Uóteduiumine?

Estamos todos a alucinar… claramente. Há o Ocean Seminar, o Field Lab e parece que já existe um NOVA Ocean Knowledge Center, porque em Português se calhar não soaria tão cosmopolita e sofisticado. E o uso exclusivo do inglês revela até que ponto a experiência se vai centrar nas prioridades nacionais.

O pior é que eu acredito piamente (ou não fosse a doutora Assunção a coordenadora) que isto vai ser aprovado em menos tempo que leva a gargalhada que nos desperta. Mesmo se, no meu escasso entendimento, a exclusão da língua portuguesa da leccionação deveria ser motivo para liminar chumbo.

Se já existem cursos com este tipo de “estratégia”, na própria Univ. Nova e não só, como forma de “internacionalização”? Pois… a mim soa-me a coisa de pategos deslumbrados.

A Universidade Nova de Lisboa, em parceria com a Universidade do Algarve, quer lançar no próximo ano uma nova licenciatura que pretende dar a conhecer o oceano de uma forma interdisciplinar. Este novo curso de três anos terá o nome de Ocean, será totalmente lecionado em inglês, e pretende formar ocean experts, conforme explicou ao DN Assunção Cristas, a pessoa que tem a seu cargo a coordenação da licenciatura. O próximo passo será apresentar em setembro o pedido de aprovação à Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES).

Não É Tão Giro?

Pessoas que criticam exames ou quaisquer provas de avaliação externa, rankings ou o que seja que promova “a competição e seriação dos alunos”, depois a festejarem de forma bem pública as vitórias desportivas ou os feitos académicos da sua descendência, exibindo medalhas, diplomas, prémios, etc. Não é tão curioso quando a crítica à lógica da cultura dos “vencedores e vencidos” só funciona em geral, caindo pela base quando os vencedores são os da casa? Estas semanas – como todas as de finais de ano lectivo ou de campeonatos ou de outros tipo de iniciativas em que há quem ganhe algo e por isso seja melhor do que a concorrência – têm sido ricas nesta variante de hipocrisia, que se mascara de orgulho e exaltação dos feitos próprios, quando se leva o resto do tempo a criticar isso mesmo. em geral, claro.

4ª Feira

No diário do Público sobre os exames nacionais um dos termos que mais aparece é que o exame foi “trabalhoso”, sejam alunos ou professores a usar a qualificação. Uma curiosidade é um quase total silêncio sobre as imprecisões ou falhas dos ditos exames e em todo o processo. No caso do de Físico-Química, destacam-se quase em exclusivo os aspectos positivos, mas não tanto algumas das críticas detalhadas no parecer da Associação Portuguesa de Professores de Física e de Química. Do mesmo modo, vão ficando apenas pelas conversas e comunicações dos professores, algumas falhas técnicas nas grelhas usadas para a classificação das provas, a motivar esclarecimentos já com a dita classificação em desenvolvimento. Ao contrário dos que teorizam muito sobre a inutilidade ou maldade dos exames nacionais do Secundário (não apresentando qualquer proposta concreta e exequível que posa funcionar como alternativa credível para o acesso ao Ensino Superior), apenas lamento que se passem meses para fazer provas que, todos os anos, têm um sortido de imprecisões desnecessárias. Fala-se num processo rigoroso e alongado no tempo, o que ainda causa mais estranheza e percebe-se, por algumas reacções, que há quem se justifique com a “não exclusividade” de quem elabora as provas. Pessoalmente, acho que tais equipas deveriam ser mistas, sendo indispensável incluir sempre docentes em exercício. O que continuo a achar essencial é que se conheçam essas equipas, para que não ocorram situações menos claras, porque assim nunca sabemos se alguém é responsabilizado seja pelo que for. Claro que, para os teorizadores do tubérculo, o que está sempre em causa é que os exames nem deveriam existir, pelo que estas falhas só ajudam a sua causa.

Claro que errar é humano e não há perfeição ao cimo da terra (com a excepção dos gatos, como é óbvio), mas cansa ler sempre o mesmo tipo de justificação da treta.

Por fim, agrada-me que cada vez mais gente, incluindo associações de professores, critiquem a aparente vitória do “vale tudo quase o mesmo”, seja fazer uma cruzinha ou escrever uma alínea ou produzir uma demonstração de um cálculo ou elaborar um texto em que se pede o desenvolvimento de vários parâmetros com base em diversos documentos.