O Segundo Martírio De Van Gogh

Não lhe chegava ter de lidar com a incompreensão dos idiotas do seu tempo? Os seus quadros têm de ser vítimas do activismo ambiental juveniloide do presente? Vão lá atirar sopa e tomates para a porta das grandes corporações, a ver se não levam logo umas bastonadas. Assim, nos museus, não passa de cobardia em busca de cobertura mediática.

Colorir A Realidade Com Números

O ministro Costa fez uma fortíssima investida mediática durante a semana, atirando números em todas as direcções, no sentido de intimidar quem ouse enfrentá-lo, nem que seja numa entrevista, de que se afastou quem o possa incomodar com alguma coisa menos previsível. Claro que no Parlamento, a torrente de estatísticas encontra pela frente um pessoal político medíocre em matéria de Educação, incapaz de desmontar um discurso feito de truques e malabarismos.

Vejamos um dos anúncios mais tonitruantes da semana: “o Ministério da Educação já colocou “mais de 26.000 professores em substituições”, mediante as dificuldades apresentadas pelas escolas desde o início do ano letivo.

Parece tarefa homérica, hercúlea, heróica, para nos ficarmos pela letra H,

Mas foram mesmo colocados 26.000 professores em substituições?

Embora não tenha um gabinete ou equipa para passar a pente fino as reservas de recrutamento e muito menos as ofertas de escola, basta olhar para aa realidade “desafiante” para perceber que aquele número contempla:

  • Colocações da mesma pessoa em horários incompletos diferentes, por exemplo, pela necessidade de os acumular para conseguir ter um salário por completo.
  • Colocações que foram recusadas e as vagas voltaram a ir a concurso, uma e outra vez.
  • Colocações dos mesmos docentes em diferentes horários, porque um deles era mesmo daqueles temporários de 30 dias e ao fim desse tempo já estava de novo na roda das substituições.

Ou seja, o ministro Costa considera o número total de “colocações” com se fosse de pessoas, tenham ou não as colocações sido aceites, sejam de apenas um mês ou mais prolongadas, sejam ou não da mesma pessoa em horários diferentes.

Espremendo, o número é muito menor e basta comprar com declarações anteriores do próprio ME, que referia em finais de Setembro que todas as semanas estão a chegar cerca de mil pedidos para substituir baixas médicas, precisou o governante”. O que dá cerca de 4000 por mês, pois temos dois meses de aulas. Mesmo arredondando os números para 10 semanas, teríamos 10.000 substituições”. Mesmo que acrescentemos umas centenas por mês por aposentações ou outras razões, o número real de substituições dificilmente terá chegado às 12.000 e isto sou eu a jogar às adivinhações, porque não sou investigador autorizado pelo ministro Costa a aceder aos dados oficiais do ministério. O que significa menos de metade do que ele anuncia, jogando com as palavras e os números.

Qual a sorte dele? Gente desmemoriada, mal informada, facilmente intimidável ou, no limite, meramente vetada a colocar-lhe questões. E não há nada mais triste do que ver um governante a manipular a informação e, ainda por cima, com medo que o desmascarem em directo e a cores.

O resultado: fake news com chancela oficial para mistificar a opinião pública e aquela publicada que engole tudo o que ajuda a provas os seus preconceitos.

Eu Sempre Soube!

Agradecendo a referência a uma partilha do Rui Falcão..

The value of owning more books than you can read

Or, how I learned to stop worrying and love my tsundoku.

I love books. If I go to the bookstore to check a price, I walk out with three books I probably didn’t know existed beforehand. I buy second-hand books by the bagful at the Friends of the Library sale, while explaining to my wife that it’s for a good cause. Even the smell of books grips me, that faint aroma of earthy vanilla that wafts up at you when you flip a page.

The problem is that my book-buying habit outpaces my ability to read them. This leads to FOMO and occasional pangs of guilt over the unread volumes spilling across my shelves. Sound familiar?

Sábado

O Supremo Tribunal de Justiça decidiu que “para obrigar pais com filhos abaixo dos 12 anos a trabalharem aos sábados e domingos, empregadores têm de conseguir provar que são trabalhadores insubstituíveis”, no que é uma medida que só peca por tardia e eventualmente aberta a algumas ambiguidades. Agora, seria interessante passarmos á regulação dos horários semanários, sejam dos trabalhadores “efectivos”, seja dos precários. Se esperarmos pelos decisores políticos, ficaremos na mesma, porque eles precisam de empregos flexíveis depois de saírem das secretarias e ministérios. Porque há esquerdas mais “liberais” na desregulação laboral do que algumas direitas conservadoras.