Poder Ajudar Alguém…

… com um esforço relativamente modesto e recusar, apesar de ser numa causa que sempre se disse defender, não me faz desacreditar na natureza humana, mas apenas confirmar as minhas piores expectativas em relação a quem acha que fazer umas passeatas e ficar em casa de vez em quando chega para marcar uma posição.

6 opiniões sobre “Poder Ajudar Alguém…

  1. “a quem acha que fazer umas passeatas e ficar em casa de vez em quando chega para marcar uma posição”
    Essa é a descrição de um sindicalista do topo da hierarquia.

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      1. Ui, os ativistas!… Muitos usam dizem-se ativistas como forma de, aos olhos dos outros, mostrarem como preenchida uma vida vazia e sem objetivos. O ativismo em governo de maioria de “esquerda”, como nos tempos que vivemos, tem de se ficar pela retórica.

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  2. Num blog aqui ao lado, o Rui Ferreira escreve o seguinte:
    A propósito da greve prevista para dia 2, passo a explanar as razões para os professores estarem descontentes.
    1. A entrada na carreira é feita com muitos sacrifícios, pois em geral o professor contratado passa vários anos fora do seu local de residência. Só que no meu tempo as colocações eram no interior do país, onde não havia problemas em arranjar habitação. Agora há falta de professores em zonas urbanas e no litoral algarvio, pelo que hoje em dia o pagamento de um local para ficar durante a semana ronda uma percentagem muito superior à taxa de esforço recomendada num crédito à habitação (a política de habitação não respondeu à procura e parte do investimento em habitação foi canalizado para habitações de luxo e alojamento local), além de se manter a residência de família. Por outro lado, não há garantia de se conseguir um horário completo, pelo que, há prejuízo em termos de ordenado, tempo de serviço e carreira contributiva, além do prejuízo familiar. Não é normal este problema não ter sido equacionado por vários governos, e quando há diretivas da UE que vão contra as práticas seguidas, são ignoradas.
    2. Depois ao entrarem na carreira, há dois obstáculos que dependem de pelo menos uma avaliação qualitativa de Muito Bom, a passagem ao 5º escalão e ao 7º escalão, com limitações de 25% das notas qualitativas de MB e Excelente. Portanto, mesmo sendo-se bom professor, entram em consideração as quotas e a política de acesso a estes 25%, que fazem com que os professores não tenham a possibilidade de mostrar divergências com as direções, mesmo em questões consignadas na lei. Ou seja, depois de entrarem na carreira só resta ao professor tornar-se num executante, deixando de ser também pensante, mas mesmo aqui defronta-se com critérios aberrantes como promover atividades internacionais! O outro problema da profissão e progressão na carreira reside no modelo de gestão centrado numa única pessoa sem contrapoderes, o que potencia as injustiças e o outro lado da moeda destas, as prepotências – veja-se o caso recente na margem sul com a esposa de um diretor. Uma carreira a desenvolver num ambiente autoritário não é atrativa para um cidadão que sabe que vai ser condicionado nas suas escolhas.
    3. Na remuneração, fomos penalizados em 6 anos de tempo não contabilizado nas progressões, que nos vai também prejudicar na carreira contributiva, além de que temos vindo a ver degradado o salário real devido à perda de poder de compra, consequência da inflação não ser acompanhada por uma subida nominal equivalente. Mais recentemente, neste mês, o governo promove uma valorização da carreira dos técnicos superiores, que não é acompanhada pelas carreiras especiais, como a dos professores!
    4. Com a moda do aluno (e respetivos pais) ser o cliente a satisfazer, tem havido uma degradação da disciplina na sala de aula, como sub-produto das políticas de aproveitamento a 100%, para se ficar bem nas estatísticas, pois alguns alunos estão na aula contra a sua vontade e não são penalizados se nada fizerem, logo estes alunos aproveitam o tempo para criar incidentes disciplinares, sendo ou não pressionados a fazerem as atividades previstas. Portanto, o professor é cada vez mais desrespeitado na sala de aula. Consequência deste quadro, há cada vez mais pessoas a desistir da profissão, situações de burnout e problemas psiquiátricos. Não faz sentido ser desrespeitado profissionalmente, logo há cada vez menos candidatos à profissão!
    Concluindo, aqui estão as razões de perda de interesse na carreira de professor e o problema crescente em conseguir preencher as necessidades de profissionais. São também situações, todas, sem exceção, que devem ser alteradas para haver dignidade na profissão e carreira.
    Rui Ferreira
    —————————————————————————————————————

    Não discordando do texto… creio que muita coisa ficou de fora e apenas se focou na ponta do icebergue. Importa desde logo destacar o CANCRO que alastra dentro das escolas: o modelo de gestão autocrático e ditatorial (não sei se o Rui Ferreira é Diretor, creio que sim, era bom saber a opinião dele sobre isto) que se vive em muitas escolas; a desigualdade gritante e chocante entre professores EFETIVOS, sendo que uns estão na CGA e outros na Segurança Social (mas já estiveram durante anos na CGA e foram EXPULSOS porque num determinado ano letivo, não tiveram colocação logo em setembro quando eram contratados… depois continuaram a trabalhar, entraram em QZP e em QND e mesmo assim nunca mais puderam voltar a ser integrados na CGA); as reduções do 79 transformadas em atividades na componente não letiva que muitas vezes são mais desgastantes do que dar aulas; o número de turmas por professor (aqui tb com gritantes desigualdades), o assassinato das ciências humanas e sociais no currículo, o nº de alunos por professor, a degradação absoluta e escandalosa dos serviços da ADSE; a falta de condições tecnológicas na sala de aula (internet, projetores, computadores, falta de verbas para aquisição de materiais, livros, etc.) e de apoio de outros profissionais (psicólogos clínicos, mediadores sociais, etc,) para se poder ser professor e apoiar verdadeiramente os alunos, sobretudo os mais necessitados; as pedagogias da treta (MAIAS e quejandos) que se impingem de alto a baixo por essas escolas fora e que fazem dos professores eternos “ratinhos numa roda”; a Escola feita feira de atividades, projetos, animações / vaidades, que transforma o ensino e o dar aulas numa quase raridade e algo totalmente obsoleto; a mudança na idade da reforma dos iniciais 36 anos de serviço para os atuais 66 anos de idade; a miragem para a maioria de nós em atingir o topo da carreira; enfim, podia estar aqui o resto do dia a dar razões adicionais para o descontentamento docente… mas não adianta… ninguém com poder formal quer realmente saber disto, a começar pelos sindicatos mainstream que temos… que marcam estas grevezinhas de polichinelo, e queimam e esvaziam as greves a doer sempre que elas lhes escapam das mãos e fogem ao seu controlo, nomeadamente quando são assumidas nas escolas por professores desalinhados e persistentes, que querem ir até ao fim, e os sindicatos aparecem a cortar-lhes as pernas, fechando acordos que não correspondem aos anseios da classe docente (com mais ou menos pizzas na mesa), ou então transferindo a luta para as calendas… portuguesas… leia-se… o tradicional “Dia do Professor”, sobretudo nos períodos menos geringonçados e que convém dar um bocadinho mais nas vistas e sair à rua!
    Ricardo Silva

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  3. É por isso que eu não me calo, não gosto de tentativas de branqueamento ou que escrevam e publiquem textos na blogosfera supostamente “iluminados” e “explicativos” mas que são muito seletivos e deixam de fora alguns “elefantes no meio da sala”. Sempre DETESTEI Diretores que discordam de muita coisa mas não são capazes de ser coerentes e entregar as chaves da sua escola na 5 de outubro, ou na 24 de julho, ou na AR, ou em Belém, e justifiquem essa tibieza cívica com o que ouvi da boca de um deles, há uns bons 11 anos atrás, numa reunião do SPGL com Diretores na Marquesa de Alorna (eu fui “infiltrado” como PCG, em representação da minha escola), quando o confrontei e lhe perguntei: se está tudo assim tão mau (e está!)… porque é que não te demites e denuncias publicamente os problemas? Ahhh e tal… “porque assumi um compromisso com a minha comunidade escolar quanto tomei posse” 🙂 De chorar a rir! Mais palavras para quê? Andam aí muitos assim… na verdade… quase todos!

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