Agora temos por aí uma cascata de “descobertas” acerca dos negócios de familiares de governantes com o Estado. Até há quem já vá atrás de coisas com mais de dez anos, quando me parece óbvio que ninguém – em teoria – poderá adivinhar que @ cara-metade ou @ filh@ vai acabar ministr@ ou secretári@ daí a uns tempos. Nem o pai do Dias Loureiro (lembram-se?) era capaz de prever isso.
O que poderia ser caso para estudo – olha-me a oportunidade de novo negócio para alguém no isczé ou na católica, se for para publicar no Observador – é a situação curiosa de tanta gente com negócios com o Estado conseguir colocar familiares na área executiva ou, de modo menos visível, na estrutura administrativa de apoio aos decisores políticos. Porque o inside knowledge nem sempre é maior nestes, em especial dos meandros técnicos de como concorrer e tal ou a que gabinete recorrer para a consultadoria em matéria das verbas que escorrem da Europa. O que seria interessante era mesmo estudar as linhagens que se estabelecem em torno deste tipo de negócios dependentes do Estado, mesmo depois de se dizer que se privatizou quase tudo.
Brincadeira, como é evidente, porque o que se privatizaram foram os negócios que antes eram assegurados por organismos do Estado e agora se contratualizam fora dele, com lucros não propriamente inesperados, muito pelo contrário. Lucros que não são para o Estado – que somo “todos nós” naquele peculiar linguajar de economistas ou pessoas que falam como se fossem, tipo gones ferreira ou o lourenço, sempre prontos para salvar a Nação com as suas ideias – mas para os “empreendedores privados” que, por pura coincidência, calham ser familiares próximos de decisores, pretéritos, presentes ou futuros.
Mas tudo é sempre legal, graças a pareceres, mais ou menos feitos à medida da encomenda, como se fosse na rua dos fanqueiros de antigamente.
Um estudo sobre estas endogamias, repito, não seria original, mas seria tanto mais interessante, quanto escapasse às generalidades e ao “isto também é assim lá fora”. Porque se os salgados e os rendeiros caíram dos poleiros, os ditos cujos ou outros parecidos não ficaram vazios.
Endo Gamelas (endogamelias)!
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