Direito De Veto

Estou envolvido em três recursos como árbitro d@s recorrentes. Num deles, tudo decorre normalmente, de modo afável, civilizado, entre colegas que se respeitam. Em outro, sei que sou árbitro porque há um mês a recorrente mo pediu; desde então, silêncio. Num terceiro caso, repetido do ano passado, a coisa arrasta-se entre a incompetência e a arrogância, a qual culminou naquele episódio a que aludi de a presidente do Colégio Arbitral apresentar uma decisão para ser votada, sem sequer reunir com os outros árbitros ou ter estabelecido qualquer contacto prévio. Respondi curto e grosso (até porque o conteúdo da proposta tem aspectos pouco adequados) e hoje exerci o direito de não abrir sequer a caixa de mail em que trato das coisas desse recurso (espalho as coisas por diferentes caixas de mail, para evitar confusões). Não me apetece ler mais disparates, mas pesporrência, mais ignorância ou simples abuso. Não quero já saber de quaisquer prazos ou procedimentos, quando há quem nada pareça aprender com a passagem dos anos sobre um processo de add que é mais ignóbil quando as pessoas se revelam falhas de carácter, vendidas aos jogos do amiguismo destinado a tramar quem ousa refilar. Há outros assuntos que ficarão por lá, à espera de resposta, mas esta é uma decisão de higiene pessoal, de defesa da minha sanidade e para adiar ao máximo a contaminação moral que será ler mais uma linha escrita por gente que me envergonho de ter como colegas de profissão.

Talvez ande repetitivo nesta forma de desabafo, mas há limites para a tolerância para a estupidez, mesmo quando está em causa a defesa de pessoas amigas. Há momentos em que a sobrevivência de algum sentido moral passa por se colocar a distância possível em relação ao que nos corrói com o mais breve e curto contacto. Que vão, há que afirmá-lo com toda a frontalidade, para o raio que @s parta.

Quanto Mais “Flexibilizamos” E Nos “Disponibilizamos”…

… menor é, em muitos casos, a qualidade do retorno.

Do que adianta estar a fornecer “matrizes” (está na moda serem pedidas pel@s ee) com temas e tipologias de questões, materiais de estudo adicionais em suporte digital, via sala virtual, fazer fichas de trabalho formativas, sem classificação formal, tudo de acordo com o livrinho das alegadas boas práticas (acreditem… fui mesmo eu a fazer tudo isso, sem ser obrigado… o que de qualquer modo não funcionaria), para depois dar de caras com o total desinteresse, falta de estudo, de empenho, de qualquer réstia de preocupação com seja o que for. Quanto maior a “oferta”, menor o respeito pelo esforço alheio e menor o esforço próprio para atingir um desempenho vagamente sofrível. Agora imaginem que nem gostavam das aulas, das quais garantem gostar.

O repetido discurso que inverteu o ónus da prova em relação ao sucesso escolar desaguou nisto e numa cultura de “eu tenho todos os direitos” (ou o talvez mais comum “@ minha/meu filh@ tem todos os direitos”) que quase se transforma em bullying sobre @s professor@s. E só coloco o “quase”, porque eu até me faço entender com alguma clareza pel@s alun@s e isso ainda serve de travão a muito disparate dos adultos, não apenas de fora para dentro da escola.

Aprendizagens perdidas? Não… o que se anda a perder é bem mais grave do que os conteúdos académicos.

A Curva Impossível

Quando será que os nossos “especialistas”, em cargos de decisão central ou local, conseguirão perder o seu “complexo do Cavaco”, acerca da dúvida e da necessidade de aceitar que as coisas são complicadas (por muito que falem no “pensamento complexo” do Morin, para parecer que sabem mesmo o que é).

Fonte: IFLScience

3ª Feira

Há dias assim, em que nos sentimos ainda mais desadequados do que o costume. Dias em que nem há a coragem ou a energia para aceder a uma formação online ao fim do dia, daquelas em que até se tem interesse. Porque ao longo do dia se leram coisas que desanimam e fazem crer que, realmente, o cerco à aldeia gaulesa de quem resiste vai avançando e avançando, entrando por territórios que antes seriam inesperados de ceder de forma tão fácil.

Claro que há sempre aquela categoria que desde o primeiro dia está do lado dos garrotes e disponível para executar sumariamente colegas em matéria de add, sem sequer ouvir o contraditório. Ontem, foi com uma inegável repulsa, que li uma “proposta de decisão” de uma criatura a quem encomendaram o papel de 3º árbitro num recurso, após boicote das sugestões anteriores, se necessário com recurso à mentira por parte de uma pcg, Proposta feita sem qualquer reunião prévia do Colégio Arbitral. em simultâneo, apercebo-me de forma clara que muitas direcções vivem na expectativa de lhes aumentarem os suplementos remuneratórios e não tanto de recusarem liminarmente o papel de patrões recrutadores dos futuros colegas. Muitas vezes com o argumento “antes nós do que outr@s”. Argumento que não me convence. e cada vez acho mais que estou a mais no meio disto, com aquela mania de recordar um passado não assim tão distante, pelos vistos de forma algo desagradável para quem não gosta que lhes recordemos invernos passados.

Resumindo… não estou como aquel@s que dizem que só temos o que merecemos, porque eu acho que não mereço, a sério que não. Mas estou numa de dizer que cada vez há mais gente a “amanhar-se”, a tratar da sua vidinha e, sempre que possível, a lixar quem não se reconhece como par. O que nos faz subir pela garganta um sabor desagradável, ao mesmo tempo que nos sentimos crescentemente nauseados.