E Se Fossem Encher-se De Moscas E Catar-se Ao Mesmo Tempo?

Quem andou anos a validar políticas de “racionalização” dos serviços públicos e dos que o mantêm em funcionamento, agora aparecem a questionar o Estado porque os serviços estão a implodir. Deram pelas escolas (que se andam a tapar com remendos, como chegarem pessoas sem qualquer experiência de ensino a dias do fim do ano lectivo, para poderem dizer que não haverá quase alunos sem aulas no dia 15), os tribunais há muito que entupiram e agora são os hospitais. Esta malta apoiou o “mais com menos” e o ataque sem dó nem piedade a professores, enfermeiros, médicos e muitos outros funcionários públicos nos últimos 15-20 anos. Apoiaram, mesmo quando foi só nisto, o “engenheiro”, a troika e só temeram que a geringonça invertesse as coisas, o que não aconteceu, porque o PCP e o Bloco preferiram migalhas a coisas substanciais e foram politicamente sodomizados pelo Costa à frente de todos nós, trocando quase tudo por questões “civilizacionais”. Agora, aparecem-me “liberais” e conhecidos críticos do “peso” e das “gorduras do Estado” a reclamar porque há alunos sem professores e serviços hospitalares a fechar? A começar por gente com lugar residente na comunicação social, seja nas direcções dos meios de comunicação social “de referência”, seja nas páginas de opinião paga a metro? E se fossem para o raio que vos parta? E quem levou 4, 5 ou 6 anos a apoiar governos que se limitaram a dar de comer a clientelas inúteis, em forma de grupos de trabalho, estruturas de missão, equipas de investigação, colocações em cargos selectos em instituições de topo (posso falar em arquivos, por exemplo?) e subsídios a nichos académicos, ditos “de esquerda”? Nem sequer conseguem fazer um pingo de auto-crítica? Será preciso ir buscar o que escreveram, repetidamente, nos verões passados? Não têm memória ou é mesmo uma imensa falta de vergonha nos trombis? Estou envelhecido, mas ainda não perdi a memória.

Um Alerta Justificado

Texto enviado pela colega Joaquina Manuela Carvalho que denuncia uma situação perfeitamente desnecessária, a coincidir com as tarefas de final de ano lectivo, tudo agravado (isto já é acrescento meu) com a inutilidade de provas que chegarão apenas no 1º período do próximo ano, com aquela codificação que serve para muito pouco ou nada. Entretanto, pelo menos em alguns pontos do país, a recolha das provas voltou a ser feita desnecessariamente em moldes pré-pandemia, com as filas de espera do antigamente.

Eu e inúmeros colegas solicitamos o alargamento de prazo para entrega das provas de aferição ao Iave, a 23 de junho, sem termos tido qualquer resposta.

De facto, nesta fase de final de ano letivo, encontramo-nos a cumprir o horário, na maioria dos casos de 22h letivas, até dia 15 (com apenas 3h de componente não letiva- Dt e articulação), além das reuniões para a adoção de manuais, para a vigilância de exames, da preparação e da realização das reuniões de avaliação até dia 23 de junho.

Acresce a todas as solicitações já referidas, a responsabilidade de ser Diretor(a) de Turma e a preocupação de verificar os casos particulares de alunos que merecem toda a nossa dedicação, assim como o preenchimento de múltiplos documentos e a elaboração de relatórios.

Estes motivos expostos inviabilizam o cumprimento da correção das 40 provas de aferição, com uma dezena de páginas (perguntas de desenvolvimento e composição), de forma consciente e eficaz .

Solicitamos, assim, o prolongamento do prazo de entrega das referidas provas.

Atenciosamente,

Grupo de professores convocados para a correção das provas de aferição

2ª Feira

Noto um clima bastante positivo à nova reformulação do programa de Matemática. Leio que estaremos ao nível dos melhores, pelo menos nas intenções. Confesso que, depois de tanta mudança nos últimos 15 anos, espero que desta vez tenham acertado e que daqui a 3-4 anos não estejam a surgir novas alterações ou remendos e que os resultados melhores, sem ser apenas pela pressão administrativa para produzir sucesso. O anunciado fim de provas externas com impacto na avaliação das aprendizagens dos alunos poderá deixar-nos sem referenciais importantes. Vou dar o benefício da dúvida, mas já me arrependi algumas vezes à conta disso. Mas como dizem que sou demasiado pessimista, vou esperar para ver.