Dia: 19 de Outubro, 2022
Dias Aos Solavancos
Tanto se pode encontrar gente com bom senso em situações complicadas, como gente com pretensão a não sei quê a complicar coisas simples. Pode começar-se o dia com a necessidade de transmitir calma e alguma experiência a quem vê os seus serem ofendidos sem razão, como se ode ter-se uma tarde em que se resolve de forma simples algo que poderia ser difícil e ainda assistir-se a uma formação com ideias desempoeiradas sobre “inclusão” a sério, em prol das crianças e jovens. E ficar-se bem disposto até ser-se obrigado a ler inquirições despropositadas de quem tem uma ideia muito distante do que é o estabelecimento da confiança no trabalho em sala de aula e com um grupo-turma. A cada nova fornada há sempre quem traga imensas convicções, consolidadas em conversas de café. Ora… eu ando velho e mesmo impaciente para tais bicos de pés.
Isto é um suponhamos, claro… em especial aquela parte que já se percebeu qual é. Ou não.
Inconseguimentos
Até ao momento (mais de 50 fichas vistas, de um total que virá a rondar as 115, daquelas anacrónicas em papel e exigindo escrita manual com caneta), mais de metade da petizada coloca a Península Ibérica no norte ou noroeste da Europa, apesar da hipótese correcta estar escrita na página seguinte, em forma inquestionavelmente afirmativa. Afinal, sempre há quem nos considere os escandinavos de África.
Competência avaliada? A atenção, como é óbvio, que a espacialidade é coisa muito abstracta.
Um mapa é uma representação da Terra em forma esférica, plana ou 3D?
Ganhou bónus o único aluno (em 3 turmas que foram até agora obrigadas a cumprir este ritual rígido e antiquado) que começou a rir quando leu a questão. Alguns responderam em 3D.
Competência avaliada? Propensão para o absurdo.
Não, não pretendo fazer qualquer livro com colagem de inconseguimentos discentes.
4ª Feira
Querem ter uma imagem vagamente aproximada do clima que se vive entre ainda quase crianças e jovens nas escolas e fora delas: espreitem o que se passa nos grupos de whatsapp (ou equivalentes) onde estão, em especial as contas “duplas”, não oficiais, aquelas em que, como hoje me foi dito por petiz de 10 anos, são “para namorar” e garanto que o problema maior não é o “namoro” em si, mas o verdadeiro assédio moral e emocional que por lá anda em promoção. Aposto que se vão “assustar”. Eu não, que sei o estado do mundo e de alguns arredores. Apesar de “envelhecido” e claramente anacrónico, não optei pela realidade alternativa dos anjinhos domésticos de rousseau. E não me venham com as estórias do respeito pela privacidade porque, depois, é capaz de ser tarde. Não são tod@s? Claro que não, mas há @s suficientes para nos perturbarmos.