Dia: 19 de Junho, 2022
A “Culpa” É Sempre Dos Mesmos
De uma reposta de um chefe de equipa da DGEstE:
Se as medidas mobilizadas não estão a ser eficazes para o sucesso do aluno é porque não se adequam às suas dificuldades e não o inverso. Nesta perspetiva não faz sendo manter procedimentos que se revelam ineficazes e que vão conduzir ao insucesso do aluno.
Concordo que nada disto faz grande “sentido”. É bem verdade que parecemos ter entrado num período de aceleração na idiotice presumida. Talvez seja útil, por isso, já que temos tantos sabedores a colocarem-se quase diariamente debaixo do guarda-chuva de António Nóvoa, sacar de uma sua citação que estava há dias no Eduprofs. Até fala em Dewey e tudo, pelo que me admira que esses tais sabedores nunca a usem, preferindo sempre culpar os professores por tudo, a começar pela sacrossanta “falta de formação” nisto ou aquilo que andam a vender.
Estás Quase Com Uns Patins Virados Para A Porta Da Rua…
A parte ridícula de toda esta discussão é ter um governante a dizer que os exames fomentam as desigualdades, porque há quem recorra a explicadores para os preparar, mas aparentemente a acreditar que para fazer provas de acesso feitas pelas próprias Universidades (em especial as mais “diferenciadas”) não usam esse recurso. Ou que apenas as notas do Secundário podem servir, mais uns “passaportes” com actividades “extracurriculares”, de preferência em regime de voluntariado, calçanito ou sainha pelo joelho e soquetes.
Quanto ao pessoal que é ideológica e visceralmente anti-exames, é das tais coisas, posso discutir as coisas de forma racional, mas não consigo ir contra a Fé de crentes dogmáticos. Porque é impossível explicar-lhes que sem uma regulação externa, isto fica entregue à bicharada, seja dos bem-intencionados pacholas, seja dos liberais espertalhões. O que não adianta mesmo nada são provas de aferição feitas só para fingir que não sei quê. A começar pelas do 2º ano, verdadeiro atentado à inteligência. Devem existir por causa de alguma “investigação” tipo-isczé.
Investigação?
Na semana que passou, mãos amigas (plural, que eu gosto de cruzar fontes) facultaram-me uma diatribe relativamente recente de um dos cortesãos maiores da Educação Costista contra todos os que vão contra a sua Fé e o seu Verbo, alegando, por exemplo, que os críticos das suas platitudes não praticam “Investigação” na matéria, pelo que deveriam reduzir-se a um prudente e envergonhado silêncio.
Ora bem… eu sou reconhecidamente imprudente, mas também sei a diferença entre “Investigação” e umas cenas que dão para fazer 20 artigos, com esta ou aquela colaboração, quase clonados em diversos suportes e línguas, que não passam de revisão da literatura e eventuais dados de “estudos de caso” sobre a “problemática”. Nos meus tempos – e sou mais novo – isso daria para fazer um trabalho de uma cadeira da licenciatura ou um relatório do seminário de mestrado com nota mediana. è que mesmo em alguns nichos “Ciências Ocultas da Educação” não devemos colocar a fasquia tão baixa, só para ser inclusiva e dar indicadores de “sucesso” para efeitos académico-políticos.
Domingo
Fim de semana de Rock in Rio, com o regresso da “normalidade”: “Portugal registou, entre 7 e 13 junho, 114.410 infeções pelo coronavírus SARS-CoV-2, 256 mortes associadas à covid-19 e uma diminuição dos internamentos em enfermaria e cuidados intensivos, indicou hoje a Direção-Geral da Saúde (DGS)”. Estes números correspondem, curiosamente, a uma descida em relação à semana anterior. Como já escrevi… é apenas mais uma gripe de Verão, devendo dar os parabéns a quem conseguiu apagar por completo a pandemia dos destaques noticiosos. Afinal, são apenas 35-40 mortos por dia desde o início do mês… gente que morreria de qualquer forma, usemos a preposição “de” ou a preposição “com”. Era gente velha e fraca que só distorcia a pirâmide etária, agora que até está a ser difícil haver partos. A peste grisalha haveria de as pagar.