Dia: 18 de Setembro, 2022
Amanhã, A Economista Peralta Já Estará Feliz
Anda a tuítar as pancadas costumeiras sobre as férias, como se fosse a quantidade resolvesse a qualidade. No caso dela, nem que não tivesse quaisquer férias, o claro problema se resolveria. Apetecia-me dirigir-lhes mais uns “mimos”, mas a verdade é que é daqueles casos em que acho que não vale a pena explicar-lhe que é difícil, ao mesmo tempo, ter os miúdos menos tempo na escola e ao mesmo tempo ter menos férias. Mas é economista, formada no estrangeiro, pelo que se compreende que perceba pouco desde tipo de combinação de variáveis. A imagem foi editada a partir de uma publicação da Bárbara Cleto.
(pela parte que me toca, “este país” passaria bem sem esta croma a dar-nos lições não sei bem do quê, mas há quem lhe ache graça ao ceceio argumentativo)
Adenda: para ela todas as famílias pobrezinhas são indigentes culturais e muito burrinhas. E assim se vê quem nada em preconceitos.
Domingo
Na passada semana fiz a tradicional recepção aos alunos e encarregados de educação da minha direcção de turma de 5º ano. A ansiedade habitual da ida para a escola grande, em especial da parte de mães e pais. Acrescida pela curiosidade sobre saber como vai ser, se afinal faltam mesmo professores e se será como diz o governante na televisão… que só faltam colocar uns 600 e poucos horários (daria menos de um por agrupamento) e que são quase só de Informática. Tive de lhes dizer para não acreditarem em tudo o que vêem ou ouvem, pois – deve ser sina minha, todos os anos acontecerem-me “acidentes” ou incidentes peculiares – à data a turma ainda se encontrava sem três horários preenchidos (equivalendo a quatro disciplinas), porque tinha acabado de chegar uma colega para Ciências. Curiosamente, não falta professor de T.I.C., faltando Português, Inglês, Cidadania e Educação Física.
E claro que se seguiram muitas perguntas, muitas dúvidas, que respondi como pude, só lamentando que em vez de irem abrir o ano em escolas seleccionadas a dedo, os governantes (primeiro Costa e ministro Costa) não apareçam naquelas onde deveriam explicar como aquilo que dizem publicamente não corresponde à realidade de muitas escolas, alunos e famílias. Porque revelam uma assinalável falta de coragem. claro que não podem ir a todas, pois seriam muitas e a ubiquidade que lhes é reconhecida é apenas a mediática, mas ficaria bem irem a algumas onde não chovem rosas desde as 8 da manhã e é preciso planificar um início de semana cheio de incertezas e promessas de que, logo que existam novidades, as mesmas serão comunicadas para se saber a que horas a miudagem deve sair de casa, se vão almoçar a casa ou não, etc, etc. A futurologia deve ser um dos imensos “super-poderes” que os professores têm, para relembrar aquela prosa algo “idiotizada “desvinculada” que citei ontem. Mas faz-se o quase impossível para tranquilizar quem é regularmente desinformado pelas aparições públicas de um governante mais interessado em fabricar uma realidade alternativa do que responder com rigor ao que se passa no terreno.
Sim, já sei, só vejo o meu “quintal” e no resto do país é tudo maravilhas. Culpa minha, por certo, que atraio estas “singularidades”. Deve ser porque sou “excelente” a evitar as bolas curvas que me são atiradas com uma regularidade assinalável.