Vai dando na RTP2. O texto continua interessante e o essencial é ignorar o que aconteceu ao rosto da Helen Hunt (e não foi propriamente o envelhecimento natural).
Dia: 14 de Maio, 2022
A Sucessão
Mário Nogueira vai continuar à frente da Fenprof, mas com dois adjuntos
Agora, uma dose cavalar de tretas, como aquela de querer voltar a dar aulas antes de se reformar. A verdade é que não sabe fazer mais nada e quando sair, alguém lhe vai oferecer um poiso académico, a fingir que é um grande mestre de estratégia e culinária.
Isto faz lembrar as “vagas de fundo” do Alberto João Jardim e do Pinto da Costa.
No congresso de junho de 2019, quando foi reeleito, Mário Nogueira disse que aquele seria o seu último mandato.
“Os nossos sindicatos, de uma forma algo insistente, foram-me abordando para que continuasse mais este mandato, também por causa da situação que nós temos no país, a situação política, a necessidade de organizarmos essa ação”, contou.
No entanto, para si, “um mandato mais não poderia ser um mandato igual aos outros”, teria de ser “um mandato de transição, um mandato de coadjuvação, porque os tempos passam e os tempos também são outros”, e, nesse sentido, surgiu a proposta de alteração dos estatutos.
Mário Nogueira admitiu que, “se a alteração não fosse aprovada e a solução fosse continuar sozinho, a fazer um trabalho que vai ser cada vez mais exigente”, não teria condições para continuar, “até pessoais”.
Há Quem Diga Que Não Mudou
(mas é verdade que é gente com mais de 120 anos… pelo menos mentalmente…)
Children at Millbank Primary in Cardiff are celebrating its opening in 1902 and learning what school was like at the start of the 20th century
Sábado
“Professor, eu não tenho nenhuma imaginação”. Ouvi esta frase, ou uma sua variação, por diversas vezes esta semana, na sequência do pedido, a finalizar o teste de Português de 6º ano, para que os alunos imaginassem “uma cena em que te encontres a bordo de um navio pirata e prestes a enfrentar um ataque inimigo”, acrescentando que não se esquecessem de usar diálogos Mais nada, mais nenhuma condição, de mínimos ou máximos de palavras. Nos dias anteriores, excepção feita ao tema, já lhes tinha dito que a parte de produção escrita seria com estas características, mas, tendo terminado a leitura de Os Piratas de Manuel António Pina, não seria propriamente uma surpresa.
O mesmo número de vezes, respondi que não acreditava que não tivessem imaginação, apenas não estavam a tentar, sequer, imaginar qualquer coisa a partir de algo que já conhecessem, tivessem lido ou visto em filme. Que na idade deles (11 anos, em média) a imaginação deveria estar em boa forma e que era difícil acreditar que não conseguissem imaginar uma cena de um ataque de piratas. Alguns lá tentaram avançar, mas um punhado não tentou ou, ao fim de duas linhas, desistiu e ficou a olhar para a folha. Não se tratou de qualquer caso (talvez um!) de pura e simplesmente se estar nas tintas. A verdade é que – ao contrário do que por vezes se diz – não sentirem capacidade para criar algo seu e passá-lo para o papel. Outros colegas conseguiram-no e houve mesmo quem perguntasse se podia acrescentar uma página do caderno.
Em regra, todos os anos há um par de alunos que passa por este tipo de “crise”, seja de confiança ou mesmo de “imaginação”. Mas o número vem aumentando, não achando eu que é falta de capacidade, mas sim de atitude perante o esforço que é pedido e que vai além de extrair informações de um texto ou estudar conteúdos. A “criação” parece algo que, em vez de equivaler a liberdade, se assemelha a um dever indesejado. Claro que é fácil relacionar esta atitude com a crescente dependência de gadgets que já trazem quase tudo feito, bastando seguir os caminhos pré-estabelecidos. Não sei se é apenas isso. Não tenho dados para avaliar se é algo mais geral do que o que resulta da minha observação directa de 56 petizes, dos quais 10-15% se revelam incapazes de alinhavar mais de umas 20 palavras, antes de desistirem, por muito que os estimulemos ou provoquemos. Não me venham com a pandemia a este respeito, que é treta. É algo diferente. Também não tem a ver com qualquer “mudança de paradigma”, nas necessidades de ensino/aprendizagem. è apenas algo que me deixa desconfortável, mais do que desiludido. Que eu gostaria de não ver aumentar ainda mais nos próximos anos. Porque quando aos 11 anos se desiste de fazer algo, quando não se têm quase limitações, chegando mesmo a dizer que seria mais fácil terem instruções muito mais restritivas e direccionadas, isso não prenuncia nada de muito bom.