Dia: 20 de Junho, 2022
Aos “Velhos” Não Limparam Apenas 6,5 Anos De Serviço
Estava hoje a fazer contas e lembrei-me de há uns tempos estar para escrever sobre o tempo efectivo que a governação do PS apagou à vida profissional dos professores. Há quem ache que é apenas a diferença entre os 9 anos, 4 meses e 2 dias congelados e os 2 anos, 9 meses e 18 dias “recuperados”.
Mas não.
Há mais 6 anos a contar para todos aqueles que estavam na carreira antes da revisão do ECD da senhora “reitora” do isczé. Porque à carreira anterior foram acrescentados 2 patamares intermédios que antes inexistiam, os actuais 5º e 7º escalões (índices 235 e 272), com 2 e 4 anos de duração que vieram acrescer à estrutura da carreira.
E o que dizer dos anos perdidos nas listas de saída dos 4º e 6º escalões para tantos milhares de colegas?
A carreira na qual entrei não era esta, com ou sem congelamentos. O “horizonte” não estava onde está. Nem o caminho na sua direcção.
No mínimo, foram 12,5 anos que a governação do PS ajudou a engolir à carreira docente, pois não me venham dizer que não é possível reescrever o período da troika porque isso é de uma desonestidade que vai para além da esfera intelectual ou política. é argumentação de gente que pratica aquilo dos “factos alternativos”. Então é possível reescrever 2 anos, 9 meses e 18 dias, mas não é possível reescrever o resto? O que acontece quando alguém é obrigado a pagar por actos criminosos que cometeu? Se foram ofensas físicas ou mesmo uma morte, a indemnização é “reescrita da História”? Alguém ressuscita? Não se trata apenas da forma de fazer alguma Justiça perante os que foram lesados pelas malfeitorias?
Chegou mesmo a haver gente, incluindo criaturas que eu ainda acreditava serem detentoras de alguma decência (claro que a réplica foi com aquelas piadolas de alto nível sobre “umbigos”, como aqui se pode confirmar no resumo então feito pelo A. Duarte), que chegaram a escrever que se queriam “retroactivos” em relação ao tempo congelado, o que tornaria incomportável a recuperação integral do tempo congelado, algo que nunca, alguém, pediu.
Tudo isto tem sido de uma desonestidade extrema. Porque uma carreira que, quando nela entrei, tinha a estrutura que aqui se pode encontrar, agora tem mais 6 anos a partir do 4º escalão, mesmo sem quotas. Anos esses que acrescem aos não recuperados, o que significa que eu me encontro aos 57 anos no escalão e índice em que deveria ter estado aos 45.
Mas parece que ninguém pensa sequer nisto… que para quem está nisto há mais tempo, foram mais de 12 anos (e não 6,5) os que foram acrescidos aos seu trajecto profissional. Parecendo que não, é muito tempo na vida de qualquer pessoa. E acham que, livrando-se uma pessoa de tudo isto, vai querer voltar em regime de quase voluntariado? Vê-se mesmo que andam completamente desnorteados e sem qualquer noção da realidade.
Claro que tudo isto se nota menos se estivermos em alguns cadeirões, longe do bulício das aulas e tendo suplementos que compensam um pouco o apagão. E não é que é essa malta que ainda quer agora escolher quem contratar ou vincular? Tudo, claro, sempre em nome do “interesse dos alunos”, expressão suprema da hipocrisia. Ide vocelências dar aulas, que certamente haverá menos alunos sem elas para o ano.
(não revi o texto… a coisa foi-me saindo… depois logo vejo se é preciso das chumbadelas nas eventuais gralhas)
A Partir de 2023 Já É Possível Reescrever A História
Ainda bem para os pensionistas. Que pena, que a mesma lógica não se aplique a outras situações. E depois os outros é que são “populistas”. Isto sim, é populismo desenfreado e sem travoes.
Primeiro-ministro garante “aumento histórico de pensões” em 2023 sem descurar prudência orçamental
Inclusão Low Cost
Educação especial: 25% dos subsídios cortados pela Segurança Social
78 mil alunos com medidas especiais de inclusão
(a maior parte das medidas não custam absolutamente dinheiro nenhum, pois os alunos são “atirados” para as aulas regulares em nome de um conceito economicista de inclusão… porque depois das pessoas “certas” chegarem à Corte, a plebe já pode ser deixada entregue a si mesma…)
2ª Feira
Quando tanto se fala sobre a necessidade de rejuvenescer tudo e mais alguma coisa, da população às profissões “Hospital de Setúbal prevê fechar urgências de obstetrícia 21 dias no Verão”, pois “Director do serviço de Obstetrícia do Hospital de Setúbal diz que tem “menos de um terço” dos especialistas necessários”. Como com os professores, a falta de pessoal médico não seria propriamente imprevisível, mas à boleia da pandemia, muita coisa (não) foi feita, que talvez revele as limitações de visão de políticos que vivem do curto prazo e a da popularidade epidérmica. Mais do que os professores, os médicos têm bastante mercado no sector privado, que paga melhor porque se faz pagar melhor, seja pelos particulares, seja pelo Estado. Por isso. atrair ou manter médicos nom SNS é mesmo uma questão pura e dura de mais dinheiro. Com os professores, há sempre aqueles rodeios e mesmo dentro da classe quem ache que deve “colaborar” e proponha tirar a uns para dar a outros (isto antes de inverterem marcha, quando percebem que a coisa é menos popular do que parecia de início, pois quem entra na carreira já não é assim tão novo e até sabe ver além do imediato).
No fim de semana, contavam-me que a proposta para fazer regressar professores aposentados era garantir-lhes mais 50% de remuneração em cima da aposentação, mas que o actual PM achou muito e mandou reduzir o eventual adicional para 25%, o que revela até que ponto não entendem que não é com mais 300 ou 400 euros que se apanha gente mais do que cansada e farta de disparates. Porque os que estão com o “sistema”, plenos de créditos horários e escassos de alunos, não precisam aposentar-se. Uma coisa curiosa, por exemplo, é que quem tanto está contra quem beneficia da mobilidade por doença, nem dá um pio sobre a gestão dos créditos horários a partir das direcções. Pudera… isso bate-lhes à porta…