Parece que é amanhã que os sindicatos se reúnem com a equipa do ME para discutir a proposta de despacho de novas regras de habilitação para a docência. Para quem é muito crítico das “Ordens”, esta é uma das matérias – qualificações de acesso à profissão – que não é discutida com os sindicatos de outras profissões que gostaria de considerar equiparadas. Da mesma forma, não vejo as associações de professores de várias disciplinas a pronunciar-se sobre o documento apresentado para negociação, mas já sabemos que boa parte das suas lideranças anda a banhos, quando não anda em sessões de beija-mão com o ministro Costa. Mas, sendo as coisas como são, seria bom que alguém – a começar pela eterna “Pró”-Ordem, mas a continuar pelos representantes da que se gaba de ser a maior federação sindical de professores – demonstrasse ter alguma massa crítica, alguma capacidade de análise e não apenas fracas competências de táctica polítiqueira que tem dado muito maus resultados.
Claro que os envolvidos na coisa não arriscam nada, nada se discute que os afecte e, por acaso, algumas propostas, até os promoveriam a professores de ciclos e matérias que nunca estudaram. Mas seria bom que pensassem mais na Educação Pública enquanto serviço público de qualidade e anão apenas como área de disputas coreográficas. Que não se deixassem ir apenas atrás das conveniências pessoais e de grupo. Que percebessem que o documento é péssimo, não apenas porque baixa de forma dramática e injustificável o acesso á docência de muitos grupos disciplinares, mas porque contém incongruências internas que só não são evidentes para quem anda mesmo muito distraídos. ando há um par de dias a ver se alguém percebe que existem critérios diferentes para aceder à leccionação da mesma disciplina ou que no ponto 2 se exige o que não está previsto no anexo de suporte ao ponto 1. Ou seja, que na ausência de um ET com pelo menos 3 braços e 2 antenas verdes para ensinar Ufologia, as escolas podem recorrer a outro que tenha 4 braços e 4 antenas verdes e azuis.
O documento é péssimo não apenas porque desqualifica academicamente a docência, mas porque é tecnicamente mau e politicamente um desastre. Amanhã, os sindicatos têm uma prova de fogo para que se perceba ao que andam nesta fase do campeonato, se são capazes de detectar as falhas da proposta e propor alternativas dignificantes para a docência. As minhas esperanças são escassas, porque há quem ande nisto com a sofreguidão de se manter à mesa das negociações e o mais longe possível das salas de aula. Para além de que há aqueles que sei serem muito versados em guerrilha política, mas uns rematados ignorantes em matérias que deveriam ser as centrais no seu papel enquanto representantes de uma classe profissional.
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