Sabem O Que É Mesmo Uma Injustiça?

Os meus colegas de curso fizeram uma licenciatura de 4 anos e, para darem aulas, fizeram o ramo de formação educacional de 2 anos, um de disciplinas teóricas e um de estágio, com horário e turmas atribuídas, num total de 6 anos de formação científica e pedagógica. Não são reconhecidos como “mestres”.

(eu não fiz esse percurso, pois só me profissionalizei muito mais tarde, já com tempo de serviço suficiente para só fazer as disciplinas teóricas onde tive professores que tinham menos habilitações académicas que eu. Lamento, eram boas pessoas, bons profissionais, mas que me lembre só um tinha mestrado completo como eu, na altura)

Mas, agora, com cinco anos, já temos “mestres de aviário”, profissionalizados e com direito a peças jornalísticas que consideram que são eles os mais qualificados, pois aos “envelhecidos” nem lhes é reconhecida a equiparação ao mestrado, embora tenham estudado mais e tenham uma formação científica de longe muito maior, garanto-vos eu, por muito que me apareçam aí a dizer que até fizeram 6 créditos em sociologia do carapau alimado e mais outros 6 em metodologia do projecto transversal, mail’a formação em avaliação cósmica e rubricas pedagógicas.

Não me gozem, por favor, que estou mesmo velho para parvoíces. Mas com especialistas made in isczé da “reitora” (o tema e conclusões do recente doutoramento não enganam acerca de uma “agenda” que passa pela promoção das PPP na Educação), havemos de esperar o quê? Mesmo que depois digam que há falta de “estímulo” e tal, a verdade é que apenas aparecem para enterrar mais quem não anda por cá a fazer fretes e consultorias.

E basta lembrar o que andou a dizer sobre a falta de professores, tanto uma coisa como quase o seu contrário em menos anos do que os dedos de uma mão que foi à guerra e voltou com necessidades de saúde específicas..

Mas O Que Interessa Não É “Ter Jeito Para Comunicar”?

Já agora… uma licenciatura pré-Bolonha tinha 4 (ou 5) anos, a profissionalização pelo menos mais um (a maioria dos docentes profissionalizados a partir de final dos anos 80 tem “licenciaturas com ramo de formação educacional num total de 5 ou 6 anos) e um mestrado – como o que fiz em idos de 90 – tinha mais 4 anos. Ou seja, um “mestre” de agora faz-se em 5 anos e está profissionalizado para dar aulas. Antes, era-se licenciado profissionalizado ao fim de 6 e “mestre” ao fim de 8, portanto não me venham com tretas.

Os “velhos” podem não ser “mestres” mas andaram na Universidade tantos anos como os mestres de aviário. Ou mesmo mais. É pena que a investigadora não destaque isso. E é pena que não se explique que um doutorado pode ser avaliado por alguém com um bacharelato e um complemento de formação equiparado ao tal “mestrado”.

Quanto ao resto, sim, não adianta grande coisa fazerem-se doutoramentos, o que posso confirmar na primeira pessoa, em especial quando – tempos alegres da “reitora” – aldrabavam fortemente na bonificação, aplicando retroactivamente a legislação de 2007 a quem tinha feito doutoramento entre 2001 e 2006. Para além do “despacho” tenho por aí, algures, a conversa com a pessoa que deu o parecer “técnico-jurídico” nesse caso particular.

O envelhecimento da classe docente também se reflecte no seu retrato académico: a esmagadora maioria dos docentes em exercício tem licenciatura pré-Bolonha, quando ainda não era necessário um mestrado em ensino para exercer a profissão. Mas a idade não explica tudo. “Um professor que tenha o grau de doutor não tem qualquer vantagem de progressão, remuneração ou reconhecimento na escola onde lecciona”, sublinha investigadora.

2ª Feira

Afinal não são pouco mais de 600 mas quase 2000 os horários por preencher (mais os que ainda não puderam ser colocados na plataforma) e a maior carência em Geografia e Físico-Química e não apenas em Informática. A falta de docentes de Geografia não se deve a carreiras mais atractivas para os respectivos licenciados, porque é preciso seguir a via de ensino para dar aulas e entrar para o quadro. O problema é que, quando da repartição de horas entre História e Geografia, por questões de maior poder junto dos decisores, foram reduzidas as horas daquela (sem falta assinalável de docentes) e aumentadas as desta (que já então tinham dificuldade em preencher os horários que havia). Até me lembro de ser exigido que pudessem leccionar H.G.P. em paridade com o pessoal de História. Só que não havia “oferta” suficiente e tudo foi uma jogada de poder da A.P.G., com gente bem colocada na DGIDC e outros meandros do ME, enquanto a APH se satisfaz em circuito fechado com umas palmadinhas nas costas e convites para umas formações. Isto não significa uma menorização da disciplina e professores de Geografia, mas apenas a constatação de factos. Tal como com TIC, não adianta criar horas no currículo se depois não é possível assegurá-las com pessoal devidamente qualificado.

Quanto aos horários por preencher, muito haveria a dizer sobre o modo como o ministro Costa tem gerido as coisas, evitando a acumulação de horários na plataforma, ao não permitir que certos horários de substituição sejam disponibilizados logo que são necessários. E, por favor, não me digam que isto é não é verdade, porque há casos bem concretos que muit@s director@s poderiam confirmar, não fosse o medo de ficarem mal na avaliação.