Texto enviado por um colega, a quem pedi autorização para publicar.
Sempre quis ser professor… de Educação Física… de Desporto… foi desde sempre a minha paixão!!! Não fui um aluno exemplar… desviei-me várias vezes do caminho por atalhos e “quem se mete em atalhos, mete-se em trabalhos”. Mesmo assim, fui sempre encontrando novamente a “estrada do futuro”. Lá segui para o ensino superior numa área que eu sempre gostei e perto de tornar realidade o meu “castelo no ar”.
Finalizado este caminho, quando pensei que seria sempre a andar e sem pedras grandes ou pequeninas, eis que surge a primeira pedrada: pela primeira vez, no concurso nacional de professores, um aluno – acabadinho de se formar – não podia concorrer em circunstâncias iguais para iniciar a sua vida profissional…que TRANSTORNO!!! O meu querido pai esteve 4 anos a trabalhar para me ver licenciado… que alegria a dele e …deceção!!!
Enfim, lá segui a minha vida e resolvi não ficar ali… fiz uma especialização em Necessidades Educativas Especiais…ufa… bendita especialização que me fez “arrancar” que nem um barco a motor.
A partir daqui conheci vilas e cidades (G, FX, RB, VV, GM). Até aqui tudo parecia normal, mas… CHHHHIIIIIII… PAROU… Segunda pedra: medidas especiais de contenção, falta de vagas a norte e “toca a viajar” à procura das condições especiais de vinculação. Então conheci SM (maldito momento, entendi que entraria uma qualquer escola até aquela região para ter acesso às condições especiais de vinculação, onde não eras obrigado a ficar na zona onde abria a vaga como contratado… azar… só contava quem entrava na primeira reserva de recrutamento… voltei à “estaca zero” no ano letivo seguinte!!!
Tranquilo. Sem preocupação … mais 5 anos… vamos recomeçar: MG e LX e… finalmente, CONSEGUI… “mas… espera… eu vou ter de ficar nesta região”… TCHHH… acordei tarde! Terceira pedrada… A quarta pedrada surge ao mesmo tempo. Sabem qual? Pois… só depois de sair o resultado, a geringonça resolve alterar as regras da norma-travão para 3 anos de contrato (ou 2 renovações) em qualquer grupo de recrutamento, MAS SÓ DE CONHECIMENTO PÚBLICO DEPOIS DE TODOS OS DOCENTES CONCORREREM e ANUNCIADO APÓS SAIR O RESULTADO DOS CONCURSOS! Absolutamente fantástico… Concorri tendo em conta as regras até 31 de agosto desse ano e, eles resolveram alterar após, repito, DEPOIS DE TODOS OS DOCENTES CONCORREREM e ANUNCIADO APÓS SAIR O RESULTADO DOS CONCURSOS…
O meu “Castelo” que estava a ficar seguro em terreno sólido…. Volta a subir… mas não caiu!!!
Fui à luta… As normas de concurso permitem que possa ficar próximo da minha família… pois tenho família… as recomendações de quem sabe diz: “vincula em qualquer sítio”, “tudo vai correr bem”, “aceita a tua vinculação”, ”as regras favorecem-te”… Ano de concurso geral, decisões pelas regras atuais, logo, decisões em função dessa legislação!!!! Feito, submetido, tudo tranquilo, calmo, corre tudo bem. Um ano depois… O CASTELO COMEÇA A DESFAZER-SE… última pedrada: querem alterar a regras do jogo sem dar tempo para os trabalhadores se prepararem… ah! Os trabalhadores têm família, compromissos, vida e tudo igual aos que “conduzem” o país!!!
Esta última pedrada… não será a última… talvez a última pedrada seja no ano de concurso geral… o ano das mudanças, o ano em que, dizem, vamos ter profundas mudanças e, MAIS UMA VEZ, quem se preparou a para legislação atual… vai ser surpreendido… pois sairá uma que não deixa preparar ninguém.
Ah… o Castelo, que estava firme, vai caindo sempre, a cada mudança, aos pouquinhos e nunca mais será possível voltar atrás, nunca mais será possível reconstruir… ou perdes a tua família ou a decência emocional e psicológica!!!!
Assinado,
HMP
E é isto um país de direito, que não cumpre o mais elementar do elementar, que seria o respeito pelas expectativas criadas pelo enquadramento jurídico produzido pelo poder legislativo, que resulta do poder político.
Então a Educação tem sido o universo perfeito para os políticos mostrarem a merda de que verdadeiramente são feitos, ora produzindo atropelos nos concursos de professores, ora não contabilizando todo o tempo de serviço prestado para efeitos de progressão na carreira, ora introduzindo obstáculos para que, para além disso, só uma minoria aceda ao topo, ora alterando a idade da reforma, sempre na base do mesmo denominador comum: o total desrespeito por quem já estava ao serviço e tinha a sua vida estruturada com base num cenário inicial tutelado por um determinado cenário jurídico.
Em Espanha, o nosso país mais próximo, soube que muitas alterações nessas áreas foram introduzidas, mas para aplicar só a quem estava a iniciar o seu percurso, nunca para quem já ia a meio.
Portugal nesta matéria parece ser mais um local mal frequentado do que um país com coluna vertebral, e isto constata-se com qualquer um dos alternadeiros do poder, PS ou PSD.
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Valiosíssimo depoimento. Merecia ser publicado em jornais…de facto, como diz o Ruas acima: “e é isto um estado de direito…”!
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