Mas O Que Interessa, Por Cá, É Que Já Nomearam Mais Uma Comissão Ou Grupo De Trabalho Para Estudar Qualquer Coisa Quase Tão Urgente Como Levantar O Moral A Quem (Ainda) Está

A Profession in Crisis: Findings From a National Teacher Survey

(…) The survey results suggest a deep disillusionment of many teachers who feel overworked, underpaid, and under-appreciated, with potential implications for a once-in-a-generation shift in the teaching profession. For example, just 12 percent of teachers, the survey found, are very satisfied with their jobs, with more than four in ten teachers saying they were very or fairly likely to leave the profession in the next two years.

A Mobilidade Por Doença Segundo Costa

Depois de ler isto, ou não muda nada ou há por ali um truque qualquer. Quanto às mudanças em escolas “na mesma rua” penso que se exigiria uma demonstração documental [apostilha: nos comentários, diz-se que o caso é em Bragança, pelo que já deveria ter sido feita investigação específica], não resultante de “bocas” colhidas aqui ou ali nos mentideros da corte. Ou junto de quem parece andar numa de vendetta pessoal contra colegas.

E para que fique bem claro: cá por casa ninguém concorreu, alguma vez, a qualquer mobilidade. O que escrevo – defendendo ou atacando – não tem qualquer componente de interesse pessoal. Apenas me afligem as hipocrisias. em especial, quando ouço ou leio coisas a gente que anda em carro oficial, com motorista(s) à disposição, a qualquer hora.

No que toca à mobilidade por doença, o que vai mudar?

O que muda essencialmente são as condições de acesso a este tipo de mobilidade. Por um lado, mantém-se o atestado médico em função das doenças que estão previstas como incapacitantes, mas também a certificação de que esta deslocação de facto, conforme previsto na lei, se destina a poder haver prestação de cuidados médicos.

Outra questão é: se estou a trabalhar num lugar e vou trabalhar para outro sítio, o sítio para onde vou tem de haver, de facto, serviço para ser desempenhado, ou seja, as escolas têm de definir a sua capacidade de acolhimento para professores em mobilidade por doença.

Tendo os professores no mínimo seis horas letivas por semana, e fazendo contas, quantos alunos vão ser beneficiados com essa mudança?

Sobretudo, são beneficiados os alunos das escolas de origem destes professores quando não há mobilidade. Há aqui uma outra dimensão: é nós termos circunscrição em termos de possibilidade de mudança. Nós chegávamos a ter mudanças de escola para escola no mesmo concelho. Até casos na mesma rua, em que havia apenas uma deslocação de escola sem que isto se traduzisse numa proximidade maior a tratamentos, porque já eram próximos.

Pequena Nota Biográfica

|A partir da obra de Bernardim Ribeiro, Saudades. História de menina e moça| (séc. XVI)

“Menina e moça, me levaram de casa de meu pae para longes terras.”

Assim foi comigo. Aos 12 anos, vim para casa de meus tios para poder prosseguir os estudos. Na pequena aldeia onde nasci (Azinheira de Barros, concelho de Grândola) apenas existia escola primária. Na sede do concelho existia um colégio interno com mensalidades incomportáveis para a maior parte das famílias da aldeia. Assim, surgiu no meu horizonte Setúbal.

“Vivi ali |aqui| tanto tempo, quanto foi necessario
para não poder viver em outra parte.”

Da minha infância, recordo os tempos em que brincava às escolas, com outras meninas da minha idade. Guardava os cadernos usados e, mesmo quando não tinha companhia para a brincadeira, sentava as minhas bonecas nas cadeiras em volta da mesa, colocava-lhes os cadernos em frente e, claro, era eu a professora.

No final da 4a classe, realizei o exame de admissão ao Liceu e à Escola Comercial. Tive o privilégio de ter um pai que amava a Liberdade que apenas teoricamente conhecia, por múltiplas razões, mas que me deixou “escolher”. Afinal, o que eu queria mesmo era ser professora e o Liceu proporcionava-me a formação para poder concretizar o meu sonho.

E o sonho de menina concretizou-se anos mais tarde. No ano lectivo de 1986-87, iniciei o meu périplo por esta profissão tão essencial e tão digna, mas tão persistentemente maltratada. Em 1989-90, regressei à minha escola, ao Liceu Nacional de Setúbal, já então Escola Secundária du Bocage. Não como aluna, mas como professora. E foi gratificante encontrar ali muitos dos professores que me ajudaram a crescer. Jamais esquecerei o abraço carinhoso da minha querida professora de História do 3o ano (actual 7o), dra. Maria Helena Cabeçadas, que me recebeu na escadaria da entrada com um imenso sorriso. Como foi bom regressar à minha escola de menina e moça e adolescente.

Como era “provisória” (os eternos contratados da actualidade) apenas ali permaneci nesse ano lectivo, mas voltei em 2000-2001 e por aqui permaneci até que um problema de saúde me afastou da profissão, em Outubro de 2019.

Foram cerca de vinte anos a partilhar esperança e anseios com todos aqueles que aqui, neste espaço de memórias, se cruzaram comigo, principalmente os meus alunos e os meus colegas. Guardo comigo gratas recordações da profissão que exerci ao longo de quase 40 anos. Nunca me arrependi da minha opção, mas se fosse hoje, não sei o que decidiria.

“Muito contente fui eu n’aquela terra |nesta profissão/e
nesta escola|; mas…, em breve espaço se mudou tudo aquilo
que em longo tempo se buscou, e para longo tempo se buscava!
(…) Das tristezas não se pode contar nada ordenadamente,
porque desordenadamente acontecem élas.”

Sim, saio da minha profissão com algumas mágoas, fruto das injustiças que se cometeram contra esta profissão. O desrespeito permanente pelos professores, a desconfiança no seu trabalho, os entraves à progressão na carreira, os cerca de sete anos de serviço sonegados, a carga de trabalho burocrático ou a sobrecarga do trabalho não lectivo, os intermináveis contratos a termo, as longas viagens entre casa e escola, os baixos salários, etc. Tudo isto foi acompanhado pela desumanização da Escola em geral e da minha escola em particular.

Assim, aos que partiram, rendo a minha homenagem.
Aos que se aposentaram ou vão aposentar-se, deixo os meus desejos de muita saúde para desfrutarem em pleno desta nova fase das suas vidas.
Aos que continuam na profissão e a ela se dedicam quase incondicionalmente, deixo a minha solidariedade e uma palavra de Esperança.
A todos os que fizeram parte deste meu percurso, deixo o meu muito obrigada.

Maria de Fátima dos Santos Patranito
Professora do grupo 400, entre 12 de Novembro de 1986 e 01 de Abril de 2022

Por Amor De Todas As Santinhas, E Se Fossem [Pi-Pi-Pi-Pi-Pi-Pi]

Rapariga… arranja, um namorado, uma namorada, qualquer coisa, um avisão (como a outra que namora com um), dedica-te à renda de bilros, vai para uma seita, adere ao mindfulness, mas, por favor, deixa-me jogar à bisa e à sueca (euroecentrismo, eu sei) sossegado.

Em vez de rei, dama e valete há ouro, prata e bronze. Com este novo baralho, a holandesa Indy Mellink quer acabar com a desigualdade de género nas cartas.

E porque é que o ouro (masculino) deve valer mais do que prata (feminina), já agora? Einh, já pensaste nisso ó esperteza neerlandesa saloia?

Por momento, reconsidero a possibilidade de achar que, realmente, há coisas “normais” e outras que não o são, depois de anos a pensar que isto é tudo muito relativo. Não, há coisas que são mesmo, mas mesmo, muito parvas.

Sacanas Dos Miúdos!

Há uma antiga turma minha de 6º ano, agora no 8º, que desde o início do ano me tem dito que não tem Francês e TIC. Andaram a enganar-me, porque o shôr ministro diz que não tiveram foi Moral e Educação Especial!

E há uns outros de 7º, sem Português, que também devem andar ao engano e devem estar a falhar a sala há meses e um@ professora de Português durante esse tempo todo a pensar que os alunos não gostavam dela.

(será que esta entrevista foi a tentar que a colunista Abecassis deixe de fazer críticas? o que se segue? um mega-exclusivo com o Observador? o Alexandre deve aceitar sem hesitações…)

Controlo De Danos

Depois do estampanço na entrevista ao Expresso, eis que o ministro João Costa dá mais uma longa entrevista, agora à Renascença, a qual polvilha de números e factos sobre a falta de professores. Espremido, é apenas um momento para alijar responsabilidades e, no fundo, dizer que quase nem faltam professores, sem ser em Moral e Educação Especial, o que não deixa de ser uma reviravolta surpreendente e uma clara desfocagem quanto ao que se observa nas escolas. E, claro, é quase tudo culpa das baixas médicas dos docentes que, apesar de velhos, deveriam estar todos sãos como maçãs de Alcobaça.

Depois de Tiago, o Nulo, temos o João, o Ilusionista.

A Ler

Felizmente, ao que parece, em acesso “aberto”, porque ao Paulo também não pagam os textos, pelo que é o mínimo que se exige.

(afinal, já fecharam o acesso, pelo que deve ir ler-se aqui)

No nosso caso, e tomando como exemplo a falta estrutural de professores, é imperativo ouvir os peritos na realidade escolar e reduzir a enraizada prevalência dos especialistas tradicionais ou instantâneos.

4ª Feira

Whatever makes you happy.

O Município de Torres Novas vai promover, nos dias 3 e 17 de junho, dois workshops online sobre mindfulness, direcionados a pais, encarregados de educação e alunos do 3.º ciclo e ensino secundário, no âmbito da iniciativa Escola Plena, projeto do Município e dos agrupamentos de escolas Artur Gonçalves e Gil Paes, que conta com a parceria do Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

Mas garanto que há coisas beeeeem melhores para curar essas almas sofredoras.