Como Sabemos, O Imobiliário Esteve Em Acentuada Queda Em Lisboa, Nesse Período

Isabel Teixeira Duarte vendeu a Fernando Medina um apartamento por um valor 23% inferior àquele que havia pago 10 anos antes. O caso levantou suspeitas e decorre uma investigação ao agora ministro das Finanças. Só que o caso não avança e continua em segredo de justiça

Um Bom Critério Para Aferir Dos Princípios E Carácter…

… de indivíduos e mesmo de “organizações” é observar como tratam os mais frágeis: crianças, idosos, doentes e mulheres. Sendo elevada a feminização da classe docente, nem é preciso demonstrar de forma demorada como o desrespeito pela classe afecta em especial as professoras. Sim, claro que estou a pensar no nosso ministério (com minúscula) da Educação (com maiúscula a minguar)

Quanto aos “idosos”, basta ver como se tem dirigido, de forma recorrente, um discurso contra os professores “envelhecidos”, apresentados como preconceituosos, privilegiados, desactualizados e pouco flexíveis e inovadores, mesmo se em termos empíricos “muito há ainda para conhecer”, para citar uma frase que ouvi há não muito tempo sobre outros assuntos correlacionados.

Acerca dos doentes, já me repito mais do que o necessário ao destacar as infelizes e despropositadas insinuações – disfarçadas com ressalvas em segundo momento ou plano de fundo – acerca de quem pede mobilidade por motivos de saúde ou apresenta baixas médicas com “padrões irregulares” na opinião do ministro sonso e seus ecos nas escolas.

Por fim, as crianças, em defesa de cujo “interesse” muita gente fala de boca cheia e coração vazio, são quem mais é prejudicado com medidas que são as verdadeiras responsáveis por estarem sem professores mais tempo do que o indispensável e com a falta de medidas que, fora da escola, lhes permitam a ela chegar sem a necessidade de tantos mecanismos compensatórios das desigualdades que se extremam fora dos portões.

Por isso, se no passado não hesitei em apontar o dedo – de forma que sei ser apresentada como pouco elegante em certas tertúlias do belo pensamento e da retórica de gente pretensamente bem intencionada, mas a quem algum tipo de submundo certamente esperará – a outr@s que considerei falhos de princípios e desonestos nas argumentações, não vou agora encolher-me e dizer que, lá porque o tom é mais delicodoce, esse tipo de carências não é por demais visível na actual corte costista para a Educação.

Domingo

Fui espreitar as listas das RR3 e RR4, porque me dizem que a falta de professores está muito localizada a sul, em especial na zona da Grande Lisboa. O que constatei é que maioria d@s colegas colocad@s foram-no em escolas bem a norte do Tejo e, em especial, a norte do Mondego. Ou bem que há menos horários a sul do que dizem ou então não têm a capacidade de atrair candidatos. Para não falar em abstracto, exemplifico com a minha DT que ainda continua, pelo menos, sem dois elementos, sendo que há 14 páginas de nomes de candidat@s não colocad@s na RR3 e 12 páginas na RR4 para o conjunto dos dois grupos disciplinares em causa. Ou seja, não há falta de gente para os ocupar, o problema é que não compensa ocupá-los. Certo… são horários administrativamente temporários, mesmo se sabemos que são de pessoas que não estão em condições de voltar a dar aulas. Mas para o ME/DGAE, isso não interessa nada. Aliás, depois das ameaças de juntas médicas aos milhares, agora nem sequer irão verificar casos, até mais graves do que estes, em que as condições de saúde impedem a docência. Mas as regras, não do recrutamento, mas de apuramento das verdadeiras características das necessidades, impedem que as vagas sejam ocupadas. Porque o ME gosta de ser poupadinho e desconfiado. E é assim que muitos horários continuam por ocupar, enquanto muita gente continua por colocar.

A ver se nos entendemos de uma vez por todas, embora eu saiba que é praticamente impossível mudar as crenças e preconceitos a quem deixou que eles se instalassem de forma quase inamovível. Existem horários por preencher e existem pessoas com habilitações para os ocupar, o que falta é a coragem (política, financeira, intelectual) do ME assumir uma atitude diferente em relação aos docentes que não estão em condições de leccionar, permitindo-lhes uma aposentação digna e não a actual procissão de juntas médicas que, em diversos casos, são particularmente penosas de cumprir, chegando mesmo a agravar estados depressivos. Quem não percebe isto, ou é mesmo ignorante ou é profundamente [pi-pi-pi]. Se há abusos? Há, eu sei. São muitos? Não me parece, apesar das pessoas que olham só para o seu quintal 😀 e que clamam muito contra tais abusos. Mas se acham que assim é, que tal denunciarem-nos em concreto, em vez de bloquearem a resolução do problema, até que lhes deem mais poder para “escolher” as maçãs mais verdinhas do pomar?

Concluindo: o modelo de recrutamento não é culpado pela “falta de professores”. A culpa (que existe) é de um conjunto de procedimentos que o ME impôs ao logo das últimas duas décadas para a ocupação de horários que, sendo anuais, não aparecem como tal e que, podendo ser completados, são sistematicamente apresentados como incompletos. Solucionar isto não exige mais poder para quem já o tem em excesso. Basta permitir o tal completamento de horários, por exemplo, com 14 ou mais horas, quando se sabe que @ docente em baixa médica não voltará, ou manter quem veio fazer a substituição durante os dias ou semanas que passarão até que quem voltou à escola, porque ao fim de dois meses a isso foi obrigad@, se vá de novo embora, não por causa de “padrões irregulares”, mas sim porque foi chupad@ até ao tutano da “resiliência”, em especial mental.

Isto permitiria atrair, em primeiro lugar, os candidatos que recusam horários que só são incompletos e temporários porque a tutela tem regras estúpidas em nome de uma “boa governança” financeira que prejudica, antes de mais, os alunos, mas liberta dinheiro para a enésima avaliação estratégica do mítico novo aeroporto de Lisboa. E para uns eventos à maneira que andam a acontecer por aí.