A Escola É A Mamã, O Papá, A Vóvó, O Vôvô, A Tia, O Tio, A Madrinha, O Padrinho, A Vizinha Amiga, O Vizinho Mais Ou Menos, A Namorada, O Namorado, As Primas Giraças, Os Primos Chatos, Mais Tudo e Todos De Que Abdicámos Na Idade Dos Zingarelhos

Há textos que quase se percebem, não fossem idiotas as premissas.

Saímos do ensino obrigatório aos 18 anos. Podemos trabalhar, casar e votar – mas não sabemos como nada disso funciona.

Tudo o que implica a vida prática fica de fora da escola, que nos deixa numa espécie de deus-dará colectivo

Não estou mesmo com paciência para coisas parvas, em especial vindo de quem tem o “mestrado Erasmus Mundus “History in the Public Sphere”, do qual foi bolseira durante dois anos”. Fiquei impressionado. Ao que parece isso soube como se fazia, embora parecendo que saiu da escolaridade básica ao “deus dará” sem lhe terem ensinado como deveria casar.

Acredito que a escrevinhadora talvez não tenha idade para ter apanhado com a Cidadania, porque nesse caso talvez lhe pudessem ter explicado isso de casar e como, já que a família e os amigos não a ajudaram em tamanho empreendimento. Presumo que seja solteira, portanto. A menos que o mestrado lhe tenha ensinado.

Quanto ao resto, pelo menos quanto ao votar, só posso dizer que deve ter sido muito má aluna no 6º ano de H.G.P. (e de História do 9 º ano), quando se explica de forma até bastante precoce a diferença entre absolutismo e liberalismo, a Constituição de 1822 (agora bi-centenária) com a separação de poderes e o início das eleições de base censitária, mais tarde a diferença entre Monarquia e República e a introdução do voto quase universal masculino, a seguir o que é uma Ditadura e, já por volta de Abril, as regras da democracia e o voto universal para os maiores de 18 anos, as liberdades, etc, etc. Pelo caminho, tenho quase a certeza que tentaram ensiná-la a ler (útil para analisar os programas eleitorais) ou como fazer uma cruz (ou deixar em branco) no boletim de voto.

Lamento, mas isto (entre outras passagens, como aquela da inflação que é explicada quando se dá a crise de 1929 na “enciclopédica” disciplina de História) é completamente mentira:

Saímos da escola sem conhecer a Constituição nem como funciona o sistema eleitoral e político; não nos explicam como se elege ou se é eleito para um cargo público; não aprendemos a distinguir as funções do primeiro-ministro daquelas do Presidente da República;

Para a próxima, não se esqueça: esteja com atenção nas aulas de H.G.P. e Ciências (para o caso de, para além de casar, quiser fazer algo menos formal desde que as pulsões o exijam), arranje um círculo social fora da escola (tenha amigos!), porque quanto à família já não vai a tempo de escolher seja quem for e é pena que em casa não lhe tenham falado de nada sem ser cama, mesa, roupa lavada e dinheirinho para estudos lá longe.

Entretanto, em busca de audiência jovem, o Público especializou-se neste tipo de prosas, tão refrescantes como as nabiças em dia de mercado. O raio é que as nabiças me amargam um pouco e aos nabos nem gosto de os ver na sopa.

Sim, estou a ficar mesmo muito velho para a redescoberta da pólvora seca porque mesmo nos meus tempos de jubentude nunca me deu para pedir à escola que me ensinasse como casar. Muito menos se justifica agora que a televisão até nos ensina a casar com um agricultor. Com um dos 31 que existem, 25 deles holandeses, alemães ou franceses já entradotes e com uma metade cara de cabelo pintado de cor estranha ou mesmo tutti-frutti.

14 opiniões sobre “A Escola É A Mamã, O Papá, A Vóvó, O Vôvô, A Tia, O Tio, A Madrinha, O Padrinho, A Vizinha Amiga, O Vizinho Mais Ou Menos, A Namorada, O Namorado, As Primas Giraças, Os Primos Chatos, Mais Tudo e Todos De Que Abdicámos Na Idade Dos Zingarelhos

  1. Não há pachorra para a prosa da jovem! Muito saberá do que é a área da cidadania nos outros países, mas pouco (ou nada) sabe do que se faz por cá, ainda que, ao que parece, tenha andado nas nossas escolas, como sugere do alto da sua autoridade… Pena que tenha desaproveitado o que a escola lhe podia ter dado!…

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  2. Geração dos indigentes e ininputáveis. Pena que o Público dê palco a este vácuo intelectual.
    Será que quem manda no jornal ainda não percebeu que com este tipo de escrevinhadores vão caminhar para o encerramento da publicação?

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  3. O Público já há muito que gosta destes artigos “dão explicam!” ou “ninguém nos ensinou/disse que era assim!”. Há até um expoente que é a enfermeira Carmen, que até acho simpática, mas por vezes muito cansativa com isso. Mas é um sinal dos tempos. Perante os problemas normais de uma vida, do dia a dia e dos erros que se possam cometer, o que esta malta queria era que lhe tivessem dado o chouriço desses conhecimentos pois não pode errar ou descobri-lo por si. Actualmente vive-se uma desresponsabilização total culpando sempre o que está para trás. Do outro lado da bipolaridade há os que dizem que está tudo na Internet e que a escola já não precisa ensinar nada. Em que é que ficamos?

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  4. A Catarina Letria ficou tão traumatizada com as aulas de Ciências … fotossíntese e sismos, das quais se lembra(!) que no secundário escolheu História de que não recordações :))

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  5. Pois a jovem tem a idade da minha filha … mas a minha filha não tem estes problemas(!!!) ou interrogações. Sabe como trabalhar, votar, o casar … é irrelevante.
    Fez estágio no mestrado, estágio profissional e está numa empresa há 2 anos. Não fui eu ou a escola que lhe arranjou o estágio e ou trabalho ou a ensinou a trabalhar.
    Desde pequena que é “muito independente” nunca esteve à espera da escola para lhe ensinar muito do que hoje sabe e faz. Porquê? Teve uma vida … andou sempre na escola pública, sempre leu muito e lutou (e luta) por aquilo que quer.

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  6. Coitada!
    Ao contrário de outros comentadores, o que eu gosto mesmo é de ler disparates. Esta já não engana ninguém, é tola, fala do que não sabe.

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