Mais Alguém Deu Com Isto?

De um mail recebido há um par de dias. Confesso não ter meios para confirmar ou infirmar o que é relatado.

Adenda: já me explicaram que está bem, mas vou deixar aqui o post por enquanto.

Trago ao seu conhecimento uma situação caricata, que eu não sei se acontece em todo o país ou só em alguns agrupamentos. Não tenho forma de comparar, porque não conheço colegas de outras regiões/concelhos.

Em algumas escolas de Lisboa tem se verificado a tendência de os alunos anularem a matrícula às línguas estrangeiras no secundário (10/11ºAnos) porque “o exame é mais fácil”. Ora, esta ideia tem provocado uma sangria nas turmas. Isto aconteceu a partir do momento em que os exames da língua estrangeira, que eram PEFs, passaram a ser substituídos por exame nacional, há cerca de 2 anos, salvo melhor memória. Nos anos covid a coisa passou despercebida, mas este ano, foi possível fazer uma análise mais fina às pautas. O caso do Inglês (prova 550) é mais notório, porque tem mais alunos. Já no ano passado isso aconteceu, mas ninguém topou. Até porque sempre foi uma prova com poucos inscritos porque só servia para prova de ingresso a um grupo muito restrito de cursos. Este ano, pelo contrário foi um boom, que já vinha a crescer desde há 2 anos.

Nas línguas estrangeiras a prova tem duas componentes, oral e escrita. A oral vale 160 pontos em 200 (80%) e a escrita 40 em 200 (20%). Ora, se analisar a pauta (retirei um exemplo, abaixo), verifica-se que a nota da escrita, aparentemente, é convertida no peso correto, mas a nota da oral não. Então o que acontece? As somas dão origem a notas inflacionadas e irrealistas, com a agravante de serem arredondadas. Isto faz com que tenhamos alunos que não sabem escrever um parágrafo escorreito com notas de 12, etc.!

Alunos com 128 pontos na escrita que terminam com 17 valores.

Alunos com 73 pontos na escrita que terminam com 10 valores.

Alunos com 147 pontos que terminam com 19 valores. 

E assim por diante…

Ou seja a coluna da oral não está a converter os 40 pontos em 20%.

E agora? Quando já foram emitidas fichas ENES e o concurso começa na semana que vem? E os que usaram esta prova no concurso do ano passado?

Claro que o objetivo da maioria dos alunos que realizam estas provas é melhorar a classificação interna e subir a média. O número dos que se inscrevem nas provas para aprovação às disciplinas é diminuto.

Se o problema acontece nas pautas das línguas de todo o país, apesar de erro, pelo menos os alunos estarão em igualdade de circunstâncias e não serão prejudicados. Todavia, se isto acontece só em alguns agrupamentos por erro de quem formatou a pauta, então temos uma situação grave.

Tem forma de comparar as pautas das línguas estrangeiras de várias escolas do país?

Temo que isto tenha sido topado, mas abafado. A maior parte dos colegas não ligam. Já estão velhos e cansados. Só quem está “com as mãos na massa” (agrupamentos e enes) poderão dar conta, se tiverem o mínimo de atenção e interesse, o que também já não grassa.

Obrigado.

Saudações

PS: Poderei enviar-lhe mais exemplos. Só conheço as pautas de duas escolas em Lisboa e acontece o mesmo. São do mesmo agrupamento.

Querem Ver Que Eu, Marxista Incorrigível, Tenho Dúvidas Sobre Isto?

“Não estou a dizer que vai ter de ser feita mas a situação não pode continuar”: Fenprof admite greve dos professores no 1.º período de aulas

Qual situação, especificamente? Porque me ocorrem várias e uma delas é a vossa ineficácia. Entretanto, lamento terem de “trabalhar” em agosto:

No início de agosto, uma delegação da Fenprof vai reunir-se com representantes do Ministério da Educação para uma reunião que Mário Nogueira espera ser para “dar resposta ao problema da precariedade” e “da carreira que está destroçada”.

Vai ser curioso ver como reagirá alguma “direita” a esta eventualidade (excepto a IL que vai estar contra porque sim, porque é a favor de todas as liberdades, menos a de fazer greve e muito em particular greves de professorzecos). Há por aí uma ou duas luminárias em tom alaranjado mais ou menos envergonhado que defendem uma greve daquelas a “doer”, quiçá com varapaus, fazendo corar de vergonha com o seu ímpeto muito “esquerdista” certificado.

3ª Feira

Disseram-me, sensatamente, que devo ignorar quem quer dar nas vistas com ataques despropositados, em busca de uma notoriedade que custa a chegar. E eu concordo, pelo que apenas devo lembrar aquilo que devo ignorar. Que um deputado da Nação, candidato falhado a vice-presidente do Parlamento, decidiu perder umas horas (ele não é repentista, escreve com cuidado, em busca de um efeito que nem sempre alcança) a escrever um texto em que me ergue como símbolo da opressão feita aos professores e da Esquerda (ou “esquerdalho” como os seus minions se apressaram a especificar) marxista na Educação. Ou seja, no actual contexto, ele acha que sou eu que simbolizo o que de mal vai na vida profissional dos professores. Ele, que andou anos e anos no bom e velho ISCTE (conhecido bastião académico da “direita”, claro) a fazer o seu mestrado e doutoramento, acha que sou eu que devo ser erguido como alvo de uma “guerra” que ele me respondeu de forma muito evasiva que “ainda agora começou”. Guerra que ele trava alguns dias da semana apresentando-se como professor do ensino básico e secundário, o que oculta nos seus currículos mais oficiais. Pronto, vou ignorar isso e também que pelo seu mural foi muito aplaudida uma modalidade de julgamento moral popular feita por uma agente policial que, no seu perfil, se apresenta em poses de grupo de tipo milíciano. O que poderia ser preocupante, pelo que representa de completa falta de sentido de Estado de um e sentido cívico de outro. Vou ignorar isso, porque já passei por pior, quando o excelentíssimo senhor deputado da Nação me pedia para divulgar o seus textos no meu anterior blogue, conhecido por ser considerado esquerdista pela malta do PS para a direita e como reaccionário pela malta do PS para a esquerda (a posição do pessoal do PS variou conforme quem estava a governar). Vou ignorar e esta nota é, como disse, apenas para me lembrar que devo ignorar quem me prometeu guerra porque talvez se esteja a sentir, mais uma vez, menorizado no seu novo refúgio, ao ser ignorado de forma que acha injusta e mesmo esquecido no recente debate parlamentar e necessite de mostrar a voz grossa que nem todos lhe reconhecem, apesar de ser vice-presidente do partido com o terceiro grupo parlamentar mais numeroso em São Bento. Portanto, caro deputado da Nação, vou ignorá-lo e à sua “guerra” político-pessoal e ficar-me com o divertido estatuto de “idiota útil” nos mecanismos da opressão da classe docente que, pelos vistos, ainda tem muito por “lapidar”.

Elvis (Costello) has left the building.