A Seca

Muita conversa, escassa ou nula acção e ainda menos com alguma consequência. Eu bem posso fechar as torneiras, que ali ao lado criam uma urbanização cheia de tanques a que chamam piscinas e relvados de rega intensiva. Depois de terem “limpado” a zona da desagradável (e perigosa!) vegetação natural, essencial para a retenção da humidade e para reduzir a erosão dos solos. Basta ver como para construir qualquer barracão “empresarial” se dão autorizações vergonhosas para o abate de árvores, enquanto a poucas centenas de metros desfalecem barracões, outrora novos, que faliram quando os subsídios adequados deixaram de correr. Como levar a sério as preocupações com questões ambientais de quem se vende à primeira investida que dê “receita” (formal ou informal) e não me venham dizer que o problema é do Estado central, que os mini-estados de proximidade dão bem mais nas vistas na forma como hipotecma o futuro em troca de uns cobres. A começar pelo modo como agora pululam as ciclovias e afins, criadas a trouxe-mouxe, enquanto os gajos da lycra continuam à mesma nas estradas, ali mesmo ao lado, que as ditas ciclovias são pás meninas.

O Negócio

Bem nos podem envolver em conversa fofinha, mas o que está em causa é sacar uns dinheirinhos ao pessoal, com base na construção de narrativas sobre lacunas e carências que implicam necessidades de formação. Por exemplo “surge a necessidade de capacitar os órgãos das escolas e os educadores e professores, no sentido de adotarem novos modelos de organização e gestão pedagógica“. Portanto, cria-se uma “Pós-Graduação em Inovação Pedagógica e Mudança Educativa”, destinada a “Diretores de escolas, coordenadores de departamento, líderes intermédios das escolas, diretores de centros de formação de associações de escolas, educadores e professores e técnicos superiores de Educação (psicólogos, assistentes sociais, entre outros)”. Ou seja a toda agente que põe os pés numa escola. A garantia? Que “é lecionada por um corpo docente com sólidos conhecimentos científicos e reconhecido mérito no campo das Ciências da Educação, integrando elementos que têm vindo a colaborar com o Ministério da Educação no âmbito da Autonomia e Flexibilidade Curricular”. aposto que não faltarão candidatos, independentemente das propinas (1830 euros por ano+232 de taxas de candidatura e matrícula).

Escolhi este exemplo, mas podia ter escolhido outro, da mesma instituição ou outras. O negócio da certificação em coisas novas em Educação, em especial nos locais certos é um bom negócio, ao que parece, para quase todas as partes.

2ª Feira

A estratégia de contra-ataque e intimidação está longe de ser nova. Qualquer grupo profissional que, no “perímetro” da intervenção directa do Estado, ouse levantar problemas, leva com uma sucessão de jogadas mediáticas para a denegrir. Os médicos até têm estado algo protegidos neste contexto, mas parece que isso acabou. Há urgências a fechar, queixas sobre o funcionamento do SNS, com denúncias por parte de sindicatos e da Ordem dos Médicos? Então, surgem pouco depois notícias sobre os incumprimentos dos profissionais em causa. Hoje é que mais de 20 médicos terão feito tramóia ao picar o ponto. Está errado e eu concordo que se investigue. Não tenho é a certeza de, caso fossem deputados, a investigação dar em qualquer coisa que não o arquivamento.