos professores. É essa a minha concepção de unidade, não o seguidismo de um líder ou organização, coisa que nunca fiz e que quem me conhece sabe ser avessa à minha maneira de ser, mas um somar de contributos e iniciativas convergentes para os fins em que acredito: valorizar e dignificar a escola pública e a profissão docente.

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    1. Em nenhum momento falei em “unidade sindical”.
      Só aflorei de forma enviesada o tema “sindical” quando falei em temas-tabu,

      Pois, eu sou “divergente” e cada vez mais, em especial quando nos “ajuntamos” a quem só quer convergir para o poleiro.

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    1. O que mais me chamou a atenção (e vi o vídeo até ao fim) é que só se ouviram as intervenções do Mithá Ribeiro. Não gosto! O Chega quer comprar a sede do CDS e não tem dinheiro para alugar mais uns quantos gigabytes de espaço para o seu site, de modo a apresentar a coisa no seu todo? Vejam lá isso. Quanto ao caderninho (era em A4 aquilo?) com as propostas do Chega para a Educação, é apenas o índice, ou o pacote completo? 😉 Mas estou de acordo numa coisa: realmente os intervalos deviam ser maiores (desde que não obriguem a horas remanescentes!!!) :)))

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    2. Não se ouve o ministro.
      Quanto à carga horária dos alunos, não me choca uma redução de 2-3 horas semanais entre o 7º – 11º ano e nos profissionais.

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  2. Há uma coisa que ninguém poderá retirar ao António Duarte: a sua granítica, inamovível, firme e hirta coerência em defesa dos sindicatos!!! Já lá vão uns 14 ou 15 anos que o leio a escrever sobre a luta dos professores e a conversa não se move um milímetro… sem os sindicatos o que seria dos professores, os sindicatos são sacrossantos, os professores que os criticam são uns malandros, estão a fazer um frete ao governo, criticar os sindicatos é um crime de lesa majestade e por aí fora. Basta alguém escrever um bom naco de prosa sobre a situação dos professores e, de passagem, apontar o dedo aos sindicatos mainstream e aí está o “soldado” Duarte a bater no peito em defesa dos ditos! Enfim… ao ler o comentário e o texto, tive um momento de regresso ao passado e confesso que achei uma certa piada… 15 anos depois, está tudo na mesma ! A tudo isto já tive ocasião de contrapor e rebater, de forma fundamentada, longa e repetidamente, ao longo dos anos, no Umbigo, no espaço da blogosfera, no espaço público, mas o António Duarte é isto… puro betão, se mete na cabeça que não houve “invasão”, nunca houve “invasão” e ponto final! Debaixo do braço traz tb consigo um velho argumento que repete ad nauseum: se querem fazer melhor, então em vez de criticarem, cheguem-se à frente e lutem dentro dos sindicatos para mudar as coisas. Ao que eu posso responder com uma pergunta: conhece algum caso de sucesso? Se tiver um eu aplaudiria de pé! Eu tenho o oposto, para a troca: conhece certamente o André Pestana, coordenador do S.TO.P. Conhece tb certamente o seu trajeto dentro da SPGL. É apenas um bom exemplo de como é absolutamente impossível tentar fazer alguma coisa por dentro, porque simplesmente… não passará! Porque tudo está minado, porque tudo está controlado, sempre assim foi e sempre assim será. Como mudar? Simples: desblindagem dos estatutos (aposto que a esmagadora maioria dos professores não faz a miníma ideia do que é preciso para se montar uma lista à Direção de um sindicato da FENPROF/FNE, de tal modo que o André nunca conseguiu, só o fez para o Conselho Geral) e limitação dos mandatos. Há 15 anos ou mais que diversos professores alertam para isto (desblindagem de estatutos e limitação de mandatos), mas claro que o silêncio do outro lado é ensurdecedor. Se assim é, só restam dois caminhos: ou criar novos sindicatos (como fez o André Pestana) ou criticar abertamente (sempre que se justifique) a praxis dos sindicatos mainstream. E com todo o direito! Acho é que o fazemos muito pouco, devia ser mais ainda e por muito mais gente! Deixo, finalmente, uma pergunta: O António Duarte concorda com a limitação de mandatos para os Diretores dos Agrupamentos? Sim ou não? E para os sindicatos? A opinião é mesma? Não sendo, qual a justificação para tal incoerência, ainda por cima, vinda de alguém tão coerente?

    PS – “o protagonismo de um líder sindical não impedir os outros de se afirmarem também!” A sério caro António Duarte? Não o conhecia assim tão assustadoramente ingénuo. Ou esquecido! Nomeadamente da história da luta dos professores há uns 10 ou 15 anos atrás. Sobre os supostos agentes infiltrados do governo para desestabilizar os sindicatos, valeu de tudo quase até arrancar olhos! Até um dossier organizado (com um certo volume), sobre os cabecilhas da agitação, chegou a ser colocado em cima de uma mesa, lá para os lados da Faculdade de Ciências, numa conferência qualquer!!! Enfim… sem mais comentários! Tudo muito engraçado! Mas o António Duarte tem as suas certezas, está no seu direito!

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    1. Ricardo, é difícil contra-argumentar quando os argumentos se baseiam em posições que não são as minhas ou em afirmações que não proferi. Ainda assim, vou tentar.

      Acredito no sindicalismo, enquanto forma organizada de os trabalhadores assalariados lutarem colectivamente por melhores condições de vida e trabalho, até ao dia em que me demonstrarem que, por outros meios, ou com outros instrumentos que não os sindicatos, se atingem melhor esses fins. O que me recuso a fazer é a deitar fora o que temos, por muitos defeitos que tenha, sem nada para o substituir.

      Agora onde é que eu endeuso os sindicatos ou pretendo que sejam imunes à crítica? Quem se quiser dar a essa maçada encontrará no meu blogue, nomeadamente na altura da greve às avaliações, vários posts críticos da posição do meu próprio sindicato. Claro que as decisões sindicais merecem ser discutidas e contestadas se for caso disso. De preferência com fundamento e objectividade. Que é isso de “os sindicatos”? Há diferentes organizações, com diferentes orientações político-sindicais e formas de funcionar. Uns são melhores do que outros, uns representam efectivamente a classe, outros representam-se sobretudo a si mesmos. Todos foram acumulando erros e defeitos, como é próprio das organizações humanas. Não é esta a discussão mais interessante e oportuna para ter aqui, mas a questão é incontornável para quem tiver a pretensão de conhecer a verdade última e definitiva acerca do sindicalismo docente.

      Sobre blindagem de estatutos: será uma realidade em muitos sindicatos, e por isso penso, e já o escrevi várias vezes, que para quem fazer novo e diferente o mais viável é abrir ao lado do que tentar derrotar o aparelho instalado.

      Sobre o André Pestana: conheço o seu percurso (no SPRC, não no SPGL) e saudei, quando apareceu, o novo sindicato, divulgando muitas das suas iniciativas (o que continuo a fazer sempre que se justifica). E confesso que, na minha ingenuidade, esperei que este sindicalismo que se prometia novo e diferente conquistasse adeptos entre os muitos professores desiludidos com os sindicatos tradicionais. Mas não estou a ver isso. Porquê? Não é uma acusação. É tentar perceber o que é que o STOP ainda não conseguiu fazer para convencer.

      Finalmente, sobre protagonismos: o Dias da Silva está há mais anos à frente da FNE do que o MN na liderança da Fenprof. Porque é que ninguém lhe pede contas e responsabilidades pelo trabalho da sua federação, nomeadamente quem desconfia da “esquerda”? Ou o Filipe do Paulo, que tão bem governa a vida na Pró-Ordem? Só posso responder por mim: eu peço contas ao meu sindicato. Mas quem não é sindicalizado acho que tem o direito de as pedir a todos, pois todos alegam representar, de uma forma ou de outra, todos os professores.

      E continuo a dizer: todos podem organizar coisas nas escolas, convocar conferências de imprensa, organizar manifestações ou tudo o mais que se lembrarem. A minha posição é a mesma de sempre: unir esforços, juntar forças, não marginalizar nem excluir ninguém. Mas criticar tudo o que tiver de ser criticado, assim como aceito as críticas que também me possam fazer.

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      1. Então aceitarias uma grande frente unida, com a MLR e o Crato pelo meio, todos numa grande frente a assinar uma petição daquelas muito corriqueiras que vão até ao Parlamento passear as assinaturas?
        Em nome da unidade, sem exclusões? A bem da Nação!

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        1. Acho que sabes bem que não.
          A união que eu defendo é a dos professores, não a destes com os carrascos da classe docente.

          O que me parece que estes anos todos nos demonstraram é que os professores, se querem ter alguma voz activa nos assuntos que lhes dizem respeito, têm de contar, antes de mais nada e acima de tudo, consigo próprio e com a capacidade de convergirem em objectivos comuns em vez de ficarem à espera de milagres numa manhã de nevoeiro…

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          1. E quando isso acontece, por exemplo, dentro das escolas, com fundos de greves, escalas de greve, professores mobilizados e auto-organizados, vem o sindicato grande e enterra a luta!!! É lindo falar de união e de professores a convergirem em objetivos comuns, e depois esquecer todos os momentos em que foram traídos pelos sindicatos, em plena luta! Eu sei que custa ouvir estas verdades, mas elas têm de ser ditas!

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          2. Não acredito em milagres.
            Nem sequer acredito em coisas que não seriam milagres.
            As poucas ilusões que eventualmente tive foram bem esmagadas pelos relativistas oportunistas e pelos profissionais da luta, adeptos da pós-verdade quando lhes convém.

            Sou de um modelo arcaico, que reconhece a multiplicidade de perspectivas, mas a objectividade de um frango ser um frango. Ou seja, ser “um” e “frango” e não três elefantes. Ou outras coisa, conforme dá jeito.

            O teu “consigo próprios” tem razão de ser, mas tenho quase a certeza que nele incluis “convergentes” a quem não compraria um carrinho de mão numa loja de artigos novinhos em folha.

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      2. Outro dos méritos do António Duarte é este: não se furta ao debate, nem desce de imediato ao chinelo. Isso é de sublinhar e relevar. Por isso, é com todo o gosto que respondo:
        1. Quando me refiro “aos sindicatos” estou a referir-me sobretudo aos maiores (FENPROF e FNE) e tb aos restantes da Plataforma Sindical (não sei se ainda existe). São os sindicatos que vivem da luta e para a luta, e que a aquecem ou arrefecem de acordo com os seus interesses e influências político partidárias. Sindicatos que lutam ou não lutam de acordo com a cor do governo, não são verdadeiros sindicatos, são braços armados da luta política, não agem verdadeiramente de acordo com o interesse de quem representam. Ou, pelo menos, só o fazem de vez em quando, quando convém a quem os controla.
        2. Reparo que o António Duarte defletiu a minha questão sobre a limitação de mandatos, e fui buscar o caso do Dias da Silva ou do Filipe do Paulo, como se a minha crítica fosse só para os mandatos do Nogueira. Mas eu insisto na minha questão: é contra ou a favor essa limitação de mandatos dos dirigentes sindicais? E quanto aos mandatos dos Diretores é contra ou a favor? É coerente em termos de pensamento sobre estas duas situações, ou não?
        3. Reparo ainda que sobre a desblindagem de estatutos nada rebateu… apenas diz que o melhor é “fazer ao lado”, aceita portanto que “por dentro” não vai dar. Depois não me pergunte porque é que os professores desacreditam dos sindicatos, nomeadamente os que se fecham a 7 chaves sobre si mesmos e impedem que alguém dê luta eleitoral interna com alguma hipótese de sucesso.
        4. Eu explico-lhe diretamente porque motivo ainda não me sindicalizei no S.TO.P. (embora tenha o maior apreço e estima pelo André Pestana e por outros membros do sindicato, um deles meu colega de escola, durante décadas): o S.TO.P insiste num erro de base – continuar a descer a Avenida a reboque da FENPROF/FNE, em nome de uma suposta UNIDADE na ação, que nunca existiu, nem nunca existirá, a menos que essa unidade seja decidida e controlada pela FENPROF/FNE. Enquanto não surgir um sindicato que corte radicalmente com as amarras e o politicamente correto da tal suposta sacrossanta UNIDADE que é uma falácia absoluta, eu nunca me sindicalizarei! Como me faltam “só” 9 anos para a reforma, não estou a ver que aconteça!
        5. O facto de nunca ter sido sindicalizado, não me impediu de agir, dentro e fora da escola. E agir em força, quer num caso quer noutro. Poderia recordar muitos, mas mesmo muitos momentos e intervenções. Infelizmente, tendo quase sempre de enfrentar as aleivosias que os fanáticos sindicalistas destilaram ao longo de anos, sobre os professores que se envolveram na luta, e que apenas agiam em liberdade de consciência e total independência. Tantas energias gastas a disparar sobre colegas, quando podiam ter usado todas as munições contra o real inimigo. E nisto, o António Duarte não está totalmente isento de responsabilidades, pois também alinhou, de certa forma, na tentativa de descredibilização que foi lançada sobre muitos colegas que dignamente reforçaram a luta dos professores no passado. Crime cometido? Apenas um: terem chamado a atenção dos media e terem ocupado uma parte do espaço mediático antes completamente controlado pelos sindicatos. E até organizarem manifs e alimentarem blogs fora da alçada e controlo sindical. Aliás, e sobre isto, basta atentar no comunicado da FENPROF a propósito da participação do Paulo Guinote no recente debate televisivo com a presença do vómito MLR. Ou se quisermos recuar um pouco mais, atentar neste texto de uma aguerrida associada, de fácil acesso/pesquisa na net, que se encontra no site da FENPROF, precisamente sobre o perigoso agitador que era, em 2013, o coitado do André Pestana
        (https://www.fenprof.pt/SPE/?aba=75&mid=204&cat=333&doc=8037)
        e que termina assim:
        “Se começar a acreditar na outra tese, naquela que nos faz perguntar que interesse obscuro levará alguém, em nome de coisa nenhuma, a atacar a unidade dos professores e daqueles que neste momento são o último reduto na defesa dos seus espezinhados direitos, estará tudo perdido… Não deixa, no entanto, de ser curioso o facto de ser sempre nas alturas em que a união e força dos sindicatos são vitais que aparecem os Pestanas desta vida a criar ruído e a dar trunfos ao inimigo… Porque há só um inimigo e todos sabemos quem é, certo?” Cá está a CARTILHA, pura e dura! Tantas e tantas vezes repetida e ensaiada que até enjoa. E que, pelos vistos, continua em vigor!
        Não, não é este tipo de sindicatos e sindicalismo que defendo! E também tenho direito em pensar assim!

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        1. Ricardo,

          A falar, ou neste caso a escrever, é que nos entendemos. Por isso, e se na primeira resposta seleccionei apenas o que achei mais relevante, respondo agora ao resto, ponto por ponto:

          1. O problema dos sindicatos enfeudados aos partidos existirá sempre enquanto as pessoas mais activas a nível sindical forem também militantes ou simpatizantes partidários. A solução não me parece que passe por cercas sanitárias em torno destas pessoas, mas pelo envolvimento de mais independentes no movimento sindical. E aqui vamos dar ao mesmo, é preciso que o queiram fazer.

          2. Sobre limitação de mandatos, acho desejável que os sindicatos definam regras a esse respeito, mas sempre em resultado de decisões dos seus associados, não como imposição legal. A que existe para titulares de cargos públicos deveria ser reforçada no caso dos directores, pois existem na prática alguns subterfúgios que permitem contorná-la. Esta discussão poderia levar-nos longe, mas acrescento apenas mais uma nota: temos aí um clube desportivo bem conhecido dirigido por alguém que já lá deve estar há quase tanto tempo como leva no trono a rainha da Inglaterra. Porque é que ninguém exige limitação de mandatos? Ah, é que o homem ganha campeonatos. Pois bem, o problema então é que o MN e os outros já não ganham um jogo sequer há imenso tempo. A ilusão é que se mudassem de dirigentes a cada dois ou três anos, como na bola mudam de treinador, passaríamos a ganhar.

          3. Concordo com tudo o que seja promover a democracia interna nas organizações de classe, mas parece-me exagerado concluir que a falta de renovação se deve exclusivamente a uma classe dirigente que se perpetua porque fez do sindicato a sua zona de conforto e já não quer ou não sabe sequer dar aulas. Isto existe também, atenção, não nego a realidade, mas procuro observá-la também do outro lado, que é a quase total ausência de professores motivados para o trabalho sindical numa perspectiva que seja a de servir a classe e não a de servir-se a si próprio. Por outro lado, temos o caso do SPGL, onde habitualmente existem duas ou três listas a concorrer aos órgãos dirigentes. E onde por sinal o PCP, o partido que tem a fama de controlar a Fenprof, perde sistematicamente.

          4. Opções e convicções pessoais que não partilho, mas obviamente respeito.

          5. Não sei que pesadas responsabilidades serão essas que me atribuis (somos da mesma geração e colegas de profissão, julgo que nos podemos tratar por tu) mas a minha consciência está tranquila. Procurei ao longo dos anos acompanhar e apoiar diferentes lutas, tanto de iniciativa sindical como de blogues e grupos de professores. Sempre, desde os tempos das lutas académicas dos anos 80, combati o sectarismo dos que se arvoram em donos da luta. Não me inibo de dizer o que penso, e que nem sempre agrada, mas a minha perspectiva foi sempre a da conjugação de esforços, se não na mítica “unidade” que provoca anticorpos em demasiada gente, pelo menos na convergência das acções. Claro que nem sempre isto é entendido, e terei algumas vezes sido visto, em meios blogosféricos, como um infiltrado da Fenprof, e olhado de esguelha em meios sindicais como um tipo “dos blogues”. Como não tenho outras ambições senão continuar a trabalhar na profissão que escolhi e ir publicando uns escritos para quem quiser ler, é para o lado em que durmo melhor.

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  3. O António Duarte é um homem de esquerda, daqueles que meteu a cassete e nunca a tirará, mesmo que o VRay já seja ele mesmo um dinossauro.
    É alguém que, para sugerir, sensivelmente, que a Rússia invadiu a Ucrânia, vai buscar todos os males e injustiças do mundo, a NATO, o Diabo e o assassino da Laura Palmer.
    É alguém para quem a direita, que começa no PSD, é a causa de todos os males do mundo.
    Ele ainda não deu conta, porque ninguém o avisou, que a sua ideologia já está também no petróleo que consumimos.

    A minha apreciação decorre apenas dos seus escritos. Quanto à pessoa em si, fora deste contexto, nada tenho a dizer, porque não conheço.

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    1. Sísifo,
      Não tenhamos dúvidas: o PSD é também uma das causas dos males do mundo. Nomeadamente, do mundo docente. Logo a começar por se recusar a mexer uma palha que seja no atual modelo de gestão escolar, só para dar um pequeno grande exemplo.

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      1. Não é a isso que me refiro, até porque PS e PSD convergem em tudo o que é nocivo em matéria de Educação. É o grande centrão de interesses, onde o próprio Marcelo navega.

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        1. Sísifo,
          Totalmente de acordo!
          E quanto ao Sr. Prof. Doutor Marcelo… aproximar-se de um professor do básico é uma ideia que não lhe assiste, nem lhe deve roubar o descanso. Basta comparar o número de vezes que já foi a estádios de futebol e a escolas.

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  4. “Caros colegas em monodocência: A partir do momento em que os monodocentes, educadores de infância e professores do 1º ciclo, deixaram de usufruir de um regime especial de aposentação, tendo os restantes colegas do 2º, 3º e secundário, em pluridocência, mantido todas os direitos conferidos pelo Estatuto da Carreira Docente (ECD), a situação tornou-se confrangedora uma vez que os docentes, com o mesmo ECD, são tratados de forma desigual.” Este grupo (a que não pertenço) caso se legalize como sindicato pode afastar ainda mais os professores dos sindicatos tradicionais. A fenprof mistura tudo num ato estranho, redução para 22h letivas e continuação das pausas letivas agora com proposta de dispensa letiva também aos 20 anos de serviço- Já existe aos 25 e 30. A inclusão de ao menos 1 docente nas direções (na minha de 2 passámos rapidamente a 0). Como se isso fosse remediar a gestão anti democrática. Francamente somos da primária mas não parvos.

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  5. Alguns professores ativos na vida sindical esperam as vagas deixadas, quando a velha guarda sindical se aposentar….outros não tiveram paciência e saíram! Dificilmente esta renovação trará alterações pois a formatação está garantida (precisam conhecer o funcionar da coisa) aos candidatos, caso contrário ficam à porta do sindicato. Por Lisboa continuarão duas listas pelo menos, já cá pelo sul penso que secaram qualquer oposição.

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  6. Li tudo até ao fim.
    Apreciei sobremaneira o tom elevado e respeitosos de todos os intervenientes nas argumentações apresentadas.
    Há muito tempo tive uma experiência de um ano de delegado sindical pelo SPN (de que continuo a ser sócio) que não voltei a repetir pelo esforço que é necessário investir para mobilizar os colegas, pela constante actualização informativa que se impõe, pelo exemplo a dar, pela disponibilidade que requer assemelhando-se a uma espécie de missão religiosa, não me trazendo qualquer benefício pessoal, pelo contrário.
    Penso que se todos tivessem consciência da sua força e se os sindicatos se esforçassem mais por merecer a confiança dos seus representados não estaríamos a viver este momento de crise.

    Há uma grande verdade que também assumo como minha que o Ricardo Silva expressou muito bem com estas palavras, cito:

    “Sindicatos que lutam ou não lutam de acordo com a cor do governo, não são verdadeiros sindicatos, são braços armados da luta política, não agem verdadeiramente de acordo com o interesse de quem representam. Ou, pelo menos, só o fazem de vez em quando, quando convém a quem os controla.”

    Mas também me parece que o António Duarte mostrou uma grande abertura à crítica e mostrou uma grande clarividência em relação a ideias chave que já deviam estar assimiladas há muito tempo:

    “Acredito no sindicalismo, enquanto forma organizada de os trabalhadores assalariados lutarem colectivamente por melhores condições de vida e trabalho, até ao dia em que me demonstrarem que, por outros meios, ou com outros instrumentos que não os sindicatos, se atingem melhor esses fins. O que me recuso a fazer é a deitar fora o que temos, por muitos defeitos que tenha, sem nada para o substituir.

    (…)

    O que me parece que estes anos todos nos demonstraram é que os professores, se querem ter alguma voz activa nos assuntos que lhes dizem respeito, têm de contar, antes de mais nada e acima de tudo, consigo próprio e com a capacidade de convergirem em objectivos comuns em vez de ficarem à espera de milagres numa manhã de nevoeiro…”

    Agora tudo isto é como a democracia, que apesar de, em meu entender, acumular muitos defeitos e ser alvo de críticas, continua a ser o melhor sistema de governação dos povos.

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    1. Caro Ruas,
      Em primeiro lugar os meus parabéns por ter tido a disponibilidade em assumir uma militância cívica e sindical ativa. Isso é algo que tem de ser reconhecido e valorizado. Não tenho qualquer dúvida sobre a relevância e o papel transformador que os sindicatos assumiram nas suas lutas históricas em prol dos direitos dos trabalhadores e da melhoria da sociedade em geral. Não discuto, nem critico, a existência de sindicatos, são fundamentais e imprescindíveis. O que discordo, frontalmente, é da forma como os seus dirigentes de topo se eternizam nos mesmos e os lideram. É tão simples como isto. Quanto à frase do António Duarte que sublinhou e destacou no seu texto, fiz um comentário sobre a mesma mais acima… porque a frase é importante e válida, o problema é o de sempre, o que é que os dirigentes sindicais de topo fazem com a mobilização e unidade dos professores, quando ela acontece. Na verdade, têm feito com que essa unidade cada vez seja mais complicada de obter, com todos as perdas que isso acarreta para a luta dos professores. Haja coragem para conseguirmos ter sindicatos verdadeiramente independentes, livres de “submarinos” ou amarras partidárias, sindicatos com uma ligação real às bases. No meu entender, só assim poderemos ir mais longe.
      Abraço

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      1. Ruas,

        Quando quem está a debater tem respeito entre si e quer falar das coisas a sério, as discordâncias enfrentam-se com bom senso.

        Outra coisa se passa com outras figuras para quem uma crítica é logo uma declaração de ódio ou morte e desatam a expelir fel por todos os lados e a ofender tudo e todos.

        Discordo do A. Duarte em várias coisas há anos, mas nunca questionei a sua seriedade. E ele sabe que sempre lhe disse que ficaria melhor a escrever num blogue em seu nome do que a comentar no “Umbigo”.

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        1. Ricardo Silva, inteiramente de acordo com a sua ideia de sindicalismo, ligada às bases e sem amarras partidárias.
          O problema já vem de longe e a panóplia de sindicatos existentes, deixa perceber que há correntes de influência partidária para todos os gostos, outros elitistas, correndo-se o risco de se perder um sentido independente e genuinamente profissional de representatividade.
          Em relação aos lugares de topo penso que seria saudável e benéfico para o próprio sindicalismo se a sua renovação ocorresse de forma mais amiudada, podendo ser estabelecido um critério temporal.
          Contudo penso que também aqui, num contexto destes, poderemos a dada altura confrontar-nos com a ausência de candidatos às lideranças, cumpridos os prazos que vierem a ser estabelecidos para esse efeito.

          Contudo entendo que é muito positivo que estas temáticas possam ser discutidas sem receios, deixando perceber o que no passado esteve menos bem ou até incorrecto não podendo voltar a repetir-se sob pena da defesa dos interesses profissionais docentes e da escola pública em geral ficarem ainda mais comprometidos.
          Sinto-me agradado pelo facto dos colegas Paulo e António promoverem nos seus blogues a discussão destes assuntos.
          Admiro-os a ambos, pela sagacidade, inteligência e seriedade com que os apresentam, apesar das discordâncias que por vezes deixam perceber.
          São locais de leitura favorita quase diária.
          São espaços vivos, onde se aprende também com os comentários de alguns intervenientes, o que nos faz sentir bem e gratos.
          Assim continuem por muito tempo.

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